O filho de um rico comerciante romano encontrava-se terrivelmente enfermo.
Tratava-se de moléstia desconhecida aos médicos da época e que parecia incurável. O mancebo encontrava-se em estado de prostração terrível, não sentia fome e perdia muito peso em ritmo acelerado; sendo que por vezes era acometido por estranho estado febril que o fazia entrar em delírio.
O pai aflito, então, determinou ao funcionário em que depositava maior confiança que trouxesse a sua moradia os melhores médicos do império.
Tempos depois o fiel escudeiro retornou com os quatro melhores médicos de Roma.
O primeiro deles possuía a alcunha de “ médico do Norte”, pois em toda região norte raríssimos foram os doentes que não encontraram a cura por meio do exercício de sua profissão. O segundo era denominado “médico do Sul” por que os casos de restauração de saúde dos enfermos em sua região beirava os 100%.
O terceiro era conhecido como “médico do Leste” e o quarto como “médico do Oeste” por motivos similares aos de seus outros dois colegas de profissão.
O primeiro médico não conseguiu curar o filho do comerciante. O mesmo deu-se com o segundo e terceiro médicos.
O comerciante já estava aflito com a situação e o pranto escorria incontido de seus olhos quando o quarto médico saiu do quarto de seu filho. Este também não conseguiu curá-lo, após semanas de tentativas, e ainda disse-lhe que a cura seria impossível.
Muitos dias se passaram após e, junto com eles, aproximava-se o momento possível de desencarne do jovem que,assim,pediu ao pai que realizasse o seu último desejo: passear pelas ruas de Roma.
O desejo foi atendido prontamente e já nas ruas o sol, em pouco tempo, começou a fazer mal ao filho do comerciante que passou a orar que os deuses cuidassem bem de sua alma.
E foi neste exato instante de desespero que uma figura de semblante sereno aproximou-se da liteira onde se encontrava o moribundo. Estava acompanhado por três homens: todos com sandálias gastas e roupas sujas com bastante pó, como se houvessem andado bastante tempo a pé de uma região para outra.
Pensando tratar-se de malfeitores um soldado fez intenção de desembainhar a espada, mas uma candura inexplicável e tamanha brotava do líder daqueles homens, o que não permitiu a conclusão do ato.
Pressentindo que estava em momento crucial de sua existência o jovem pediu que abaixassem sua liteira. O pai contrariou-se com a situação, mas o mancebo pediu para conversar com o tal homem em particular; então, vociferando palavras de ameaça àqueles homens, o genitor andou poucos metros a frente de onde se encontravam e levou o soldado consigo.
O líder dos homens maltrapilhos também solicitou que seus companheiros de jornada o deixassem a sós com o jovem e, no instante que isto ocorreu disse a ele:
− Venho aqui por parte do Alto do Altíssimo!
− É estranho! Você está imundo, pelas vestimentas parece apenas mais um no meio da plebe, entretanto não sei se estou mais uma vez em febre delirante, mas o vejo rodeado por seres luminosos com halos dourados, não sei quem você é ,mas sei que não é mais um na multidão, você poderia ajudar-me, pois sinto a morte bem próxima?
−Você quer a cura?
−Sim!
−Só você pode curar a si próprio!
− Mas como vou curar a mim mesmo se os melhores médicos não conseguiram?
−Não humilhando mais sua esposa, sendo um pai mais presente ao seu filho, não usurpando mais as economias do seu pai sob hipótese alguma, nem mesmo para ostentar aos amigos levianos um poder que não possui.
−Agora estou certo que não és mais um na multidão, pois como poderia saber sobre particularidades da minha vida?
−Eu, por mim, nada sei! É o Pai que habita em mim Quem tem a ciência de todas as coisas!
−Qual o nome do seu deus de devoção?
−Deus, simplesmente Deus! Deus é um só!
−Eu tenho devoção a Júpiter!
−Júpiter é uma divindade de Deus, é o fogo equilibrador de toda a criação, mas não é o próprio Deus!
−Homem estranho e de fala estranha eu lhe digo: em todo este tempo que me encontro adoentado tenho, de fato, repensado bastante em toda minha vida e sei que não tenho sido bom pai, esposo e nem filho, mas do jeito que me encontro como poderia curar a mim mesmo?
−Deus irá curá-lo, você somente se esforçará para manter a cura.
−Mas você disse que não poderia curar-me!
−E não posso, mas Deus em mim pode e assim o fará! A tua hora ainda não chegou, mas para mim já é chegada a hora!
−Você está para morrer? Não entendo do que fala!
−Não falo de morte, pois morte não existe, falo de fé!
− Não o entendo!
−Depois que eu me for você será chamado a dar testemunho de sua fé. Poucos o entenderão, mas Deus estará contigo.
−Homem estranho saiba que cuidarei de ser um homem melhor para mim mesmo e para os meus, e se você realmente conseguir me curar passarei a seguir o teu Deus com todo o meu ser.
−Você não seguirá o meu Deus, pois Deus é um só e, além disto, só dará testemunho de sua fé quando for chegada a minha hora e entenda que o poder do Altíssimo é tão grandioso que você passará a desejar ser um homem melhor não somente para sua família, mas para todo ser vivente, pois verá a todos como irmãos e filhos de um mesmo Pai:Deus.
−Sinto tudo o que me diz como real, mas não sei como será possível!
− Não te preocupes, pois assim como já é chegada a minha hora, a tua também virá: pés de árvores que geram frutas diferentes fazem com que amadureçam em tempos diferentes, mas uma pêra é irmã de uma maçã assim como um único homem o é de toda a humanidade. De repente ele se calou. Baixou a cabeça, fechou os olhos e levantou os braços aos céus como se fizesse uma oração. Um vento muito forte passou brevemente pelo local e ele,então, clamou: Pai, seja feita a vossa vontade!
Instantes após o homem já estava curado e, desta forma, aquela terna figura tomou a direção dos seus companheiros para continuarem a prosseguir jornada, entretanto o ex-enfermo aproximou-se daquele homem e perguntou-lhe:
−Bom homem, antes de prosseguir em sua viagem eu gostaria que você dissesse qual moléstia era esta que obstruía meu coração, minha mente e que nem os melhores médicos conseguiram diagnosticar, é possível?
Aquela figura, que tanto amor e paz transmitia, virou-se calmamente e respondeu à pergunta com apenas uma palavra:
− Egoísmo!
Em seguida irmanou-se com os companheiros de jornada e continuaram a seguir em direção ao norte onde um indivíduo de nome Nicodemos também esperava pelas bênçãos de Deus!
Mensagem do espírito M.M. canalizada por Pedro Rangel
Um comentário:
Pois é...muitas vezes , precisamos adoecer fisicam/ para nos purificar de certas doenças d'alma...
Muito Edificante !
Paz e Bençãos de Pai Oxalá !
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