segunda-feira, 25 de julho de 2011

SETE ESPADAS


Há dez anos comecei a sentir a presença de um homem enigmático ao meu lado.
Não entendia e não sabia o porquê, apenas podia vislumbrá-lo freqüentemente.
Veio o nascimento de minha filha e foi quando ele enterrou sua primeira espada em meu ser e denominou-a: vida.
Meses após, meu pai desencarnou por obra de magia negra e ele enterrou uma segunda espada em mim, denominando-a: justiça.
Vários meses depois do ocorrido nova magia negra foi ativada, só que desta vez para destruir meu matrimônio e este ser enterrou uma terceira espada em meu espírito, denominando-a: amor.
Três anos passaram-se e cursos magísticos surgiram em minha vida no exato momento em que este ser introduziu-me a espada de nome: conhecimento.
Um ano após este fato rompeu-se o vinculo empregatício que possuía no momento e este ser, de forma enigmática, instalou em mim a espada denominada: lei.
Quatro anos se seguiram a este acontecimento e minha mãe veio a desencarnar no preciso momento em que foi introduzida em mim a espada de nome: evolução.
Seis dias atrás este ser segurava uma espada nas mãos. Olhou-me de cima a baixo e introduziu-a em mim sem retirar a mão do cabo, depois a levantou com a mão esquerda enquanto com a destra retirava, uma a uma, todas as espadas que estavam dentro de mim para amoldá-las, num encaixe perfeito, àquela que ele mantinha no alto.
A espada que ele sustentava no alto tornou-se diferente e ele, assim, enterrou-a em mim, mas não sem antes denominá-la: fé.
Deu as costas para mim e senti que pela primeira vez, após dez anos, não o sentiria mais ao meu lado; então corri aceleradamente até ele.
Senti que não deveria tocá-lo e também não sabia seu nome, assim, ajoelhei-me à sua frente e disse:
─ Senhor, por favor, não se vá!
─ Por que você me quer ao seu lado?
─ Por que me sinto protegido.
─ Minha proteção você sempre terá sempre que se fizer merecedor, não se preocupe!
─ Mas são dez anos de companhia! Por que o abandono? Fiz algo de errado?
─ Algo de errado, infelizmente, vocês sempre fazem, entretanto não é por isto que estou indo embora, mas pelo desejo de meu Pai!
─ Seu Pai?
─ Sim, àquele que está assentado no Trono Sete Espadas!
─ Então o senhor é um Sete Espadas, não é?
─ Exato.
─ Sei que o senhor é um cumpridor da Lei e deve partir, mas eu poderia fazer algumas perguntas?
─ Seja breve!
─ Espadas cortam e sei que cada uma que introduziu em mim cortou algo inadequado à minha evolução, acontece que como o senhor estava sempre do meu lado eu nuca preocupei-me com estas espadas em meu interior, só que agora o senhor vai embora e estas espadas dentro de mim, como ficam?
─ Ficam exatamente onde estão, até que chegue a sua hora!
─ Que hora?
─ Você só saberá quando chegar, mas não se preocupe porque estas espadas não fazem o mal, apenas cortam o medo.
─ Medo?
─ Sim, o medo: instrumento das trevas que obscurece a fé!
─ Mas apenas a última espada introduzida em mim possuía o nome: fé!
─ Exatamente. As outras espadas instaladas só serviram para esta tornar-se mais forte.
─ O senhor poderia explicar?
─ Parcialmente. Tua filha nasceu e em você foi introduzida a espada da vida, preciosa aliada contra o medo da morte.
─ Entendo.
─ Teu pai desencarnou e foi-lhe introduzida a espada da justiça, companheira na luta contra o medo de que outra injustiça, pelo menos em sua forma de ver na época, acometesse outro membro da sua família.
─ Teu matrimônio foi atacado e a espada do amor, valorosa amiga contra o ódio, foi colocada em você.
─ O medo do conhecimento não deveria impedi-lo de entrar em contato com cursos magísticos e a espada do conhecimento foi o instrumento a auxiliá-lo neste sentido.
─ O medo do desemprego foi combatido com a espada da Lei e o medo de não saber como viver sem tua companheira na hierarquia divina fez com que fosse introduzida em ti a espada da evolução.
─ O senhor fala em combate, mas as espadas não estavam em minhas mãos!
─ Uma espada não precisa estar necessariamente nas mãos para se travar o bom combate. Aquele que a tem nas mãos é o ajudante, o que a recebe é o ajudado.
─ O teu maior medo sempre foi a fé. Fortalecer tua vida, teu senso de justiça, teu amor, teu desejo de conhecimento, teu sentido de lei e evolução, foi a forma encontrada por meu Pai para fortalecer tua fé.
─ Entendo.
─ Por isso todas as seis espadas anteriores foram encorpadas numa só.
─ Mas seria muito bom se o senhor pudesse permanecer ao meu lado!
─ Já disse que de seu lado jamais sairei enquanto for permitido pelo teu merecimento. Tudo está na intensidade do teu coração e na força da tua mente. Tudo está certo como Deus o quer. Você já está devidamente fortalecido.
─ O senhor desculpe se for ousadia, mas se estou assim fortalecido por que as espadas ainda estão em mim?
─ Isto também já lhe disse, mas também posso repetir: uma espada não precisa estar necessariamente em mãos para que se possa travar o bom combate.
─ Mas se o senhor é o combatente e eu sou o ajudado, quem manipulará as espadas com o senhor não estando mais ao meu lado?
─ Pense no que conversamos e você entenderá! Que a força de Pai Ogum lhe guarde!
─ Que assim seja!


Mensagem recebida por Pedro Rangel em 24/07/11