segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

INESQUECÍVEL APRENDIZADO

Estava sendo guiado pelo Caboclo Sete Estrelas para alguma localidade no astral. Dissera-me ele que eu deveria aprender valorosas lições relacionadas aos psicoterapeutas do astral superior.
Entramos no que parecia ser o prédio principal daquela cidade. O Caboclo guiou-me com passos resolutos até uma sala com uma mesa redonda de mármore onde haviam nove pessoas sentadas ao redor e, pedindo licença a todos, disse àquele que se encontrava na posição central:
— Salve irmão Joaquim!!!
— Salve vossa força irmão Sete Estrelas!!! Então, este é o aprendiz de que você me falou?
— Exatamente!!!
— Obrigado por trazê-lo até aqui irmão e, se julgar melhor, sinta-se à vontade para continuar a desempenhar as vossas tarefas da noite e deixar o seu aprendiz sob os meus cuidados.
— Sendo assim, deixe-me ir para junto dos meus. Salve Deus!!!
— Salve!!!
O irmão Joaquim despediu-se dos irmãos que estavam a acompanhá-lo à mesa e retirou-se da sala levando-me junto. Já do lado de fora ele me disse:
— Tudo bem companheiro?
— Sim, irmão Joaquim!
— Está ansioso? Curioso?
— Olha, por incrível que pareça, desta vez eu estou calmo até demais!!!
— E você sabe o porquê disto?
— Não senhor!!!
— Então eu posso lhe dizer que foi solicitado a alguns amigos espirituais que lhe ministrassem passes energéticos assim que você se desprendesse parcialmente do corpo carnal através do sono físico.
— Mesmo?
— Certamente. Não duvide de que seu aprendizado esta noite será muito importante.
— Verdade?
— Sim. Esta noite você conhecerá um pouquinho do nosso trabalho: os psicoterapeutas espirituais.
— Psicoterapeutas? Então quer dizer que os senhores atuam como: psicólogos, psicanalistas e psiquiatras? É isso?
— Quase. Nós realizamos um trabalho parecido com o que estes profissionais fazem na terra. A diferença é que o nosso trabalho tem um alcance bem mais profundo no espírito dos assistidos, fazendo com que os resultados sejam mais sensíveis para eles.
— Mas, como?
—Você verá uma mínima parte do nosso trabalho com os seus próprios olhos: nesta noite terminarão os atendimentos com o Renato.
— Renato?
— Sim. Um antigo companheiro que caminhou conosco na carne há milhares de anos e que hoje se encontra encarnado.
— Mas, se ele está encarnado, por que não busca os serviços de um psicoterapeuta de vidas passadas lá na terra?
— O Renato, altruisticamente na atual encarnação, escolheu professar a fé protestante!!!
— Entendo.
— Agora vamos, porque ele já está nos aguardando em minha sala!
— O senhor me desculpe irmão Joaquim, mas será que minha presença não assustará o Renato?
— Não se preocupe, ele será incapaz de lhe ver!
— Entendi.
— Agora, o que lhe peço é que fique em permanente espírito de oração em beneficio deste nosso irmão, pois foi por isso que você também foi trazido até aqui esta noite.
— Sim senhor!
— Evite a curiosidade desenfreada na noite de hoje. Exerça-a apenas até o limite que não atrapalhe a irradiação de vossas vibrações positivas em favor do irmão Renato!
— Sim senhor!
— Então vamos!!!
E foi com esta recomendação que entrei na sala do irmão Joaquim. Renato sorriu satisfeito ao vê-lo e disse:
— Olá doutor Joaquim!!!
— Olá Renato, como tem andado?
— Olha, toda vez que eu me consulto com o senhor eu fico dias e mais dias sem sentir problema algum. Mas depois que se passam de duas a três semanas parece um tormento: as crises voltam dez vezes piores e, como você sabe, eu volto a sentir uma depressão tão profunda que chegaria a dizer que é infernal.
Meu Deus, eu pensei, que depressão tão séria seria essa? Mas imediatamente o doutor Joaquim respondeu-me mentalmente:
— Transtorno bipolar hipomaniaco depressivo, agora, por favor, continue a fazer vossas preces em favor do assistido!!!!!
Voltei a elevar os pensamentos e foi quando eu pude ouvi-lo dizer à Renato:
— Já são quase quarenta anos de sofrimento, mas não se preocupe por que hoje você será submetido a uma terapia maravilhosa!
— Verdade? Graças a Deus!!!
— Verdade! Está vendo aquela máquina à sua direita?
Devo confessar que nem uma máquina aquela estrutura parecia, de tão simples: era um tipo de divã onde existiam três fios conectores a serem acoplados na região do crânio e só!!! Percebi que Renato tivera a mesma percepção que eu, pois respondeu ao doutor Joaquim nestes termos:
— Qual máquina? Aquele divã com três pinos conectores?
— Exatamente!!!
— E o que esta máquina faz?
— Ela realiza uma varredura no cérebro do paciente e cura a área afetada.
— De que forma?
— Através de estimulação mnemônica.
— O senhor já usou esta máquina antes?
— Centenas de vezes.
— E porque o senhor nunca tentou esta terapia anteriormente comigo?
— Por que somente agora o seu cérebro esta maduro.
— Entendo.
— Vamos à terapia?
— Vamos doutor.
Renato deitou-se na máquina e fechou os olhos. Foi quando o doutor Joaquim aplicou um passe energético em sua fronte fazendo-o dormir imediatamente. Sorrindo com o resultado obtido o doutor Joaquim conectou dois pinos na região acima da orelha em cada lado do crânio de Renato; já o terceiro pino ele conectou em um fio que estava diretamente ligado a um tipo de monitor de 32 polegadas que estava fixado à parede do lado da máquina.
Entretanto, antes de ligar o monitor, o doutor Joaquim alertou-me:
— Respeite as lembranças do irmão que aparecerão em breve no monitor, não julgue e permaneça em espírito de oração!!!!!
— Sim senhor!!!
O doutor Joaquim, após a advertência, ligou o monitor e as imagens que nele se sucediam eram maravilhosamente espantosas:
Primeiramente apareceu o cérebro de Renato em posição transversal. Posteriormente eu vi que a região da memória, de fato, estava recebendo alguma espécie de estimulação e, então, a hipófise começou a brilhar como se fosse um pequeno sol dentro do cérebro dele. Instantes após a imagem do monitor fixou-se na hipófise e começou a ampliá-la até que tomasse todas as dimensões da tela. O doutor Joaquim proferiu algumas palavras estranhas e, então, uma série de imagens começou a surgir no monitor.
Não sei o porquê, mas quando apareceram às primeiras imagens eu sentia que Renato estava se vendo na longínqua Era Cristalina.
Seu nome era Silfar e ele era o mais brilhante cientista do Templo das Esmeraldas e, quiçá, de toda Era Cristalina.
Perdeu-se no sentido divino do conhecimento enquanto auxiliava outros colegas de profissão a encontrar o elixir da vida eterna.
Olvidou os cuidados com o Templo das Esmeraldas e foi assim que no dia do grande cataclismo ele viu este templo ser inundado e tragado pelas forças vigorosas do mar: centenas de milhares de vidas foram ceifadas também por imprudência dele.
Algumas outras encarnações de Renato eu vi passarem pela tela do monitor e não posso e nem devo comentar sobre nenhuma delas, a não ser o fato de que era um tipo de “corrida contra o tempo” para ele recuperar a paz na consciência através da prática da caridade.
Descobri, assim, que Renato era um espírito venturoso, pois na maioria das reencarnações ele fora bem sucedido em fazer o bem ao próximo; sendo que esta encarnação atual, inclusive, seria a última dele aqui em nosso planeta. Porém, a fim de sanar de vez toda sua culpa espírito-psicológica pretérita ele pedira para reencarnar com distúrbio bipolar hipomaniaco depressivo ( caracterizado pelo paciente não alternar períodos depressivos com períodos de uma euforia excessiva conhecida como mania: ele apresenta apenas a depressão ) e também para permanecer com este mal até a idade aproximada de 55 anos.
As imagens cessaram de passar no monitor e a imagem da hipófise voltou a tomá-lo como um todo.
Doutor Joaquim, antes de despertar Renato, disse a mim:
— O que você aprendeu com as visões no monitor?
— Aprendi?
— Sim! Você bem sabe que em toda tarefa existe um aprendizado, certo?
— Sim senhor!!!
— E então?
— Que em tudo, tudo e tudo em nossas vidas está operando a mão de Deus?
— E em que este fato implica?
— Que devemos sempre orar, vigiar e procurar fazer o bem esperando que o bem sempre venha nas nossas vidas em decorrência destas ações, entretanto...
— ... não se deve esperar que em nossas vidas surjam apenas flores, deve-se entender que nem só as flores são exemplos da misericórdia divina, pois os espinhos também nos ensinam muito sobre a misericórdia Dele.
— É verdade irmão Joaquim!!!
— Veja nosso companheiro Renato, por exemplo, ele deveria reencarnar mais duas vezes na Terra para que completasse o ciclo de suas provações; entretanto, sua ficha cármica facultou-lhe o direito de eliminar estas encarnações futuras, desde que nesta, ele viesse a desenvolver a humildade, a paciência e a tolerância através de sua convivência por cerca de quarenta anos com o distúrbio bipolar hipomaniaco depressivo.
— E ele está conseguindo cumprir sua missão?
— Perfeitamente. Não só pela convivência perfeitamente equilibrada com seu problema de saúde, mas também por ter escolhido nesta encarnação, de forma extremamente abnegada e altruísta, ser sacerdote de um templo protestante tão somente para dar uma última oportunidade ( pelo menos com ele encarnado ) de antigos companheiros seus conseguirem caminhar pelos caminhos retos da Lei Maior e da Justiça Divina.
— Verdade?
— Sim. O irmão Renato é sacerdote de um templo protestante por excelência, onde ensina ao seu rebanho que o mal não está na liturgia, teologia e rituais de outras religiões, mas dentro de cada um. Cada ser humano pode alcançar a Deus, pois Deus está dentro de cada um. É orando e vigiando a si mesmos que conseguirão evoluir em direção ao Pai Maior e não vigiando e agredindo, de tantas formas, irmãos por paternidade divina, mas praticante de outras denominações religiosas.
— Puxa, isto tudo é ótimo, mas será que o senhor poderia esclarecer uma duvida minha?
— Sim!
— É que eu pensava que o transtorno bipolar hipomaniaco depressivo era ocasionado pelos ataques de obsessores ferozes.
— Em sua quase totalidade sim, mas existem raras exceções, como o irmão Renato, capazes de programar as crises de depressão não por ataques de obsessores, mas por ativações programadas no cérebro perispiritual na área da memória no período pré-reencarnatório.
— Então quer dizer que no caso do transtorno bipolar hipomaniaco depressivo os obsessores atacam a memória do enfermo?
— Exatamente. Os obsessores atuam na memória inconsciente do espírito encarnado ( onde estão as memórias de encarnações pregressas que ele conscientemente não se recorda ) e fazem com que este se sinta fortemente depressivo por uma sensação de algo que ele não consegue explicar, mas que é a sensação de culpa inconsciente por erros do passado atiçada superlativamente por eles.
— Impressionante a explicação, mas será que o senhor poderia esclarecer pelo menos mais uma dúvida?
— Se eu lhe respondesse somente mais uma pergunta, ao invés destas duas que você pensa em me fazer, creio que você ficaria bastante frustrado ao término desta tarefa, correto?
Fiquei impressionado de como o doutor Joaquim conseguia ler minha alma de maneira tão clara e lhe respondi:
— Sim senhor, é verdade!!!
— Gostei da sinceridade e, como tenho permissão do alto, poderei esclarecer estas duas dúvidas onde me for possível.
— A primeira pergunta é: se Renato auto-programara o cérebro para sofrer desta forma de manifestação de distúrbio bipolar apenas até a idade aproximada que ele já possui ( 55 anos ) por que o senhor fez com que ele recordasse várias encarnações pretéritas na noite de hoje?
— Companheiro, ficou acertado antes de Renato reencarnar que ele ativaria o cérebro para desenvolver o distúrbio bipolar hipomaniaco e que nós, quando chegasse a hora, auxiliaríamos a desativar o problema na área da memória em seu cérebro para que ele voltasse a ter uma vida normal. Acontece que para isto ocorrer Renato deveria lembrar-se de erros de algumas encarnações pretéritas e de como trabalhou arduamente ao longo dos séculos para corrigi-los até a presente encarnação, verificando, por si só, que não é mais devedor da Lei Maior e da Justiça Divina e adquirindo a pureza da consciência.
— Entendo.
— Renato não lembrará de nada que recordou esta noite quando despertar, mas assim que abrir os olhos, por ter o “peso da sua consciência” aliviado, não sofrerá mais de transtorno bipolar hipomaniaco depressivo.
— Impressionate!!!!!
— Agora me diga qual é sua última pergunta?
— Enquanto as imagens passavam no monitor, mesmo não sendo minhas, eu sentia toda a verdade e realidade inerentes a elas, mas mesmo assim devo respeitosamente lhe perguntar: aquele templo cristalino, lindo existiu mesmo? Se existiu, onde está?
— Sim. Esta Era Cristalina, como você bem sente dentro de si próprio, de fato existiu. O Templo das Esmeraldas que você pôde ver no monitor, hoje em dia está espalhado nos fundos do oceano mais profundo da face da terra. Agora vá companheiro, pois muito já foi dito esta noite; só não esqueça e nem permita que esqueçam: a misericórdia divina não está somente nas rosas, mas também entre os espinhos!!!
— Jamais esquecerei o aprendizado desta noite, muitíssimo obrigado por tudo doutor Joaquim!!!
— Doutor???
— É! Não é assim que o Renato lhe chama?
— Perfeitamente, pois esta é a única forma que ele, enquanto protestante na atual encarnação, consegue me ver.
— Não entendi, por acaso o senhor quer dizer que pelo fato de eu ser umbandista eu não posso chamá-lo de doutor?
— Companheiro poder você pode, mas por que se você me conhece de outra forma?
Penso que foi ao verificar a acentuada expressão de estranheza presente em meu rosto que o doutor disse a mim:
— Zifio, de uma outra vez que suncê ver este nêgo véio num precisa tratar ele de doutor. Trate-me como suncê tá acostumado nos terreiros de umbanda, chama-me: Pai Joaquim.
Ainda fiquei olhando muitíssimo emocionado e impressionado para aquele ser que brilhava dourado na minha frente, já transfigurado na forma de um preto- velho. Chorava de soluçar, mas não conseguia lhe dizer nada, então foi ele, sorrindo, que se despediu de mim dizendo:
— Vá com Deus meu filho!!!! Salve Jesus!!!!
Acordei chorando na minha cama pensando até que estava enlouquecendo, pois eu não me lembrava de nada e não entendia porque chorava. Foi somente hoje, ao receber este texto, que pude recordar-me dos psicoterapeutas espirituais, do “Dr. Pai Joaquim” e do inesquecível aprendizado: “ A misericórdia divina não está somente nas rosas, mas também entre os espinhos”.





















terça-feira, 2 de dezembro de 2008

INFINITA MISERICÓRDIA DE DEUS




Certa vez um zifio entrou no terreiro
e, então, foi logo pedindo a este nêgo:
“ Nêgo véio, o senhor me dá um amor?”
e nêgo, sorrindo,respondeu que o real amor não vem de nêgo,
mas de Deus, nosso senhor!!!

e o filho tornou a dizer pra nêgo:
“Mas eu estou sofrendo muito,
por que o senhor não me ajuda?”
E nêgo explicou que só recebe o amor
àqueles a quem o merecimento faculta.

Então o zifio respondeu que era uma boa pessoa,
que nunca fizera o mal a ninguém
e que não entendia o fato dele não ser merecedor;
e este nêgo, mesmo sem jeito, respondeu pro fio
que o amor só se recebe fazendo o bem:
pois só aquele que dá pode receber também.

E o zifio disse pra nêgo:
“Mas o senhor está falando de religião,
está falando de fazer a caridade,
por que ela nos leva a luz;
já eu falo do amor entre duas pessoas,
àquele que alegra o coração e que se divide à dois”.

Zifio, suncê é que ainda não entendeu nêgo,
pois nóis tamos falando da mesma coisa:
Pra alguns zifios que têm certos Karmas,
só mesmo fazendo a caridade para se merecer uma esposa.

“Pai velho perdoe-me, mas preciso perguntar-lhe algo:
o senhor diz estas coisas para que eu coloque o branco?
o senhor deseja que eu entre na corrente do terreiro?”
Zifio o branco não se veste, ele se conquista a cada dia;
Ele não é só uma cor, mas luz que ilumina a vida!!!

“Como assim Pai velho? Não entendi o que quer dizer!
Por acaso o senhor diz que eu não posso entrar no terreiro?”
Não zifio. Nêgo diz que branco é caridade;
É a luz da vida e do amor verdadeiro:
branco é reforma intima, é amar por inteiro!

Amar intensamente o parceiro, zifio
é ter um pouco de amor,
pois o amor pleno e incondicional,
só pode vir de Deus, nosso senhor!

Se suncê quiser botar o branco,
nêgo libera, não se acanhe e fique a vontade,
mas jamais o faça por interesses ligeiros,
junto com o branco zifio, vista a humildade.

“Pôxa Pai velho, que coisa!
O senhor quer dizer que não sou humilde?”
Longe de nêgo véio zifio!
Nêgo só explica que todo amor vem de Deus
e que Ele, como ensinou Jesus, é simples!!!

Ponha o branco se desejar,
entre pro terreiro se quiser,
mas não pra arranjar rabo-de-saia e casar:
apenas por que evoluir você quer!

Por o branco, necessariamente, não permite
que um filho de fé alcance tudo o que almeja,
pois a justa e sábia Lei do Karma
só o permite receber aquilo que realmente mereça.

E como só a caridade pode atenuar esta lei sagrada,
por meio da Lei Maior e da Justiça Divina,
é que nêgo pede que suncê ponha o branco na alma
e que não tenha pressa de encontrar o “amor da sua vida”.

Até porque o amor pleno não está na carne,
visto que nenhum ser humano comporta totalmente esta essência divina;
então, procurai primeiro o reino de Deus
para que as demais coisas possam vir a entrar na sua vida.

Neste dia, depois de escutar nêgo véio, esse zifio chorou,
mas teve fé e vestiu o branco verdadeiro:
àquele branco que se deve usar no dia-a-dia
e não somente em dia de gira no terreiro!!!

Esse zifio tá casado há quinze anos
e faz trinta anos que esta história aconteceu.
Agora suncê que tá lendo essas letras, por caridade, responda pra nêgo:
é ou não é muito linda, a infinita misericórdia de Deus?

Mensagem de um amigo espiritual recebida em 25/11/2208

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A semente

Refletiam no mar os primeiros raios de sol daquela manhã enquanto ele estava em um barco no alto-mar.
Na sabia como havia parado ali, só sabia que ali estava.
Era um homem de trinta e sete anos e líder religioso de sua tribo que apesar dos momentos conflituosos em sua vida, naquele momento encontrava-se inundado por uma estranha paz.
Estava olhando o azul do céu quando um doce canto chamou sua atenção para uns cem metros à frente de onde se encontrava: era uma linda moça que se locomovia em sua direção.
Quando chegou rente ao barco dele ela lhe perguntou:
— Posso entrar Chivu?
— Sim senhora, senhora sereia das águas do mar!
— Chama-me Jandaiá.
E, dizendo isto, entrou no barco para continuar o diálogo:
— Como está você Chivu?
— Até ontem estava bastante pesaroso e preocupado, mas vendo hoje o nascer deste dia tão lindo, em volta deste espaço sagrado e contando com sua companhia é como se não existissem problemas e eu vivesse em estado de felicidade imensa e sem fim.
— Mas não existem problemas Chivu!!!
— Não?
— Não. Tudo depende da forma como se encara a vida!
— Como assim?
— Você é o líder religioso de uma tribo que vive há poucos quilômetros daqui, não é verdade?
— Sim senhora!
— Você exerce este ministério há quase um ano, certo?
— Sim senhora!
— E, desde quando recebeu sua ordenação, você foi orientado espiritualmente a retirar sua tribo do local em que viviam e encaminha-los para cá; um local bem distante de sua antiga morada, certo?
— Sim senhora!
— Só que aqui, em sua nova morada, a sua tribo não vem lhe dando um minuto de sossego, por que neste mar não existem peixes, não é verdade?
— Sim senhora! Eles julgam que minha pouca experiência no cargo deve ter feito com que eu interpretasse equivocadamente a determinação que recebi do chefe ancestral de meu povo.
— Você se lembra quando o chefe ancestral de seu povo ordenou que você me seguisse até o ponto onde deveriam fixar nova morada?
— Lembro! A senhora veio até aqui e é por isto que nós aqui estamos vivendo há três meses: em um local onde muito se planta e pouco se colhe.
— E, evocando o conselho tribal, alguns membros de sua tribo querem destituí-lo do cargo e ir para uma nova morada, certo?
— Certo! Só que isto não está correto! Nosso povo sempre seguiu os oráculos preditos, por que mudar agora?
— O chefe ancestral de seu povo ordenou-me que lhe entregasse uma semente.
— Semente? Uma? Mas, e os peixes?
— Plantarei esta semente em teu espírito hoje e amanhã, quando você despertar, irradiará a luz desta semente no meio do seu povo.
— A senhora me desculpe a insistência, mas só uma semente? E os peixes?
— Não se preocupe com os peixes, pois esta semente, dependendo de como você irradiará a sua luz, trará muitos peixes para cá.
E, proferindo estas palavras, Jandaiá encostou sua destra no tórax de Chivu que ficou todo iluminado de uma coloração azul-branqueada; então ela retirou sua mão e a coloração recolheu-se para dentro do tórax de Chivu e foi quando ele a perguntou:
— Por que a senhora não pôde socorrer-me antes, por que tivemos de passar por tantas luas de infelicidade?
— Chivu, não lhe disse que a infelicidade depende da forma como se encara a vida?
— Disse sim senhora! Mas não consigo entender!
— Se seu povo estivesse em uma terra onde nela houvesse um terrível tremor que destruísse a quase tudo e todos ao redor, você estaria feliz?
— Não senhora, seria a pior tragédia na história de meu povo!!!
— Aqui onde seu povo está não há muito que comer, mas se sobrevive correto?
— Sim senhora!
— Então, por que você diz que está infeliz? Infelicidade, de verdade, não seria perder os que lhe são caros?
— Certamente, mas aqui nunca houve tremor de terra!
— Mas amanhã ela estremecerá!!!
— Pai sagrado, a senhora é um ser de luz!!! Por que encaminhou nosso povo até aqui? Para morrermos?
— Você não me entendeu Chivu: morrer vocês iriam se continuassem vivendo em sua antiga morada, pois lá será o foco deste grande tremor de terra.
— Divino Criador! Então a senhora salvou nossas vidas! Por isto que fomos guiados até aqui?
— Principalmente, mas não só por isto! Você, como líder espiritual de seu povo, foi guiado até aqui também para ser testado em suas crenças, em seus oráculos, em sua missão.
— E eu fui aprovado?
— Com louvor e a semente que recebeste em teu espírito é prova disto. Mas agora é necessário que eu retorne para o reino de minha senhora!
— Antes, a senhora poderia dizer que semente foi esta que plantou em mim?
— Adeus irmão! Entenda que a resposta está em seu coração!!!
Chivu olhou para o seu tórax e nada viu. Balançou a cabeça sem nada entender e foi assim que despertou do sono físico em cima de uma rede.
Chivu não conseguia entender o porquê, mas o seu sentido de crer estava infinitamente ampliado quando acordou naquela manhã.
Ele, então, conclamou a toda sua tribo que tomassem os seus barcos e com ele remassem mar adentro, esclarecendo que somente as grávidas e mães com crianças de colo é que deveriam permanecer em terra firme.
Quando os barcos tomaram a precisa distância da terra firme Chivu determinou que todos eles formassem, com uma corda ligando uns aos outros, uma circunferência da forma mais precisa possível.
De inicio a tribo liderada espiritualmente por Chivu demonstrara desconfiança, mas o crer de Chivu naquela manhã estava tão irradiante que logo todos seguiam as ordens dele na maior prestimosidade.
Chivu explicou a todos que eles entoariam cânticos solicitando que o Divino Criador e a senhora das águas do mar abençoassem àquelas águas com fartura de peixes.
Assim foi feito e algum tempo depois, ali mesmo onde eles estavam orando de olhos fechados, eles sentiram um demorado tremor como se a terra longinquamente houvesse se agitado.
Momentos após, seguindo determinação de Chivu, todos os barcos voltaram para terra firme e ele, estranhamente, conseguia ver de forma clara no semblante de cada membro de sua tribo a presença de uma crença revigorante de que aquele procedimento religioso faria com que os peixes realmente aparecessem.
Cinco horas depois, por determinação de Chivu, pescadores de sua tribo foram ao mar com a certeza tão grande de pescaria farta que levaram todas as redes consigo.
Todos os barcos retornaram repletos de peixes e isto não aconteceu só aquele dia, mas em todos os outros que esta tribo viveu naquela localidade.
Sete dias depois Chivu estava novamente em espírito dentro de um barco em alto-mar só que, desta vez, em seu sonho, era noite: Chivu olhava para as estrelas e para a lua sem entender claramente o que fazia ali.
Minutos haviam se passado quando ele recordou-se do encontro anterior com Jandaiá; lembrou-se também quando ela lhe disse que a resposta do nome da semente plantada nele por ela estava em seu coração.Instantaneamente, então, ele olhou para o seu tórax nu e nele viu escrito com uma tênue luz de cor azul-clara e que pulsava pausadamente a palavra fé e, neste instante, de incomensurável alegria Chivu chorou: fora abençoado pela Senhora do mar, por meio de Jandaiá, a ser um espírito humano gerador da fé!!!

Mensagem recebida em 28/10/2008


terça-feira, 7 de outubro de 2008

A luz de Oxalá



Estava eu sendo atraído através da volitação para a beira do mar quando, de repente, fui “aterrisado” na orla marítima.
À minha frente havia dezenas de pessoas com roupas do dia-a-dia e outras, em quantidade maior, vestidas com roupas brancas .
Devo confessar que esta cena chamou profundamente a minha atenção e que, justamente por este fato, eu procurei me aproximar das pessoas em questão; no entanto, antes de dar o meu primeiro passo, uma voz em minha mente, que eu já reconhecia como pertencente ao Senhor Sete Estrelas, resolveu passar algumas determinações:
— Saravá, companheiro.
— Salve vossa força Senhor Caboclo.
— Hoje você está aqui nesta noite para observar situações onde, como já lhe disse certa vez, falar é prata e calar-se é ouro. Procure então não fazer muitas perguntas e ater-se em observar tudo àquilo que lhe for possível e útil para sua evolução.
— Sim senhor!
— Então comece já a fazer suas observações por que às quatro horas da manhã, ou seja, daqui a exatas duas horas, todo este trabalho deverá estar chegando ao fim.
— Sim senhor, mas é que antes eu gostaria de fazer-lhe algumas perguntas.
— Ocorre que, como acabei de lhe dizer, se lhe respondesse sua pergunta agora estaria dando prata para sua evolução e não ouro é isso que você deseja?
— Não senhor.
— Não se preocupe que no término de sua tarefa esta noite, se você possuir alguma dúvida eu, de acordo com minhas possibilidades e com seu merecimento, procurarei esclarece-la. Tudo bem?
— Sim senhor!
— Então vá e dê início à sua tarefa.
Assim, lá fui eu fazer minhas observações e devo ressaltar que o fato que mais me chamou a atenção foi a percepção de que todas as pessoas vestidas de branco encontravam-se de costas para o mar e eqüidistantes umas das outras por aproximadamente 1,5 metros, já as pessoas trajando roupas do dia-a-dia estavam, cada uma delas, na frente de uma pessoa vestindo branco e também eqüidistantes entre si pela mesma distância. Na realidade eram tantas pessoas que, olhando dali onde eu estava a sensação era de que o perfilamento destas pessoas era infinito.
Não sei o motivo, mas tive a impressão de que as pessoas vestidas de branco eram espíritos de médiuns encarnados que estavam ali presentes à beira mar para fazer a caridade junto às pessoas que trajavam roupas do dia-a-dia.
Após esta minha conclusão, procurei me aproximar da pessoa vestida de branco ( pertencente ao sexo masculino ) que se encontrava mais perto de mim por notar que, pela movimentação que estava acontecendo, os atendimentos já estavam próximos de se iniciarem.
Digo isto pelo fato da pessoa vestida de branco que dentre eles aparentava ser a de maior idade ter tomado quase uma dezena de passos para trás, levantado a mão e solicitado atenção como se fosse fazer algum tipo de pronunciamento.
Ao perceber que isto realmente aconteceria, eu procurei voltar toda a minha concentração para a pessoa que pedira atenção e, desta forma, pude escutá-la dizer mentalmente:
“ Amados irmãos falangeiros do Divino Pai Oxalá, estamos aqui neste fim de noite com a permissão do Divino Pai Olorum, com o intuito de estarmos tentando promover, na vida de todos estes líderes religiosos aqui presentes e dessas pessoas ligadas diretamente a eles em suas divinas tarefas de propagarem a fé, a transmutação de conceitos errôneos em idéias divinas que os ajudem a superar as dificuldades que encontram em seus templos para que, assim, eles possam cada dia mais serem verdadeiros pastores a guiarem seus rebanhos.
Peço a todos muito carinho e determinação nesta tarefa que nos foi concedida pela Sabedoria Divina.
Que Deus abençoe a todos nós!!!”
Ao escutar o homem de branco terminar a sua prédica eu me encontrava com mais dúvidas que respostas. Sim porque se ele chamou a todos os seus companheiros de branco de falangeiros de Oxalá e isto só poderia significar que eles não eram médiuns encarnados, mas sim entidades espirituais atuantes na falange de Pai Oxalá, mas que entidades seriam estas? Caboclos?
Lembrei-me então do conselho do Senhor Caboclo Sete Estrelas e procurei guardar a “prataria” das minhas dúvidas e correr atrás de minhas “douradas” observações. Continuei a aproximar-me, assim, da entidade que estava mais próxima a mim e procurei ouvir seu diálogo.
— Salve Jesus, filho. O que lhe trouxe até aqui nesta noite?
— Antes, eu poderia saber o seu nome?
— Joaquim.
— Olhe Joaquim eu estou aqui esta noite pelo fato de ter inaugurado um templo protestante há sete meses e, até agora, ter poucos freqüentadores e poucos fiéis. Para resumir, eu posso lhe dizer que abri este templo por orientação Divina e não entendo o porquê desta situação estar ocorrendo no templo. Estou a ponto de encerrar as atividades.
— Entendo.
— O que você poderia fazer para aumentar o número de fiéis?
— Pouca coisa.
— ???
— Responda meu amigo, quantas pessoas você acha que escutavam as pregações de Jesus logo assim que ele iniciou este ministério?
— Não sei dizer.
— Pois eu lhe digo que o número de pessoas era infinitamente menor do que quando ele fez o afamado e divino Sermão da montanha.
— Verdade?
— Certamente. Sabe por quê?
— Não.
— Por que Deus é sábio e nada na natureza acontece aos saltos. Jesus iniciou suas pregações falando a poucos e somente quando sua fama se espalhou, e por que lhe era chegada à hora, foi que aumentaram o número de ouvintes de suas pregações.
— Entendo.
— Entretanto, sua fama não correu boca a boca porque ele possuía intenções de ter uma multidão de ouvintes, mas sim porque ele amava tanto a Deus e a sua criação que desejava que tantos quantos estivessem a sua volta pudessem beber da fonte da água viva deste seu amor. Era tanto o amor irradiado por Jesus que até mesmo quando ele falava de coisas grandiosas como montanhas ou sobre coisas pequeninas como grãos de areia os seus ouvintes podiam facilmente sentir este amor e procuravam segui-lo e acompanha-lo onde quer que ele estivesse para que, assim como ele, pudessem ser inundados por este amor às coisas de Deus e congregar-se em torno da fé. Entende?
— Sim.
— A ajuda que posso lhe ofertar não é prometer-lhe o aumento do número de freqüentadores de sua instituição religiosa, mas sim transmutar esta sua crença num grande número de fiéis pelo aumento do seu sentimento de fé no Divino Criador, pois quanto mais fé você possuir, maior será a quantidade de pessoas que procurarão encontrar-se ao seu redor, não porque seu templo é aconchegante ou luxuoso, mas pelo motivo que toda pessoa deve procurar uma instituição religiosa: alimentar o divino sentimento de fé. Entenda que só quem tem, possui verdadeiras condições de doar. Você deseja este auxílio no sentido divino da fé?
— Sim.
— Então se concentre companheiro.
E, dizendo isto, a entidade fechou os olhos e esticou os seus dois braços à frente, ficando com as palmas das mãos voltadas em direção ao consulente. Neste exato instante eu pude observar uma cruz de cor dourada brilhar na fronte da entidade, assim como também pude ver, simultaneamente, uma intensa claridade na coloração branca sair de seu peito e fluir pelos braços até concentrar-se nas palmas das mãos; e foi neste momento que a entidade as depositou na cabeça do consulente e este, após breves instantes, começou a estremecer todo o seu corpo e soltou um profundo suspiro para, logo após, sumir de minhas vistas.
Eu, então, ainda meio tonto com o que acabara de presenciar e procurando calar as minhas dúvidas, andei um metro e meio a minha frente com o intuito de observar o diálogo de uma outra entidade com um outro líder religioso e, assim, aprender um pouco mais sobre esta linda tarefa de praticar a caridade. O dialogo estava prestes a se iniciar:
— Salve Jesus, filho.
— Salve.
— Meu irmão, você não precisa dizer nada. O que mais o está afligindo há mais de três semanas e esta dor na coluna que nenhum médico da terra consegue sanar, não é verdade?
— É.
— E com este problema você não tem conseguido chefiar os trabalhos na instituição religiosa onde você é sacerdote, correto?
— Sim.
— Você não tem conseguido nem mesmo dormir direito, certo?
— Certo.
— Olhe irmão, esta dor na coluna é fruto de uma ativação negativa que fizeram contra você. Daqui onde estamos não posso resolver o seu problema, entretanto posso energizá-lo e fazer com que esta dor desapareça por sete horas, está entendendo?
— Sim.
— Nessa energização que eu farei contigo, além do alívio da dor, eu também estarei banhando o seu cérebro com a energia ordenadora a fim de que você, ao despertar, possa, enfim, escutar os conselhos de sua vizinha, transmutar seus conceitos equivocados relacionados a fé e procurar a instituição religiosa que é freqüentada por ela. É lá que eu vou poder, de fato, auxiliar meus companheiros a desmanchar este feitiço. Aceita meu auxílio?
— Certamente.
— Então se concentre.
E, dizendo isto, esta entidade, assim como a anterior, fechou os olhos e esticou os seus dois braços à frente, ficando com as palmas das mãos voltadas em direção ao consulente. Neste instante eu também pude observar uma cruz de cor dourada brilhar na fronte da entidade, assim como também pude ver, simultaneamente, uma intensa claridade iluminar todo o seu peito, a diferença é que desta vez, ao invés de branca, a coloração que saia do peito da entidade e fluía pelos seus braços até concentrar-se nas palmas de suas mãos era azul escuro; e foi precisamente quando suas mãos estavam iluminadas com esta cor que a entidade as depositou na cabeça do consulente e este, após breves instantes, começou a estremecer todo o seu corpo e soltou um profundo suspiro para, logo após, sumir de minhas vistas.
Eu, então, andei mais um metro e meio a minha frente e pude presenciar um novo dialogo com novos personagens:
— Salve Jesus filho. Em que eu poderia auxiliá-lo?
A entidade fizera a pergunta, mas não obtivera a resposta: é que o consulente estava profundamente calado e com os olhos voltados para baixo. A entidade espiritual, assim, buscou retomar o diálogo.
— Não precisa se preocupar companheiro, o seu tormento está acabado.
Neste exato instante o consulente levantou a cabeça e, olhando a entidade diretamente nos olhos, resolveu responder alguma coisa:
— Você diz isto por que não sabe pela dificuldade que estou passando!
— A qual dificuldade você se refere, ao flertes sensuais constantes que você vem sofrendo por parte da melhor amiga de sua esposa?
— Então você sabe.
— Sei disso e também que já há muito tempo você vem pedindo a Deus que traga alguma benção na sua vida e lhe resolva este problema, certo?
— Certo.
— Na verdade, meu irmão, você pode até não estar, e eu entendo, mas eu estou imensamente feliz com a ocorrência de toda esta situação.
— Por quê?
— Por dois motivos: o primeiro é que apesar desta situação acontecer por quase um ano e da extrema beleza e formosura da melhor amiga de sua esposa você, devido a sua imensa fé em Deus, conseguiu resistir à tentação integralmente.
— E o segundo motivo?
— O segundo motivo me dá tanta alegria quanto o primeiro, ou seja, você resistindo à tentação, conseguiu vencer a sua provação e adquiriu mais créditos junto ao Divino Criador.
— Verdade?
— Certamente. Daqui a uma semana vai fazer um ano que começou este assédio, certo?
— Correto.
— Então, este era o tempo exato de sua provação. Daqui a exatos sete dias a melhor amiga de sua esposa receberá o convite para ser sacerdote de uma nova congregação e irá aceitar o convite, acabando, assim, com este tormento.
— Graças a Deus.
— Louvado seja Deus, bendita seja a hora em que Jesus nasceu.
— Muito obrigado.
— Eu é que lhe agradeço.
— Mas por quê?
— Pela oportunidade de estar praticando o amor fraterno e incondicional, entretanto...
— ... o que foi?
— Ainda faltam sete dias para terminar sua provação. Você me permite estar realizando uma tarefa afim de que sejam geradas novas forças e determinações em seu nobre propósito de resistir às tentações?
— Com certeza.
— Então se concentre.
E, dizendo isto, esta entidade, assim como a anterior, também fechou os olhos e esticou os seus dois braços à frente, ficando com as palmas das mãos voltadas em direção ao consulente. Neste instante eu também pude ver uma cruz “acender” na fronte da entidade, assim como também pude ver, simultaneamente, uma intensa claridade iluminar todo o seu peito, a diferença é que desta vez a coloração que saia de seu peito e fluía pelos braços até concentrar-se nas palmas das mãos era azul claro; e foi no exato momento que suas mãos se iluminaram com esta cor que a entidade as depositou na cabeça do consulente e este, após breves instantes, começou a estremecer todo o seu corpo e soltou um profundo suspiro para, logo após, sumir de minhas vistas.
Andei, assim, mais um metro e meio com o objetivo de presenciar mais um diálogo com outros personagens.
— Salve Jesus filho. Em que eu poderia auxiliá-lo?
— Eu sou uma das pessoas mais ligadas ao sacerdote da instituição religiosa que freqüento.
— Compreendo.
— Acontece que o sacerdote está com uma idade muito avançada e repleto de problemas de saúde. Assim como eu existem três outras pessoas que também são intimamente ligadas ao sacerdote.
— Entendo.
— Acontece que estas pessoas estão armando intrigas e mais intrigas e disputando ferozmente entre si a preferência do sacerdote na sucessão da chefia nos trabalhos da casa . Isto está gerando muita desarmonia interna no grupo.
— Meu irmão, eu lhe digo que antes do que você pensa o atual sacerdote de seu templo nomeará naturalmente o seu sucessor no comando dos trabalhos da casa.
— Verdade?
— Digo mais: esta decisão do seu sacerdote fará com que estas três pessoas que, assim como você, são mais próximas dele se afastem do templo por livre e espontânea vontade e por tempo indeterminado.
— Mas elas são importantes!
— Não. Importantes, de verdade, são a fé, o amor e a humildade! Estes sentimentos e virtudes quase que bastam, por si só, para outorgar moralmente a uma pessoa a chefia dos trabalhos de um templo religioso.
— Mas se eles três vão embora quem será o novo sacerdote?
— Você não faz idéia?
— Sinceramente que não.
— E se eu lhe disser que ele se encontra a minha frente?
— Eu?
— Sim. Você recebeu este chamado antes de reencarnar e Deus, que sabe a hora certa de todas as coisas, está a lhe dizer que este é o seu momento.
— Na verdade, inconscientemente, eu sempre senti isto dentro de mim, mas é muita responsabilidade.
— Mas você bem que aprendeu na instituição religiosa que freqüenta o fato de que “quando o trabalhador está pronto o trabalho sempre aparece”, não é verdade?
— Sim. Você tem razão.
— A partir de hoje, sempre que possível você estará a receber a imantação do Divino sentido da justiça afim de que possa sempre exercer, com equilíbrio, todas as tarefas que lhe aguardam nesta sua nova jornada. Deseja esta imantação?
— De todo o meu coração!
— Então, se concentre!
E, dizendo isto, a entidade fechou os olhos e esticou os seus dois braços à frente, ficando com as palmas das mãos voltadas em direção ao consulente. Neste instante eu vi uma cruz brilhar na fronte da entidade, assim como também vi, simultaneamente, uma intensa claridade na cor marrom iluminar todo o seu peito e fluir pelos braços até concentrar-se nas palmas das mãos; e foi no exato momento que suas mãos se iluminaram com esta cor que a entidade as depositou na cabeça do consulente e este, após breves instantes, começou a estremecer todo o seu corpo e soltou um profundo suspiro para, logo após, sumir de minhas vistas.
Andei, assim, sem pestanejar e cheio de curiosidade mais um metro e meio a frente com o intuito claro de presenciar mais um diálogo com outros personagens.
— Salve Jesus, filho. O que lhe trouxe até aqui nesta noite?
— A insegurança.
— Você está com medo de que uma casa de caridade de onde você é membro e que funciona há mais de trinta anos venha a fechar as portas, correto?
— Sim. É que o terreno onde foi construída esta casa de caridade pertence a uma única pessoa que é, diga-se de passagem, um dos fundadores da casa.
— E agora ele está querendo tomar o terreno de volta e pedindo que vocês venham a fazer a caridade em um novo local, não é isso?
— Sim.
— E isto tudo está acontecendo por que ele é o único dentre os fundadores da casa que deseja que ela tome novos rumos no contato com o mundo espiritual: endereçar mais esforços para o cientificismo e o experimentalismo e diminuir consideravelmente os valores voltados ao assistencialismo, correto?
— Sim.
— Então não se sinta inseguro. O proprietário do imóvel vai conseguir o que quer.
— Mas....
— ...entretanto, a caridade e o desejo de ajudar o próximo não está dentro do imóvel, apenas entre quatro paredes e sob um teto, certo?
— Entendo o que quer dizer.
— A caridade tem que estar dentro dos corações e mentes e, se assim for, pouco importa o local aonde se vai exteriorizá-la para o plano físico a favor do próximo. Na realidade, eu entendo a preocupação de vocês, mas a ajuda que eu posso e devo lhe ofertar é no sentido de estar transmutando as dúvidas sobre onde praticar a caridade no futuro em certeza de que a caridade pode e deve ser praticada em qualquer lugar sem que se preocupe com templos de pedras, tendo em vista que cada ser humano é, de fato, um templo vivo de Deus. Entende?
— Perfeitamente.
— Posso ajudá-lo também no sentido de estar agregando cada vez mais o Divino sentido do amor em sua vida, afim de que possa se estabilizar emocionalmente e adquirir condições ideais de continuar em sua jornada em prol da caridade. Você deseja esta ajuda?
— Sem dúvidas.
— Então, se concentre!
E, dizendo isto, a entidade fechou os olhos e esticou os seus dois braços à frente, ficando com as palmas das mãos voltadas em direção ao consulente. Neste instante eu vi uma cruz dourada acender na fronte da entidade, assim como também vi, simultaneamente, uma intensa claridade rósea iluminar todo o seu peito e fluir pelos braços até concentrar-se nas palmas das mãos; e foi no exato momento que suas mãos se iluminaram com esta cor que a entidade as depositou na cabeça do consulente e este, após breves instantes, começou a estremecer todo o seu corpo e soltou um profundo suspiro para, logo após, sumir de minhas vistas.
Com a intenção de aprender um pouco mais sobre as coisas de Deus foi que eu caminhei mais um metro e meio a minha frente.
— Salve Jesus filho. Como eu poderia ajudá-lo?
— É o grupo de estudos do templo que freqüento.
— Você é o responsável por ministrar estes estudos, não é verdade?
— Sim, mas é que eu já não sei mais o que fazer para aprimorar e facilitar os estudos a fim de que os irmãos do templo possam captá-los com maior facilidade.
— Você se encontra desanimado em procurar conhecimentos complementares e utilizar novas didáticas em sua tarefa de expandir o conhecimento, certo?
— Verdade, é isso mesmo. Você poderia me ajudar?
— Filho, vamos por partes. Na verdade o seu desânimo é fruto de uma confusão que existe em sua mente a respeito da verdadeira função de uma casa de caridade.
— Confusão mental?
— Exatamente. Você pensa que toda instituição religiosa é, primordialmente, uma escola onde os “professores” ensinam regras de conduta e os “alunos” devem se esforçar ao máximo para absorvê-las a fim de que não sejam reprovados.
— Mas isto não é verdade?
— Prioritariamente não. Toda casa de caridade, meu irmão, é, antes de tudo, um hospital.
— Hospital?
— Sim. Um divino ambulatório freqüentado por pessoas debilitadas não só organicamente, mas também mental, emocional, moral e espiritualmente. Muitos freqüentam o templo, encontram a solução para seus problemas e vão-se embora, assim como alguém que está com problemas de saúde e vai num posto médico para encontrar a solução para seu caso vai-se embora quando se sente melhor.
— Mas e aquelas pessoas que chegam ao templo com suas questões particulares e continuam freqüentando a instituição religiosa, muitas vezes tornando-se até mesmo membros efetivos dela?
— Falaste bem meu irmão, estes são os companheiros de jornada que, uma vez encontrando a cura para seus problemas, procuram agradecer ao Divino Criador pela graça recebida tornando-se curadores por meio da divina arte de curar pela prática da caridade. Entenda que eles encontraram a cura para aqueles problemas específicos que os afligiam, mas não para todas as enfermidades de seus espíritos, sejam elas de qual natureza forem.
— Estou entendendo.
— Isto significa dizer que todos os membros de uma casa de caridade, de certa maneira, são “doentes”, certo?
— Certo.
— Então isto quer dizer que todos devem freqüentar os templos não com o sentimento de ensinar, mas sim o de aprender, não é verdade?
— É verdade.
— Aprender como encontrar a cura para os demais problemas de sua vida e auxiliar o irmão, naquilo que lhe for possível, a encontrar a cura para as enfermidades que são inerentes a ele, correto?
— Sim.
— Somente assim é que se encontra a cura para os seus próprios problemas porque, afinal, é dando que se recebe, não é verdade?
— É verdade, mas foram os próprios irmãos do templo que freqüento que me elegeram o responsável pelas reuniões de estudo.
— Correto, mas você deve fazer destas sagradas reuniões momentos preciosos para, através da divulgação do conhecimento relativo às coisas de Deus, você ministrar pequenas doses de remédios que, posteriormente, possam fazer com que cada um se sinta animado a se curar de suas “doenças”. Você deve ministrar o conhecimento como um santo remédio que os levem a alcançar a cura de suas moléstias e a desejarem evoluir junto a Deus Pai Todo-Poderoso.
— Mas é isso que eu procuro fazer!
— Concordo que isso você até faz, mas não é verdade que depois você fica a observar a conduta de cada irmão com o intuito de verificar se suas palavras penetraram seus corações e os levaram a modificar seus comportamentos?
— É verdade.
— E como, no seu modo de ver, parece que as palavras não surtem o efeito desejado por você, é que tens desanimado em desempenhar esta santa tarefa, correto?
— Correto.
— Meu irmão, você veio aqui nesta noite pedir ajuda no intuito de encontrar maneiras de aprimorar e facilitar os estudos a fim de que os irmãos do templo que você freqüenta possam captá-los com maior facilidade. Não é isso?
— Perfeitamente.
— Mas acontece que se você mudar o seu modo de enxergar uma casa de caridade, verá que, na realidade, outro será o seu pedido.
— Como assim?
— Veja bem. Se você passar a enxergar uma casa de caridade como um hospital e não como uma escola, você deixará de ver a si mesmo como um professor e passará a ver um médico.
— E qual a diferença? Não entendi.
— É que a função de um professor realmente é a de ensinar os seus alunos a aprenderem as lições da melhor forma possível, sem desejar passar para o próximo conteúdo se o anterior não estiver bem apreendido. Não é assim?
— Exatamente.
— Já a função de um médico é ministrar as medicações e deixar que estas, por si só, possam fazer efeito no organismo da pessoa que se encontra com a saúde debilitada, a fim de que esta possa recuperá-la.
— Ainda não entendi.
— Meu irmão, após ministrar os seus conhecimentos, no momento das reuniões de estudo, comporte-se como o médico e procure deixar que suas palavras possam fazer efeito na vida de seus irmãos no ritmo e no tempo de cada um.
— Ah, agora entendi!
— Comporte-se como professor apenas no momento em que as lições estiverem sendo ministradas, lecionando com carinho, amor e desvelo e procurando sanar as dúvidas de seus irmãos aonde lhe for possível, correto?
— Correto.
— Mudando a sua forma de ver uma casa de caridade, você verá que não precisa de novas didáticas para exercer sua tarefa de ministrar conhecimentos relativos a Deus.
— Verdade?
— Sim. Você verá que, na realidade, precisa é de uma energia transmutadora na sua vida que lhe permita mudar a sua visão de um templo religioso e, consequentemente, o seu próprio papel no momento de ministrar os estudos relativos ao divino.
— Puxa, é verdade!
— Você precisa é ser banhado por uma energia transmutadora que possa renovar, em sua vida, o Divino sentido do conhecimento. Você deseja esta transmutação expansora em sua vida?
— Por favor, fique a vontade!
— Então, se concentre!
E, dizendo isto, a entidade fechou os olhos e esticou os seus dois braços à frente, ficando com as palmas das mãos voltadas em direção ao consulente. Neste instante eu vi uma cruz dourada “acender” na fronte da entidade, assim como também vi, simultaneamente, uma intensa claridade esverdeada a iluminar todo o seu peito e fluir pelos braços até concentrar-se nas palmas das mãos; e foi no exato momento que suas mãos se iluminaram com esta cor que a entidade as depositou na cabeça do consulente e este, após breves instantes, começou a estremecer todo o seu corpo e soltou um profundo suspiro para, logo após, sumir de minhas vistas.
Neste exato momento, antes que eu desse mais alguns passos à frente, eu escutei o Senhor Caboclo Sete Estrelas a se comunicar mentalmente comigo:
— Prezado companheiro os trabalhos da noite estão quase chegando a seu término, de forma que me sinto na obrigação de lhe informar que o próximo diálogo a ser escutado deverá ser o último desta noite, compreendido?
— Sim senhor!
— Então prossiga com seu trabalho.
Somente após escutar esta determinação foi que eu procurei andar mais um metro e meio a minha frente para presenciar um novo dialogo com novos personagens:
— Salve Jesus meu filho. Eu poderia fazer algo por você?
— Salve Jesus meu amigo. É que eu gostaria de lhe pedir uma ajuda para todos os irmãos pertencentes ao templo religioso que eu freqüento e, mais ainda e se possível, uma ajuda ainda maior para os irmãos que foram os fundadores desta instituição religiosa.
— Primeiro conte-me o que está acontecendo.
— Tudo bem. É que este templo religioso já tem quase trinta anos de existência, sendo que eu sou membro efetivo dele há quinze anos.
— Sim, prossiga!
— Então, é que desde quando comecei a freqüentar o templo até hoje os seus fundadores se comportam de uma forma muito fechada entre si.
— Como assim, meu amigo?
— É que os fundadores parecem não perceber, não sei se de forma intencional, que o espaço físico do templo e a quantidade de membros freqüentadores aumentaram consideravelmente ao longo destes quase trinta anos e, sendo assim, regras comportamentais e formas de trabalho que funcionavam de maneira perfeita no momento da fundação do templo, não necessariamente surtem o mesmo efeito no momento presente.
— E onde está o problema, meu amigo?
— O problema é que eu percebo que os fundadores do templo dispensam mais atenção aos membros mais antigos do que aos novos membros. Sendo que a conseqüência deste tipo de conduta é a migração constante de membros novatos para outros templos religiosos. Sei que as mudanças de templo no que diz respeito aos seus membros é um caminho até mesmo natural, mas não na proporção e no espaço curto de tempo em que isto ocorre lá no templo em que freqüento. O senhor poderia ajudar-me com este problema?
— Na verdade, qual é a ajuda que você realmente deseja?
— Eu gostaria que você ajudasse os fundadores do templo no sentindo de estar modificando suas condutas e adequando-as à época atual, renovando o espírito deles e fazendo com que dêem mais atenção aos membros novatos do templo; ou pelo menos a mesma atenção que eles dispensam aos membros mais antigos.
— É verdade que em qualquer instituição religiosa são os seus membros mais antigos que devem se aproximar dos membros novatos. Na realidade é sempre importante a apresentação destes novos membros a toda comunidade religiosa daquele templo., porque são atitudes como essas que propiciam uma maior interatividade e fazem com que estes membros novatos sintam-se verdadeiramente acolhidos e pertencentes, de fato, as suas respectivas casas de caridade. Entendo que se o membro novato não se sentir verdadeiramente acolhido, é um movimento natural o de ele desejar mudar para outro templo religioso.
— É verdade.
— Na realidade eu entendo a união e amizade que existem entre os membros mais antigos do templo, entretanto não se deve confundir tradição com conservadorismo radical.
— É exatamente como eu penso!
— Entretanto, não se deve obrigar os fundadores do templo que você freqüenta a deixarem de ser o que são. Entenda que a forma deles procederem não é por maldade, mas sim por que não sabem como procederem de forma diferente. Sei que você já abordou este assunto com eles e teve a nítida sensação de não ter obtido nenhum tipo de resultado. Não é verdade?
— Sim.
— Mas aí é que você se engana.
— Sério?
— Muito sério porque, veja bem, exteriormente parece que a conversa não adiantou nada, entretanto a semente plantada por você está a germinar nos corações destes membros fundadores.
— Verdade?
— Verdade, entretanto não se precipite. Lembra-se do ditado onde se afirma que “coração dos outros é terra que ninguém pisa” ?
— Lembro sim.
— Pois então entenda que a “terra” de que é feita o coração dos membros fundadores do templo é diferente da “terra” que forma o seu coração. Dê tempo ao tempo e você se surpreenderá com os resultados de sua semeadura.
— Para mim é uma noticia animadora.
— Para mim também, mas com o objetivo de estar lhe auxiliando a regar, a cada dia, o coração dos membros fundadores do templo em que freqüenta creio que devo lhe auxiliar imantando o seu espírito com a divina energia evolutiva.
— Energia evolutiva?
— Exatamente. É a energia que desperta nos espíritos o desejo de transmutarem conceitos errôneos e, assim, de buscar novos caminhos que os façam evoluir junto a Deus Pai Todo-Poderoso. Você deseja ser envolvido por esta energia divina?
— Certamente.
— Então, se concentre!
E, dizendo isto, a entidade fechou os olhos e esticou os seus dois braços à frente, ficando com as palmas das mãos voltadas em direção ao consulente. Neste instante eu vi uma cruz dourada brilhar na fronte da entidade, assim como também vi, simultaneamente, uma intensa claridade na cor violeta iluminar todo o seu peito e fluir pelos braços até concentrar-se nas palmas das mãos; e foi no exato momento que suas mãos se iluminaram com esta cor que a entidade as depositou na cabeça do consulente e este, após breves instantes, começou a estremecer todo o seu corpo e soltou um profundo suspiro para, logo após, sumir de minhas vistas.
Exatamente neste instante, antes que eu desse mais alguns passos à frente, pude escutar o Senhor Caboclo Sete Estrelas a se comunicar mentalmente comigo mais uma vez:
— Companheiro, sua tarefa chegou ao fim. Procure virar-se em direção ao mar e fazer o sinal da cruz em reverência a esta energia Divina e procure algum ponto aqui mesmo na praia onde você possa ficar isolado.
— Sim senhor!
Após saudar o mar e virar de costas eu dei aproximadamente uns setenta passos a frente e fiquei aguardando um novo contato mental que, por sua vez, não tardou em acontecer:
— Agora sente-se na areia do mar em posição de lótus e feche os olhos.
Após ter seguido todas as determinações o Senhor caboclo voltou a se comunicar:
— Muito bem, agora devido ao pouco tempo que temos antes do encerramento dos trabalhos desta noite e também devido a sua incontida curiosidade, eu devo dizer que recebi permissão do Alto para lhe conceder o direito de estar fazendo apenas três perguntas.
— Sim senhor!
— Pode começar!
— Obrigado pela oportunidade. Veja bem, pelo que pude perceber todas essas entidades à minha frente são falangeiras de Pai Oxalá que estão aqui esta noite para auxiliar líderes religiosos e pessoas membros de seus templos que lhe são intimamente interligadas. Penso que não são entidades da esquerda porque sinto que são vibrações distintas. Também percebo que não são entidades que assumem a forma de crianças quando incorporadas no terreiro e nem os Senhores Pretos-velhos; sendo assim, as entidades a minha frente só poderiam ser os Senhores Caboclos, mas só que eles não se comportam como se assim o fossem. Então minha primeira pergunta é: Quem são essas entidades?
— Você não os reconheceu?
— Não senhor.
— E se falassem mal a língua portuguesa e andassem curvados e vagarosamente, você saberia identifica-los?
— Meu Deus, são os Senhores Pretos-velhos? Mas eu nunca os vi assim plasmados desta forma!
— Para tudo tem uma primeira vez, não é companheiro?
— É verdade!
— Isto é para você sempre se lembrar de que, da religião que você professa, será sempre um eterno aprendiz. Compreende?
— Sim senhor!
— Então pode fazer a sua segunda pergunta.
— Na verdade agora eu entendo porque todos Eles decidiram se plasmar com roupas brancas tão sngelas e também porque nos sete diálogos que presenciei, o conceito transmutação estava sempre sendo trabalhado com os consulentes. Veja bem Caboclo Sete estrelas, acho que posso interpretar o brilho do símbolo da cruz e a coloração deste na fronte de cada entidade antes delas realizarem um trabalho em prol de algum consulente da seguinte forma: o símbolo é uma cruz porque é ela que representa a linha de trabalho dos Senhores Pretos-velhos, já a coloração dourada pode ser explicada por todas estas entidades encontrarem-se fatoradas ao Divino trono Oxalá. Depois eu gostaria que o senhor, se pudesse, confirmasse se minhas conclusões estão corretas porque, neste exato momento, eu gostaria de lhe perguntar o porquê da cor do brilho presente no peito de cada entidade, instantes antes delas praticarem a caridade em benefício dos consulentes, ser diferente para cada uma delas sendo que esta variação de cor perfaz o total de sete cores?
— Primeiramente devo lhe dizer que suas conclusões estão corretas. Já esta diferenciação de cores presentes no peito de cada entidade se explica pelo fato delas irradiarem “cores” captadas das linhas de umbanda onde os assistidos estejam mais necessitados. Então essas entidades captam momentaneamente essas energias e as irradiam em favor dos consulentes. Assim, quando você viu uma determinada entidade irradiar do seu peito uma coloração azul escura, significa dizer que você presenciou um preto-velho a captar momentaneamente a energia divina da vibração de Ogum e direciona-la rumo ao consulente com o intuito de estar transmutando, na vida deste, conceitos, idéias e sentimentos errôneos no que diz respeito as suas crenças relacionadas ao divino e, também, e posteriormente, de estar ordenando em sua vida o divino sentido da fé.
— Fantástico e impressionante!!!
— Faça então a pergunta derradeira.
— Eu gostaria de saber, sem estar querendo questionar coisa alguma, porque havendo tantos pontos de força na natureza, justamente o mar sagrado foi escolhido pela espiritualidade como local para estarem sendo realizados os trabalhos desta noite?
— E eu posso lhe responder que os trabalhos desta noite, que por sinal já está quase virando dia, aconteceram na beira da praia para que os senhores pretos-velhos pudessem aproveitar ao máximo a absorção da divina energia geradora que é proveniente e inerente ao mar sagrado a fim de que, assim que as transmutações tenham ocorrido nas vidas dos consulentes, novos conceitos da luz e do bem possam ser gerados em suas vidas e auxilia-los na resolução de seus problemas. Entendido?
— Perfeitamente.
— Então agora abra os olhos lentamente e procure tomar a direção do mar. Quando estiver de frente a ele, procure adentra-lo somente até onde as águas possam molhar o seu tornozelo, então, dê as costas para o mar e aguarde silenciosa e respeitosamente o momento em que todas as entidades cantarão um ponto que você deve ouvir se concentrando na divina energia do mar banhando os seus pés e penetrando em seu espírito a fim de que, quando você despertar no plano físico, possa guardar em sua memória não apenas a letra do ponto, mas também a melodia. Entendido?
— Sim senhor!
Ao dar as costas para o mar, pude ver uma cena que, juro, jamais esquecerei em minha vida:
Todos os Senhores Pretos-velhos estavam de mãos dadas, de olhos fechados e irradiando por todo corpo uma energia tão forte e dourada que mais pareciam estrelas do céu depositadas pela misericórdia Divina a beira-mar a fim de iluminarem nossas vidas. Eu procurei segurar o meu pranto, mas na hora exata que eles começaram a entoar o ponto não houve como segura-lo. Chorei feito criança quando vê pela primeira vez toda beleza e majestade do mar, entretanto procurei recordar a determinação do Senhor Caboclo Sete Estrelas em relação a concentração para guardar o ponto em minha memória quando despertasse no plano físico e tentei serenar minhas intensas emoções. Minha tentativa surtiu efeito e eu pude escutar os Senhores Preto-velhos cantarem assim:


Estrela que brilha no céu,
estrela que brilha na paz,
estrela que brilha no mundo
é a luz de Oxalá.




Saravá a Deus Pai Todo-poderoso!!!!
Saravá a Pai Oxalá!!!!
Saravá aos Senhores Pretos-velhos!!!
Saravá à força do mar sagrado!!!!

Mensagem do Sr. Caboclo sete Estrelas recebida em 27/10/2007


quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A história de João


Coronel Azevedo, rico fazendeiro do interior paulista, encontrava-se a ponto de enlouquecer devido ao definhamento progressivo de sua esposa, ocasionado por uma doença que os médicos não conseguiam diagnosticar e nem curar.
Estamos no ano de 1856 e podemos ver que uma das igrejas mais suntuosas de todo o interior paulista, nesta época, encontrava-se no município onde residia o coronel e que esta fora erguida única e exclusivamente com o dinheiro dele: é que o poderoso e orgulhoso coronel era um homem fervorosamente religioso. Acontece que nem o dinheiro, os melhores médicos ou os melhores religiosos conseguiam curar a esposa dele; aliás, fora esta, a bondosa sinhá Helena, que certa vez sugerira ao esposo que procurasse a ajuda de um negro da sua própria senzala e que tinha fama de curador.
Nesta ocasião, inclusive, o coronel olhou para a sinhá com um olhar incrédulo e orgulhoso quando lhe disse: “Para o seu próprio bem, nunca mais quero escutar da sua boca a mínima menção sobre esta possibilidade!!!”.
Caminhando com passos furiosos o coronel saiu marchando dos aposentos do casal batendo a porta estrondosamente. A sugestão da esposa constituía um desaforo para ele: imagine só se o “Todo-Poderoso” coronel, um religioso fervoroso que aprendera que os negros não possuíam alma, se rebaixaria a tal ponto de pedir auxilio a um negro ignorante em favor da saúde de sua esposa.
É, meus filhos, mas não há nada como o desespero para nos fazer engolir nosso orgulho e empáfia em favor daqueles que amamos!!! Digo isto por que um trimestre após esta conversa do sinhozinho Azevedo com a sinhá Helena ela definhava a olhos vistos: o corpo dela estava quase à pele e osso, a pele mais alva do que parafina e a cabeça sem a maior parte de todos os fios negros, longos e sedosos que tanto lhe caracterizavam a bela e vasta cabeleira.
Somente quando a situação já estava assim tão triste foi que o coronel veio conversar comigo nestes termos:
— Sente-se negro maldito!
Sem pensar duas vezes eu me sentei em um toco em frente dele sem lhe olhar no rosto, pois ele não admitia que os negros olhassem diretamente em seus olhos e, então, ele continuou:
— Você sabe que é um imprestável, não é:
— Sei sim, sinhozinho.
— Você sabe que me é inferior, não sabe?
— Sei sim, sinhozinho.
— E por que você me é inferior, seu negrinho?
— Isto eu não sei não, sinhozinho!
— Pois então eu lhe digo: você me é inferior porque é meu escravo e eu sou seu superior porque sou dono da sua vida.
Nêgo pode dizer uma coisa sinhozinho?
— Fale imprestável!
— Olha, é que esse nêgo realmente é escravo do sinhozinho, mas só que suncê não pode ser dono da vida de nêgo.
— Como é, seu insolente?
Assim respondeu o coronel avançando em direção a mim com a bengala em riste pronto para me acertar.
— O sinhozinho é dono do meu corpo, mas só Deus pode ser dono da minha vida!
O coronel parou estupefato e boquiaberto quando lhe falei sobre Deus e abaixou sua bengala, já eu, vendo que não poderia perder aquela oportunidade, resolvi continuar a prosa:
— Foi Deus quem me deu um espírito e a verdadeira vida é a espiritual, então como o sinhozinho não pode ser dono do meu espírito, então também não pode ser dono da minha vida.
— Cuidado com o que diz negro porque posso lhe arrancar a língua!
— Este nêgo sabe disso sinhozinho.
— E como se atreve a falar comigo nestes termos?
Nêgo pensa que o que ele disse para o sinhozinho não é atrevimento, mas necessidade.
— Necessidade?
— É sinhozinho, pois para nêgo seria um pecado deixar suncê dizer que é o dono da vida dele.
— E por que seria um pecado?
— Pelo amor e adoração que tenho a Deus.
— Um negro que crê em Deus e que pensa possuir uma alma isto até que é interessante!
— Sinhozinho este nêgo pode...
— ...Cale-se negro atrevido por que eu não vim aqui para tagarelar com você, mas sim porque fiquei sabendo de sua fama de curador.
— Sim senhor!
— Diga-me, é verdade que você é curador?
— Sinhozinho nêgo só tem o dom, quem cura mesmo é Deus!
— Como ousa dizer que quem cura por ti é Deus se já fui a várias igrejas e estive com excelentes religiosos sem que nenhum deles conseguisse curar a minha Helena; você se acha mais poderoso que os padres ou julga que Deus só escuta você?
— De forma nenhuma sinhozinho!!!
— Acho bom mesmo!!!
— Sinhozinho este nêgo já esteve duas vezes na casa grande e viu que nela tem um cômodo cheio de quadros, não é verdade?
— O que a casa grande tem a ver com a pergunta que lhe fiz?
— Por caridade sinhozinho, nêgo vai responder pra suncê, mas ajude a ele por caridade. Não é verdade, sinhozinho?
— É sim negrinho metido, na minha sala de estar há várias obras de arte de grandes gênios da pintura.
— Cada quadro foi pintado de um jeito, não é sinhozinho?
— Sim, pois cada pintor tem o seu estilo, mas isto seria informação demais para sua pobre mente entender.
Nêgo concorda com suncê sinhozinho, mas nêgo pergunta: se um pintor tentasse pintar com o estilo do outro, ele conseguiria?
— Óbvio que não!!!
— E existe gênio maior que Deus?
— Não blasfeme perante o nome do Senhor!!!
— Não é blasfêmia sinhozinho!
— É bom mesmo que não seja e quanto a sua pergunta é óbvio que a resposta também é não: não existe gênio maior que Deus!!!
— Então sinhozinho e Deus, em sua infinita genialidade e sabedoria, deu vários dons a várias pessoas diferentes para que o excelso amor e genialidade Dele pudessem ser manifestados de formas diferentes, assim é que cada pintor pode pintar uma mesma paisagem de forma diferente e cada curador pode curar uma mesma pessoa de forma diferente.
O coronel sentindo-se vencido em todas as forças do seu ser pelo sentimento de paz que este nêgo simples que vos fala amorosamente irradiava para ele sentou-se, pasmem, num toco que estava posicionado a minha frente.
Este nêgo sentia que as próximas palavras que iria dizer lhe custariam à própria vida, mas inexplicavelmente toda vez que eu pensava em vacilar via a imagem de Jesus sendo açoitado até o local em que fora crucificado e justamente esta imagem de uma forma, na época, inexplicável para mim forneceu forças para que eu dissesse ao sinhozinho o que relato a seguir:
— Sinhozinho, este nêgo pode dizer uma coisa?
— Não me aborreça e fale de uma vez!
— É que já tem três meses que eu vejo cinco vultos negros acompanhando a sinhá Helena.
— Como é? Vultos?
— É sinhozinho, são vultos que o meu povo chama de eguns.
— Explique-se!!!
— Eguns, sinhozinho, são espíritos de gente que já morreu!
— Você quer ir para o tronco negrinho?
— Não sinhozinho!
— Você não sabe que quem morre vai para o céu ou para o inferno?
— Sinhozinho isto inté já ouvi falar, mas é que este nêgo gosta tanto da sinhá Helena que para ele seria mais do que um dever: seria uma honra cura-la!
— E de onde vem esta sua admiração negrinho?
— Essa admiração não é só de nêgo não sinhozinho e nem é só de todos os negros da sua senzala, mas até mesmo de inúmeros negros das senzalas de outros fazendeiros!
— Mesmo? E por quê?
— Por que a sinhá pode inté achar que nós negros não temos alma e que não somos gente, mas trata-nos como se fossemos. É por isso que esse nêgo, com as forças de Deus, faz questão de ajudar a afastar os eguns da sinhá e trazer a saúde dela de volta.
— Muito bem negrinho, você terá três meses para curar Helena por que se isso não ocorrer você morrerá antes dela, posso lhe garantir!!!
— Sinhozinho ta dando três meses pra nêgo porque foi esse o tempo de vida que os doutor de terra deram pra sinhá, não é mesmo?
O coronel ficou boquiaberto com o comentário que eu fizera a ele e, aproveitando o ensejo, eu continuei a conversa:
— Acontece que o sinhozinho não vai precisar esperar tanto porque em menos de sete semanas a sinhá, com as forças de Zambi, há de voltar a passear por esses campos como uma borboleta quando sai do casulo.
O sinhozinho Azevedo sentiu o coração bater descompassado de tanta e emoção e esperança com as palavras que este nêgo disse a ele, mas ainda assim ele olhou pra mim e falou:
— Não brinque comigo negrinho e nem com sua sinhá, cure-a ou pagará com a própria vida!!!
Sete semanas se passaram e, na força de Zambi Nosso Pai, a sinhá Helena recuperou sua saúde. Os dias foram passando um após outro e esse nêgo começou a pensar que a aflição que sentira em perder a própria vida quando tivera àquela conversa com o sinhozinho dizendo que a sinhá estava enfeitiçada deveria de ser fogo de palha.
Mas três meses depois de nêgo ter tido àquela conversa com o coronel ele veio até nêgo e disse:
— Negrinho, você disse que minha mulher estava enfeitiçada, certo?
— Sim, sinhozinho!
— E quem me garante que, querendo alforria, você não a enfeitiçou para depois desenfeitiça-la e, assim, ganhar minha confiança e liberdade?
— Mas nêgo venera sinhá Helena sinhozinho, nêgo jamais faria isto!!!
— Então negrinho, quer dizer que não foi você, certo?
— Sim sinhozinho, não foi nêgo.
— Então, negro maldito, diga-me quem foi se não quiser perder a própria vida!
— Mas nêgo não sabe sinhozinho, nêgo jura por Deus.
— Mas você é muito insolente hein negrinho? Quem você pensa que é? Quero o nome agora ou você morre!
— Mas nêgo não sabe quem foi, nêgo só sabe que foi alguém por que feitiçaria nenhuma se faz sozinha.
— Pois bem negrinho se estou entendendo bem, alguém enfeitiçou minha Helena e você não sabe quem foi, certo?
— Sim sinhozinho!
— Mas, se você quisesse, poderia mandar o feitiço de volta para quem quis matar a sua sinhá?
— Poderia sim senhor!
— Então faça!!!
— Mas nêgo não pode fazer isto!
— Por que não?
— Por que nêgo só faz o bem, não faz o mal.
— E acabar com a raça de quem quase matou a sinhá que você diz tanto adorar, não é fazer o bem?
— Não sinhozinho, é vingança!!! Nêgo aprendeu com Jesus: “Amai os vossos inimigos”
É, meus filhos, nessa hora nêgo recebeu um golpe de bengala do sinhozinho tão forte na cabeça que ficou muito tempo desacordado.
Algumas horas depois, ao acordar, nêgo descobriu que estava amarrado no tronco e que a bengalada tinha me deixado cego das vistas.
Quando chegou a noitinha do mesmo dia nêgo começou a apanhar do feitor. Era uma chibatada após outra. No inicio elas doíam muito, mas depois eu percebi que não estava sentindo mais dor e, enquanto tudo isto acontecia, eu inexplicavelmente comecei a ver o mestre Jesus apanhando em sua trajetória até a crucificação e, mesmo não tendo a pele negra naquela época, eu sabia que era um daqueles soldados que o açoitava, sim, este mesmo nêgo véio que agora apanhava no tronco, mas ao invés de sentir dor e remorso eu sentia era a minha alma livre, minha consciência tranqüila e uma inimaginável paz de espírito.
E foi assim que esse nêgo desencarnou em sua ultima encarnação na terra, na primavera do ano de 1856: nêgo viera para purificar sua consciência dos castigos que infligira ao divino mestre na trajetória do calvário Dele.
Para nêgo terminar esta prosa com todos suncês que estão lendo estas linhas, nêgo fala que hoje em dia ele não é mais escravo, mas que continua cativo. Só que, atualmente, não mais por algemas e grilhões, mas pelo amor que ele sente por todos suncês encarnados na terra.
Suncês que desculpem nêgo , mas desta “prisão” ele não quer sair nunca: é que nêgo ama estar “preso” a uma linha de trabalho da umbanda que também ajuda os seus filhos de fé a não serem mais escravos de seus vícios, más tendências e imperfeições, pois na verdade meus filhos é nisto que se constitui a real liberdade!!!!

Que Zambi Nosso Pai abençoe a todos suncês!!!!!

Mensagem de Nêgo João recebida em 14/05/2008

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

No astral inferior

Mensagem de um guardião

— Firma o seu pensamento cabra porque esta noite o “pau vai quebrar”!
Tal foi a determinação que escutei mentalmente instantes antes de dormir. Nem pensei duas vezes e obedeci, mas devo confessar que me assustei mesmo assim quando despertei e me vi no meio de uma região de mata onde estava acesa uma enorme fogueira; junto de mim havia vinte e cinco médiuns que percebi serem encarnados pela presença de um cordão de prata junto a cada um deles.
No comando de todos nós havia um espírito que eu intuitivamente tinha a convicção de ser um Exu. Foi ele, inclusive, quem determinou que déssemos as mãos em torno da fogueira e formássemos uma roda para, posteriormente, nos falar nestes termos:
— Camaradas, nós todos estamos presentes em uma região de mata do plano físico e em volta de uma fogueira também acesa no mesmo plano. É vital que todos vos, de olhos abertos, firmem suas visões nestas chamas e peçam a Deus a vossa entronização com a energia ígnea.
Enquanto o exu passava as determinações eu estava desesperadamente tentando entender quem, àquela hora da noite, ateara aquelas chamas no plano físico, mas ele enquanto falava dentro da roda veio caminhando em minha direção e resolveu parar diante de mim para dizer:
— Não importa quem acendeu a fogueira, o importante é que ela está acesa assim como também não importa como vocês vieram parar aqui, pois o importante é que vocês aqui estão.
O Exu dissera estas últimas palavras enquanto olhava para todos, mas fiquei desconcertado por sentir que ele falava para mim. Ele, então, continuou:
— Muitos precisam ver para crer, outros vêem e julgam inacreditável. Muitos se julgam aptos sem a devida preparação enquanto outros se julgam despreparados apesar de estarem aptos. E todos estes exemplos que estou lhes passando representam de uma forma ou de outra, o caso de cada um de vocês aqui presentes.
Devo confessar que não estava entendendo precisamente o que o Exu estava querendo dizer, mas ele continuou:
— O Divino Criador, cuja soberana vontade se faz presente em todas as coisas também faz com que nenhuma folha caia da árvore se não for da justa e sábia vontade Dele e é por isso que vos falo que todos que aqui estão aqui se encontram por estarem preparados e não por serem perfeitos, vocês entendem?
Todos nós balançamos a cabeça afirmativamente e o guardião continuou:
— Assim vos falo porque não quero nenhum cabra deslumbrado com a tarefa de hoje, assim como também não quero ninguém “borrando nas calças” e é por isso que, onde posso e vocês mereçam, estarei vos esclarecendo agora: saindo daqui nós iremos para uma edificação no baixo-astral que precisa ser destruída e, para tanto, contamos com o auxilio das vibrações superiores de vocês. Estou sendo claro?
Todos nós balançamos novamente a cabeça de forma afirmativa e o Exu prosseguiu:
— Sentem-se no mesmo lugar que agora estão numa posição confortável e concentrem-se, desta vez de olhos fechados, na divina energia ígnea, pois enquanto isto vos estarei preparando para que vossos corpos mentais me acompanhem na tarefa da noite.
Procurei executar o que nos fora recomendado e, depois que o guardião trabalhou em minha fronte, algo incrível ocorreu por que eu passei a me sentir infinitamente mais leve como se eu tivesse dormido em espírito e acordado de novo, é estranho de dizer, mas parecia que eu era pura e simplesmente o meu pensar, o meu pensamento; outra coisa interessante de comentar é que eu me encontrava sem nenhuma gota de suor pelo corpo e, entretanto, eu me sentia como se fosse uma centelha do fogo da misericórdia divina e relato isso a vocês porque parecia que o meu corpo ardia em chamas invisíveis sem que eu sentisse o mínimo de calor; entretanto, era só eu pensar em amor, caridade e fraternidade que meu corpo se incandescia ainda mais, enfim, naquele estado em que eu estava parecia que amar o próximo e fazer o bem era a coisa mais prática e fácil do mundo.
De repente fomos todos direcionados para uma localidade onde o ar era pesado, úmido e mal-cheiroso como esgoto. Chegamos a um bairro onde as casas possuíam um aspecto asqueroso e os moradores destas uma energia pessoal vil e repugnante. Havia muitas sombras neste local e caminhávamos entre elas; então, alguns minutos depois nós paramos de frente a um edifício de dez andares em que só pelo fato de encará-lo eu misteriosamente sentia todo aquele ardor dentro de mim diminuir intensamente, já estava começando a me desequilibrar quando senti o guardião a se comunicar mentalmente comigo:
— Controle o seu emocional cabra!!! Mantenha o equilíbrio ou você se perderá!!!
Perder-me? Não quis nem saber o que significava o que o exu acabara de me dizer e procurei mentalizar fervorosamente na fogueira que estava diante de meu corpo astral lá no plano físico e na divina energia ígnea equilibradora inundando o meu ser. Percebi o calor tornar a me aquecer com toda a intensidade e foi quando o Exu tornou a se comunicar, só que desta vez com todos nós:
— Ok cabras, percebi que todos vocês conseguiram eliminar a curiosidade de dentro de si e retomarem o equilíbrio em vossas consciências. Isto será muito importante na realização da tarefa que eu e meus companheiros temos a desempenhar.
Interessante é que foi somente nesta hora, enquanto o Exu falava, que eu notei a presença de trinta e dois Exus aguardando o guardião que estava nos servindo de ‘guia’ até aquela macabra localidade.
Recebi a permissão destes Exus e narrarei para vocês como se deu esta ação deles a favor da caridade:
O prédio que seria destruído era como eu disse antes: tinha uma energia tão desgraçada que eu só poderia definir como absorvedora, inclusive fora esta propriedade do prédio que absorvera boa parte de meu calor quando eu havia me desequilibrado momentaneamente minutos atrás.
— Calor não zifio: ectoplasma, energia vital.
Tal foi a resposta mental que um espírito militante da linha dos preto-velhos e que me acompanha no ritual de umbanda oferecera para mim
— Verdade? Perguntei a ele.
— Certamente. Esta energia aqui para eles vale infinitamente mais que ouro. Agora, por caridade, continue a narração dos trabalhos que nossos irmãos exus estão realizando!
— Sim senhor, perdão!
Quanto ao prédio é só isso que pude perceber energeticamente, já a explosão, por sua vez, deu-se da seguinte forma:
O Exu que nos guiara até ali determinou que todos nós déssemos as mãos e ficássemos fazendo orações e, antes que ele e seus companheiros fossem realizar o trabalho, aproximou-se de mim e de outra médium que se encontrava ao meu lado esquerdo para encostar em nossa testa algum tipo de cristal de rocha que não pude precisar o que era por estar de olhos fechados; após este procedimento ele disse a nós dois:
— Vocês permanecerão aqui onde estão, mas também me acompanharão para conhecerem um pouco deste nosso trabalho aqui embaixo.
Devo confessar que o que eu via era tão fantástico que beira o surreal: os exus entraram no prédio em questão e eu conseguia ver tudo aquilo que o exu que encostou o cristal de rocha em minha fronte conseguia ver, era como se acima da cabeça dele houvesse uma micro câmera que me permitia visualizar tudo o que ele enxergava sem que eu precisasse sair do lugar onde estava, qual seja, na frente do referido edifício de mãos dadas com meus irmãos de jornada.
Foi assim que pude ver quando ele subiu no décimo andar daquela edificação e começou a instalar no canto esquerdo posterior alguma espécie de bomba programada que tinha a coloração rubro-alaranjada. Enquanto ele e mais dois exus realizavam esta tarefa, os demais realizavam a parte operacional dela. Devo informar também que naquele andar havia por volta de vinte salas e dentro de cada uma delas entes trevosos fomentadores de pedofilia e vampirizadores de pedófilos. Na sala de número 180, por exemplo, havia um homem branco, calvo, com aproximadamente quarenta anos de idade que tinha à sua cabeça acoplado um capacete que incitava infernais desejos carnais neste pela sua enteada de onze anos de idade e eu sei disso por que as imagens que eram sugeridas a este homem passavam sucessivamente numa espécie de TV. Este homem encontrava-se sentado junto com mais outros treze que também deveriam estar passando pelo mesmo processo de hipnotização.
No andar imediatamente inferior a este que estávamos, após o Exu ter plantado outra bomba no local análogo ao andar superior, eu pude ver na sala 161 quatorze espíritos deitados em uma cama e que tinham aderidos aos seus corpos uma espécie de fio transparente que retirava uma substância que, por sua vez, desembocava em um tipo de recipiente de cristal translúcido de 0,5 litros.
Os exus foram descendo até o térreo da construção e, à medida que isto ocorria, eles implantavam as bombas e eu via um festival de atrocidades inenarráveis e tão bestiais que, tanto eu quanto minha companheira, tínhamos que nos esforçar bastante para não nos desequilibrarmos através das lágrimas de uma sincera compaixão que teimava em descer por nossos rostos.
Terminada esta tarefa o Exu me explicou que todas aquelas pessoas que eu via acopladas a algum tipo de aparelho eram encarnados momentaneamente libertos do corpo físico pelo momento do sono. Esclareceu-me, ainda, que aguardariam até que o último dos encarnados deixasse aquela construção para que as bombas fossem detonadas.
Quando aquelas bombas começaram a explodir eu percebi que elas só poderiam ser mágicas e explico por que: quando uma bomba explodia, eu via junto com as chamas, milhões de pequenas “fadas” de fogo que se alimentavam de tudo em que tocavam, quanto mais maldades elas devoravam, mais alaranjadas elas ficavam.
O prédio caiu e quando isto ocorreu nós, os médiuns encarnados ali presentes, já estávamos de volta ao nosso corpo astral diante da fogueira acesa no plano físico. Milhões de perguntas já fomentavam em minha mente quando o Exu novamente se pronunciou:
— Gostei de ver, cabras!!! A ajuda de vocês foi valiosa e prestimosa!!! Vocês acabaram de nos ajudar, com as bênçãos e permissão do Divino Criador, a derrubar uma edificação numa cidade do baixo-astral. Sem a ajuda, principalmente, da energia e boa-vontade de vocês, médiuns encarnados, nós não teríamos meio de fabricarmos as bombas que para destruir estes tipos de construção precisam desta energia. Outras coisas não devemos falar porque não temos permissão, mas o que nós devemos fazer nós assim o faremos que é agradecer a boa vontade de todos vós para com a prática do bem.
Mesmo sabendo que talvez não devesse, levantei o meu dedo indicador e o guardião, ao avistá-lo, determinou:
— Solta a língua cabra!!!
— Você me desculpe senhor exu! Entendi que os senhores acabaram de realizar um tipo de trabalho contra a pedofilia, entretanto, será que não existem outros prédios funcionalmente similares a este hoje destruído onde aqueles espíritos encarnados que tinham fios acoplados em seus corpos continuarão a ser submetidos às mais terríveis atrocidades?
— Cabra, nós acabamos de vencer uma batalha, mas a guerra ainda é longa! Além do mais você pensa que nossa ação desta noite foi em beneficio daqueles que, como você mesmo disse, estavam presos a fios? Pois você está enganado, cabra!!! Saiba que se não existissem seres humanos como àqueles estes tipos de construção do baixo-astral talvez nem existissem, pois são eles mesmos que oferecem condições e materiais para a edificação destes antros de maldades; são eles os invigilantes e os imprudentes!!!
Tentei levantar novamente o indicador, mas o guardião nos disse:
— O tempo de vocês acabou cabra!!! Vocês devem retornar agora para o corpo físico, mas antes posso lhes oferecer mais um breve esclarecimento: Sim cabras, a ação desta noite foi em beneficio das criancinhas e posso vos afirmar que nunca mais um destes anjos de Deus tão admirados por Jesus será direta ou indiretamente afetado por aquele antro de perversidades que detonamos esta noite. A explosão desta construção voltada para o mal deveria acontecer seis meses à frente, mas as milhões de preces fervorosas de várias das mais diversas denominações religiosas ao Divino Criador pedindo que Ele elimine a maldade contra as crianças no mundo, aliada ao merecimento de cada um, catalisaram a misericórdia Dele fazendo com que Ele acabasse por determinar que destruíssemos o prédio de hoje a noite. Vocês entenderam?
E eu, tremendamente emocionado, juntamente com meus irmãos de jornada, respondi:
— Sim senhor!!!
— Então vão e reassumam o corpo físico de vocês agora mesmo, pois esta é a vontade do Divino Criador, só não esqueçam de pedir a todos os seus irmãos de fé que continuem a orar pedindo as bênçãos de Deus em favor não só de vocês, mas de todos os necessitados no mundo, pois todos vocês puderam comprovar esta noite que nenhuma prece dirigida a Ele com sinceridade, equilíbrio e amor deixa de ser respondida!!!
Este Exu vos agradece por terem deixado todas as vossas misérias e más tendências momentaneamente de lado em prol da caridade e roga a Deus que ajude tanto a vós quanto a nós a fazermos desta bendita abnegação uma constante em vossas vidas!!!

Mensagem recebida em 06/06/2008











quarta-feira, 30 de julho de 2008

Esclarecimentos

Mensagem do Sr. Caboclo Sete Estrelas


Em um belo e claro dia de sol senti que estava descendo, sei lá de onde, em direção a uma extensa, frondosa e incomensurável região de mata.
Sentia em meu mental, enquanto descia, como se estivesse a discutir com certo alguém no sentido de estar querendo afirmar minhas convicções como únicas e absolutas. Na realidade, eu estava irredutível em minhas opiniões.
Percebendo este meu estado mental, senti como se algo me estivesse aterrisando na região central daquela extensa floresta.
Notei então ao pisar no solo e olhar para o alto que a maior parte da vegetação daquela floresta era composta por árvores tão altas e frondosas que a luz solar parecia brigar com as folhagens para ter a oportunidade de brilhar no solo. Ao olhar ao redor a sensação que tinha é que toda a floresta estava sendo iluminada por uma luz verde, que na verdade era o reflexo da luz forte do sol refletido pelas folhagens ao redor.
Olhei para a enorme vegetação e apesar de saber de sua enorme extensibilidade e de não ter muita afinidade com a região de matas eu sentia algo bastante estranho e inconfundível como se tivesse a plena certeza de como sair dali.
Na verdade eu estava me sentindo como se estivesse sendo submetido a algum tipo de prova espiritual, onde se eu conseguisse encontrar a saída da mata conseguiria minha aprovação.
Posso dizer que não me fiz de rogado e comecei a caminhar na direção que tinha a plena certeza de que era a mais apropriada para conseguir meu objetivo. Andei, andei e andei e apesar de sentir que o tempo passava, eu percebia como se isto não estivesse ocorrendo porque a sombra das folhas no chão não mudava de posição apesar de estar fazendo pelo menos umas três horas que eu já estava caminhando.
Andei ainda mais umas duas horas e fiquei estupefato ao perceber que eu inexplicavelmente havia retornado ao meu local de partida. Já estava com muita sede ( e apesar de sentir o tempo passar o sol no céu não mudava de posição ), e com as pernas pesadas mas não dei o braço a torcer e, após um breve intervalo, pus-me a caminhar novamente a procura de uma saída e de, mais imediatamente, algum coqueiro carregado de frutos para tentar saciar a minha sede.
Só não conseguia entender o porquê de uma sensação estranha ficar rondando o meu emocional desde a primeira vez que eu me pus a caminhar para tentar achar a saída da mata, que era uma sensação como se eu sentisse que, apesar de achar que sabia o caminho que levava a saída, fosse um erro em eu assim fazer.
Eu já estava sentindo um cansaço muito grande e misturado a ele um enorme calor que se confundia com a estranha sensação emocional que descrevi anteriormente e que me deixava ainda mais cansado e provavelmente deve ter sido por tudo isso que eu, ao me deparar com vários pés de guiné, pus-me de joelhos em frente deles e comecei a fazer uma prece fervorosa a Deus pedindo, ainda sem entender muito bem o motivo, primeiramente o Seu perdão e depois que me mostrasse o caminho até um local onde pudesse matar a minha sede.
Curiosamente após esta prece eu olhei para uma determinada região da mata e senti como se alguém invisível aos olhos estivesse a me indicar que aquele era o caminho que eu deveria seguir para ter minha prece atendida. Sem mais demoras eu me levantei de um salto e passei a caminhar em passos acelerados na direção indicada; andei, andei e andei até ter uma visão que me fez sentir o homem mais rico do mundo: um extenso rio caudaloso, de correnteza forte, cheio de pedras e mediamente largo de uma margem a outra. Na verdade nem pensei duas vezes e corri com toda velocidade até começar a saciar a minha sede na maior voracidade.
Somente após acabar com minha sede ( me sentindo o mais feliz dos homens ) foi que eu percebi que se quisesse encontrar a saída daquela mata, deveria tentar atravessar o rio a minha frente e, na realidade, foi o que eu tentei fazer, mas ao lembrar a enorme quantidade de pedras dos mais variados tamanhos e a força da correnteza além de, principalmente, o fato de eu não saber nadar, cheguei a conclusão de que não conseguiria passar para a outra margem. Já estava mesmo começando a ficar desesperado quando me lembrei de fazer uma nova prece, com todo o meu coração, pedindo forças ao Criador para alcançar o meu intento.
Passado alguns instantes após o término da prece eu, já sentado e recostado a uma árvore, passei a ficar olhando toda a extensão daquele rio quando, de repente, senti como se aquele alguém invisível estivesse à beira do rio a indicar o caminho até a outra margem; e foi com certo medo e muita prudência que me pus a pisar passo a passo onde eu percebia que deveria colocar os meus pés para, não me perguntem como, de fato, alcançar a outra margem.
A adrenalina na travessia do rio foi tão intensa que a minha fome chegou a um nível praticamente insuportável; engraçado que se antes eu reclamava do sol pelo fato dele nunca sair de sua posição no meio do céu, apesar de eu sentir a passagem do tempo; agora eu agradecia a Deus por tudo estar acontecendo desta forma porque se assim não fosse, naquele exato momento, eu estaria perdido porque certamente seria tarde da noite e eu não enxergaria um palmo a frente do nariz e foi daí que eu notei, mais uma vez, o fato de que, com certeza, Deus sabe o que faz.
E vislumbrar toda essa infinita sapiência Divina e o “roncar” de meu estômago ( que insistentemente não me deixava esquecer a fome que estava sentindo ), além de observar o fato de que toda a vez que eu dirigia uma sentida e verdadeira prece a Deus, Ele de alguma forma ( e de acordo com meus merecimentos ) acabava por me atender, foi o que me deu uma enorme força para, mais uma vez, dobrar meus joelhos no chão e Lhe direcionar uma prece pedindo que me indicasse um caminho onde eu pudesse aplacar a minha fome.
Pode parecer incrível, mas novamente senti um alguém invisível a me direcionar os passos e eu, apesar de já estar com as pernas fadigadas, recomecei a caminhar até ter uma visão que, para um faminto como eu, parecia um verdadeiro manjar dos deuses: inúmeras bananeiras completamente carregadas com frutos maduros.
Ainda senti este mesmo alguém invisível a me pedir que antes de me alimentar agradecesse ao Divino criador pela graça recebida, mas a minha fome foi maior e eu comecei a andar em direção aos frutos de meu desejo até visualizar, a poucos centímetros da bananeira mais próxima, algo que fez o meu sangue gelar por completo: era a materialização de meu medo de cobras representada na figura de uma temível cascavel. Fiquei imóvel e boquiaberto olhando para sua língua colocada para fora e observando o som do seu chocalho já extremamente arrependido por não ter ouvido a determinação da espiritualidade me pedindo para agradecer a Deus por ter encontrado as bananeiras antes de procurar me alimentar.
Sabia que se fosse picado ali seria certamente o meu fim e percebi finalmente que para mim não haveria outra solução a não ser pedir perdão a Deus pela minha intolerância e assim eu fiz com toda a fé de minha alma para, ao descerrar os olhos, notar que a cobra ainda estava a minha frente a me fitar; mas foi nesse instante que, de repente, escutei um estranho e arrepiante assovio para assustadoramente observar ( como se ela também tivesse escutado ) a cascavel sair de minha frente e mover-se em direção ignorada como se nada tivesse acontecido.
Muito provavelmente sensibilizado por este fato e por tudo que já acontecera até ali eu, antes de agradecer a Deus pelo banquete que estava prestes a degustar, primeiramente agradeci (com a face completamente banhada por lágrimas de alívio), pelo livramento recebido.
Após alimentar-me eu, com um medo extremamente terrível de encontrar algumas outras cobras pelo caminho, coloquei-me novamente de joelhos e fiz ardorosa prece a Deus dizendo a Ele que eu não sabia o caminho que me fizesse sair da mata e que justamente por isso, de onde eu estava não teria condições nem físicas, nem racionais e nem emocionais de me mover em direção alguma se não fosse com o Seu divino auxílio.
Alguns instantes após a prece ouvi em minha mente uma voz a responder o meu apelo:
— Que sem o auxílio divino você não consegue achar o rumo de sua vida e a saída de seus problemas nós já sabíamos e tentamos lhe explicar quando fomos buscá-lo esta noite durante o seu sono físico, mas infelizmente você não nos escutou. Pelo fato de estar acostumado com nossas companhias nos rituais de umbanda você nos desrespeitou ao desprezar nossas determinações e nos tratar como espiritualmente e moralmente iguais a você. Agora você quer sair da mata e nós vamos auxiliá-lo como sempre estivemos a fazer a cada vez que você, com extrema humildade, fazia uma prece ao Divino criador; acontece que você terá que sair de onde está com suas próprias pernas.
— Sim senhor.
— Entenda que nada disso teria acontecido se você não tivesse sido intransigente, prepotente e até mesmo arrogante.
— Sim senhor.
— Comece a caminhar e você encontrará o caminho da saída e, no final deste, nós estaremos a te esperar.
— Sim senhor.
E assim eu comecei a caminhar com toda a fé do meu ser e, estranhamente, após instantes que me pareceram breves, eu consegui vislumbrar a saída da mata e acelerei os meus passos até deixar a última das árvores para trás.
Olhei então para minha frente e vi que estava diante de um campo revestido inteiramente por gramas como se fosse um estádio de futebol em perfeita qualidade de preservação; coloquei, então, a destra por cima de minhas vistas para eliminar a interferência dos raios do sol e pude perceber que logo adiante de mim, sentados debaixo da sombra de vários pés de carvalhos que estavam muito próximos entre si, havia vários espíritos que eu, de alguma forma, sabia que eram as entidades que trabalham comigo na religião de umbanda.
Estes espíritos estavam a sorrir como se estivessem a me esperar, mas à medida que eu deles me aproximava isto estranhamente fazia com que os seus semblantes ficassem cada vez mais sérios.
Quando eu me aproximei efetivamente deles o espírito que aparentava ter mais idade falou para mim:
— Conseguiu né fio?!?! Não foi fácil, mas fio conseguiu.
Pelo timbre de voz eu percebi que era o mesmo espírito que havia se comunicado comigo mentalmente quando estava na mata, mas havia dentro de mim uma dúvida tão grande sobre tudo aquilo que eu acabara de vivenciar que, apesar de todo o respeito que eu devoto a estes irmãos do plano maior eu sentia que tinha o dever de buscar algum esclarecimento antes que enlouquecesse, e foi o que fiz:
— É meu irmão, graças ao bom Deus eu consegui sair, só que na verdade eu estou com algumas dúvidas que eu gostaria de esclarecer, o senhor me permitiria?
— Pode falar fio.
— É que quando eu ainda estava na mata o senhor me disse que veio me buscar no momento do sono para me trazer a uma região de mata que, por sinal, é o ponto de forças da natureza com o qual eu tenho menos afinidade, e eu ainda não consegui entender o que o senhor gostaria de alcançar com tudo isso.
— Eu posso te explicar fio. Foi assim: eu junto com alguns companheiros espirituais afins fui buscá-lo em espírito esta noite e lhe explicamos que o que queríamos com a nossa visita é ensiná-lo como deve ser o procedimento mental, emocional e espiritual de todo médium enquanto uma entidade estiver se utilizando de seu corpo físico durante a incorporação; só que ao invés de tentar realizar o nosso intento em algum tipo de sala de aula, nós julgamos por melhor ensina-lo através de um ponto de forças da natureza que, no caso, é a região de mata, entendeu?
— Sim senhor, mas porque eu fui deixado sozinho em um ponto de forças da natureza com o qual eu não tenho afinidades?
— Engano seu companheiro, a região de mata pela qual você passou lhe é intimamente afim e particular; e lhe digo mais: você é a única pessoa no mundo que já viu e que poderá ver a região de mata pela qual atravessou.
— Verdade???
— Verdade e sabe por quê?
— Não senhor.
— Pois então eu lhe explico: é porque esta região de mata não existe no plano físico, ela é, antes, uma representação da essência vegetal que existe dentro de todo ser humano, e esta noite eu achei por melhor tentar faze-lo conhecer qual é o estado mental, físico e espiritual que todo médium deve ter enquanto está incorporado através da essência vegetal que lhe é particular. Acontece que no momento que você ouviu de nós que a lição da noite de hoje seria “Comportamento ideal de um médium durante a incorporação” e que para realizá-la nós plasmaríamos uma região de matas que representasse sua essência vegetal você, pela excessiva empolgação e por achar que já está bastante acostumado com o processo de incorporação, não quis escutar nossas orientações e passou a dizer que, se a região de matas seria plasmada a partir de sua essência vegetal, você então seria capaz de sair da região de matas de olhos fechados. Nós não lhe fechamos os olhos, mas devido ao seu terrível ato de intolerância e até mesmo de vaidade, nós lhe deixamos na região de mata por conta de suas próprias forças. Quando você, aos poucos, começou a recobrar a divina virtude da humildade ao longo de sua jornada, pôde, assim, sentir nossa presença e encontrar a saída da mata que, na realidade, como já dissemos, lhe é infinitamente particular.
— Meu Deus isto é inacreditável. Chegaria a dizer que é até mesmo impossível ou loucura se não tivesse vivenciado por mim mesmo.
— Nunca se esqueça de se lembrar fio e nem de falar a seus irmãos de religião que mesmo que vocês tenham décadas e mais décadas de contato com o mundo espiritual através da incorporação, na hora deste divino momento, o mais importante é vocês esquecerem toda impetuosidade desmedida, toda vaidade descabida e toda interferência indevida nos trabalhos e falas que as entidades incorporadas tenham a realizar. Toda vez que uma entidade incorpora é como se vocês e ela estivessem entrando em uma região de matas onde, se vocês quiserem extrair dela todos os sumos, sucos, ungüentos, benefícios e ensinamentos possíveis e saírem de seu território bem tanto fisicamente, quanto emocionalmente e mentalmente ao final de cada incorporação, devem seguir o humilde conselho que este caboclo como porta-voz de uma coletividade de espíritos com quem você tem afinidades, está a lhe comunicar: a incorporação é um momento divino que exige dos médiuns humildade, tolerância, sabedoria, disciplina e paciência. Sigam este singelo conselho e vocês terão todos os instrumentos para serem bons médiuns.
E como se já houvesse falado tudo que havia para ser dito o amigo espiritual bateu as mãos duas vezes e eu, na mesma hora, acordei espantado em cima da minha cama.


Postado por Pedro Rangel T. Sá