terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Pano branco: o pano da fé ( parte 1 )





Gonçalo encontrava-se radiante por haver conseguido tirar suas aguardadas férias do trabalho: iria, juntamente com a esposa e a filha, viajar para a casa dos sogros em região interiorana de estado localizado no sudeste brasileiro.
As malas estavam prontas e a grande viagem aconteceria no inicio da tarde do dia seguinte; Gonçalo já estava fechando a bolsa de viagem quando alguém conhecido disse-lhe mentalmente:
− Falta o pano branco filho!
− Pano branco? Qual?
− O seu paninho de cabeça!
− Meu pano de cabeceira?
− Isto filho!
− É para eu levar meu pano de cabeceira?
− Isto filho! Qual o espanto?
− O pano não é um instrumento para uso no terreiro?
− O pano é um instrumento que viabiliza a conexão dos médiuns com a energia de Deus e de seus mentores independente de onde quer que estejam.
− Verdade?
− Sim, entretanto só existem duas regiões em que este pano é reenergizado: um centro de Umbanda ou um espaço da natureza ( rios, cachoeiras, matas, etc ). Leve o paninho filho, por caridade!
O amigo espiritual retirou-se e Gonçalo foi tomar uma ducha, mas não sem antes pensar: “ será que estou ficando maluco?”, “Isto foi, de fato, uma determinação espiritual ou será que estou endoidando?”, “ Bem, já que não custa nada, eu vou levar”.
O grande dia chegou e a viagem transcorreu tranqüila com todos chegando bem ao local de destino.
Como Gonçalo gostava de estar naquele lugar! Era coisa secreta no coração dele, mas a sensação que tinha era a de que já vivera ali séculos atrás em encarnações pregressas. A estadia de todos no local duraria cerca de duas semanas e Gonçalo não perdeu um segundo no desfrutar de todas as possibilidades de lazer que o mesmo oferecia: era uma região muito rica em matas, rios e cachoeiras – cada uma mais linda que a outra.
Fã de jogos eletrônicos, Gonçalo também não deixou de se divertir juntamente com os familiares de sua esposa neste tipo de lazer. Os dias pareciam que não tinham fim.
Em um dia de quarta-feira pela manhã, assim que acabara de despertar e enquanto cuidava de sua higiene bucal, o mesmo alguém conhecido disse-lhe mentalmente:
− Filho, hoje levar pano de cabeceira na cachoeira quando não houver ninguém!
− Desculpe, mas como é?
− Levar hoje pano de cabeceira na cachoeira quando não houver ninguém!
− Mas como é que eu vou saber quando não haverá ninguém se aquela cachoeira vive cheia de gente não só pelo dia, mas também pela noite quando muitos acampam para pernoitar,pescar, fazer lual ou outras atividades de lazer?
− Não esqueça filho!
A entidade foi embora e Gonçalo tornou a pensar: “ Meu Deus, acho que estou ficando doido mesmo, pois é impossível adivinhar quando aquela cachoeira está vazia, até mesmo porque ela não é tão perto assim de onde estou para que eu fique indo e voltando até ela a todo instante para ver se está vazia”. “Bem, deixa pra lá por que se for coisa de entidade mesmo, Deus que me desculpe, mas elas que arranjem um jeito, pois o que eu quero hoje é jogar até dizer chega!”.
Gonçalo divertiu-se com jogos eletrônicos até o horário do almoço. Após o almoço, novamente na hora da higiene bucal, o amigo espiritual tornou a lembrá-lo, mentalmente, do compromisso.
Gonçalo tornou a achar que era coisa da sua cabeça e voltou a divertir-se com o sobrinho através de jogos eletrônicos. Por volta das 19:00hrs, no intervalo entre um jogo e outro, a entidade disse a ele mentalmente:
− Está na hora filho: levar pano de cabeceira na cachoeira em hora que não tem ninguém!
− Mas como é que eu vou saber a hora que ela estará vazia?
− Agora filho! Na hora que não tem ninguém, levar pano seu pra lá!
− Então o senhor está me dizendo que agora não tem ninguém?
− Está na hora filho! Agora!
− Mas é que estou com fome, o senhor concede permissão para comer alguma coisa rapidamente?
− Sim, mas não demore filho, pois está na hora!
Sentindo a veracidade daquela informação Gonçalo voltou para casa onde estava hospedado, lanchou, pegou o pano de cabeceira e dirigiu-se à cachoeira. Eram aproximadamente 19:00hrs.
A cachoeira ficava a vinte minutos de distância andando a pé. Gonçalo pensou em apertar o passo, mas recebeu a determinação por meio de seu mental:
− Ande naturalmente e não tenha pressa, essa hora é boa por que é hora de preto-velho.
− Hora de preto-velho? Como assim?
Gonçalo não obteve resposta e já estava quase chegando à região de mata quando começou a pensar que estava enlouquecendo, que aquelas vozes que ouvia eram as de si próprio e não de entidade alguma, pois não haveria possibilidades da cachoeira estar vazia naquele horário.
A entidade amiga retomou o diálogo:
− Diga a verdade filho! Fale que está morrendo de medo em entrar na mata porque já está anoitecendo e você tem pavor de cobras!
− Morro de medo mesmo, como o senhor sabe e disse.
− Estou vendo que você não para de pensar nelas desde quando começou a sua trajetória.
− O senhor sabe que sou capaz de sair no braço com a maior onça que houver, se for para defender a vida, mas que paraliso por completo se avistar a menor cobra que existir no mundo.
− Pare de pensar nelas Gonçalo, pois seu temor está as atraindo em sua direção.
− Mas eu não estou pensando nelas, estou pedindo a Deus que não aviste nenhuma ao longo da trajetória.
− A sua oração é fruto do temor.
− Mas o que é que posso fazer?
− Não se preocupe eu vou me afastar um pouco!
− Não, por favor!
Gonçalo passou a pensar: “Meu Deus e agora? Estou perdido!”
Entretanto, sem que notasse, Gonçalo cerrou o punho esquerdo impensadamente e foi levando-o em direção ao peito. A noite havia chegado, mas sem que Gonçalo pudesse explicar, todo o seu temor de cobras havia desaparecido: ele sentia-se perfeitamente integrado a natureza como se ela fizesse parte de todo o seu ser, cantigas indígenas antigas e totalmente desconhecidas eram entoadas mentalmente por ele aumentando a entronização entre o ser e o meio ambiente.
Mais adiante ele passou a sentir todo o seu ser integrado a natureza e vice-versa. Faltava descer à ladeira que dá acesso a cachoeira quando ele notou que sua boca estava torta assim como acontece quando está incorporado com o caboclo que lhe assiste nas incorporações; percebeu também que seu punho esquerdo estava cerrado no peito assim como tal entidade se manifesta quando incorporada. Entretanto Gonçalo não estava incorporado e estranhava aquela situação percebida por ele.......( continua )


Mensagem recebida por Pedro Rangel

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

INGRATIDÃO





Certa noite, enquanto meu corpo repousava na cama, fui atraído para uma região de mata onde havia um campo coberto por gramíneas tão verdejantes e alinhadas que mais parecia um gramado de campo de futebol. Em todo aquele vasto campo só existia um pé de árvore: era uma jabuticabeira e eu recordei-me que já estivera no local em outra ocasião.
Um preto-velho baforava um cachimbo e estalava os dedos ao redor de uma vela posicionada no chão enquanto analisava uma pequena tela translúcida disposta à sua direita. O sol brilhava forte no céu, mas a entidade amiga trabalhava no aconchego provocado pelas sombras da árvore amiga.
Ele olhou para mim e, mentalmente, pediu-me respeito e oração pelos acontecimentos que ali se sucederiam. Calei minha curiosidade e fui para a esquerda do amigo espiritual, após haver recebido dele a determinação para isto.
Então, como que por um encanto, apareceu um homem que se sentou a frente da entidade depois de já tê-la saudado respeitosamente.
Não posso enganar a ninguém e devo confessar que minha curiosidade ficou aguçada com aquela situação, entretanto, a empatia emanada pelo assistido era tamanha que passei a sentir sua dor e sua angústia como se fossem minhas. Assim, calei minha bisbilhotice e coloquei-me a orar piedosamente por aquele espírito que sabia ser encarnado pelo cordão prateado que trazia junto a si.
O diálogo iniciou-se quando Pai Josué perguntou ao assistido:
− Como vai suncê meu filho?
− Estou muito cansado vovô!!
E, dizendo isto, passou a chorar copiosamente. Chorou tanto e tão sentidamente que, enquanto orava, chorei também junto com ele como se também fossem meus o cansaço e a dor que ele sentia. Pai Josué estalava serenamente os dedos da mão direita em torno da vela enquanto o homem acalmava as emoções. Somente após foi que disse a ele:
− Chorar faz bem pra alma zifio, suncê tá melhor?
− Desde que nasci só faço passar por ingratidão vovô, muita ingratidão!
− Na verdade eu me sinto mesmo é muito sozinho. Sei que é melhor estar só do que mal acompanhado, mas como dói quando a solidão vem de braços dados com a ingratidão! Estou cansado vovô!
− Mas o que tá acontecendo zifio?
− O que sempre acontece desde que nasci vovô: ingratidão em cima de ingratidão.
− Preto-velho sabe zifio, mas conta pra nêgo sobre a última ingratidão, por caridade!
− Eu e meus irmãos estávamos com fome dentro de uma mata e bem distantes do lar. Para tentar aplacá-la todos passamos a procurar algum pé de frutas comestíveis, mas não conseguíamos encontrá-lo.
− Todos se ajoelharam na mata e deram as mãos enquanto faziam orações para que Deus me abençoasse a encontrar as tais frutas, pois já estávamos cansados da procura e indicaram-me para tal tarefa. Enquanto também orava sai a procura e encontrei uma mangueira repleta de frutos maduros.
− Louvado seja Deus zifio!
− Retornei para junto dos irmãos e contei sobre a descoberta. Todos exultaram em alegria, mas observaram que o pé de manga era muito alto e passaram a questionar como fariam para tirar as frutas do pé. Como não chegaram a um consenso sugeri que eu e meus três irmãos passássemos a procurar alguma vara para tirar os frutos uma vez que nenhum de nós tinha condições de subir na árvore que, de fato, era imensa.
− E depois, meu filho?
− Alguns minutos depois cada um de nós trouxe uma vara, mas só uma possuía altura suficiente para atingir as frutas mais próximas ao solo sendo as demais descartadas por nós.
− Como entre todos eu era o mais alto, fui escalado para tirar os frutos com a vara. O sol estava muito forte e cegava minhas vistas, mas consegui atingir um galho que estava repleto de mangas; entretanto atingi junto uma casa de marimbondos que veio ao chão espatifando-se em três pedaços. Os insetos vieram atrás de nós com toda a força e corremos velozmente em direção a um rio que havia ali por perto.
− Suncês conseguiram escapar?
− Dos maribondos sim, mas não sem antes nós todos levarmos algumas ferroadas.
− E depois?
− Após, retornamos a mangueira e degustamos de seus frutos. Tal gesto deu-nos força e sustento para retornarmos ao lar. Entretanto, quando isto se deu,de uma forma que não sei explicar, uma diarréia terrível atacou a cada um de nós.
− Mas graças a Zambi que suncês venceram a fome e conseguiram retornar ao lar!
− Eu também penso assim Pai Josué, mas meus irmãos culparam e ainda me culpam por tudo: pelas ferroadas dos insetos, por quase haverem se afogado no rio, por eu haver encontrado uma mangueira ao invés de outro fruto e por tudo mais que suas fantasias conseguem alcançar.
− E esse é o tal motivo do seu cansaço atualmente zifio?
− Desculpe-me por minha imperfeição vovô, mas é isto mesmo!
− Imperfeitos somos todos nos zifio, só Deus é perfeito!
− Eu sei, mas o senhor é muito mais elevado espiritualmente do que eu vovô, ao senhor este cansaço pode até mesmo parecer coisa pequena!
− Engano seu zifio! Como nêgo pode apequenar algo que está trazendo tanta dor pra suncê?!? Apequenar não ajudará suncê a entender sobre o amor de Deus!
− Amor de Deus?
− É zifio: a caridade! De mais a mais, este nêgo apanhou muito pra conseguir entender uma coisinha ou outra na atualidade.
− Verdade vovô?
− Claro zifio, suncê quer ver?
− Ver vovô, mas como?
− Nesta tela que suncê ta vendo aqui do lado de nêgo!
− Puxa vovô se não for violar sua intimidade e trazer a lembrança antigas dores eu gostaria sim.
− Zifio, se suncê tiver fé e muito amor de Deus no coração acabará entendendo um dia que a verdadeira dor sente mais aquele que inflige o açoite do que aquele que o recebe. E como dói esta dor zifio! Como ela pode durar quase que infinitamente!
− Como assim Pai Josué?
− Vamos assistir as imagens?
− Sim senhor!
O preto-velho estalou os dedos e imagens passaram a suceder-se na tela.
Foram dois episódios aparentemente diferentes com os mesmos personagens:
No primeiro episódio, apareceu um homem muito parecido com Pai Josué que trazia nas mãos uma sacola de pano, de tamanho médio, cheia de moedas. Chegando em frente de um outro homem ele entregou-lhe todas as sua moedas e este, então, deu-lhe um pedaço de tesouro ínfimo.
No segundo episódio, o mesmo homem que se assemelhava a Pai Josué, trazia na mão uma única moeda e entregou-a ao mesmo homem do primeiro episódio que, assim, entregou-lhe um grande e bonito tesouro; após as imagens apagaram-se da tela. Pai Josué perguntou para seu assistido:
− Entendeu zifio?
− As moedas eram de valor diferente vovô?
− Não zifio, eram moedas mágicas que possuíam o mesmo valor.
− Moedas mágicas?!? Como pode ser isto? Como uma porção de moedas mal deu para comprar uma minúscula jóia enquanto que uma só moeda comprou uma jóia fabulosa?
− Suncê observou o nome da unidade monetária cunhada na moeda?
− Não vovô!
Então observe mais uma vez!
Dizendo isto o vovô voltou as imagens dos dois episódios em cenas especificas e seu assistido observou que, de fato, as tais moedas mágicas tinham realmente o mesmo valor em ambos.
A entidade perguntou-lhe:
− E agora zifio, suncê observou o nome da moeda?
− Sim senhor: é INGRATIDÃO!
− E o que suncê entendeu?
− Muito pouco: quer dizer que muita ingratidão não compra quase nada e pouca ingratidão compra quase tudo?
− Mais ou menos, mas pense: o que e quem dá valor às moedas?
− Deus?
− Então suncê está dizendo que Deus fornece ingratidão para a vida de seus filhos, é isso?
− Não, Deus é justo!
− Então quem valora as moedas?
− A própria pessoa que recebe?
− Exatamente zifio. Estas moedas são mágicas por que tem a propriedade de fazer o seu portador entender que o verdadeiro lucro vem não por fazê-las render mais, mas sim menos.
− Elas são um exemplo daquela situação em que menos é mais, vovô?
− Exatamente zifio, mas por meio de que suncê acha que o portador das moedas pode e deve desvalorizá-las fazendo com que rendam menos e aumentem a possibilidade de que recebam os mais valorosos tesouros?
− O merecimento e o carma?
− Explica pra nêgo zifio, por caridade!
− No primeiro episódio a pessoa em questão estava com a sacola cheia de ingratidão devido ao seu carma de reencarnações pretéritas, já a pessoa do segundo episódio ( apesar de ser muito parecida com o do primeiro )tinha menos carma a quitar nos campos da ingratidão e assim só era portadora de uma única moeda.
− Zifio, e se nêgo veio contar que as pessoas dos dois episódios são uma só?
− Bem que eu desconfiei Pai Josué!
− São uma só na mesma encarnação!
− Como assim Pai Josué? Como aquela pessoa ficou com uma só moeda ao término de uma encarnação se no inicio da mesma possuía várias?
− Então zifio, é justamente isto que nêgo quer saber!
E, dizendo isto, deu “aquela” risada gostosa como só os preto-velhos sabem fazer. O assistido da entidade riu efusivamente junto com ela.
− Olha vovô anteriormente em nossa conversa o senhor falou no amor de Deus, a caridade, seria isto?
− Uma parte da resposta sim, zifio, mas conta pra este preto-velho como foi que Nosso Senhor Jesus Cristo ensinou à que se resumia a Lei e os profetas?
− Amar ao senhor teu Deus, incondicionalmente, acima de todas as coisas e ao próximo com a si mesmo!
− Nêgo véio gostou de ver meu filho! E o que aquele que ama a Zambi e ao seu próximo faz com a ingratidão que lhe é ofertada?
− Perdoa?
− Não seria aprende a perdoar, zifio?
− É difícil perdoar vovô, só Deus ajudando mesmo!
− Por isso que Nêgo véio disse que suncês tem de aprender a perdoar! Pra suncês num é muito fácil, mas se suncês tiver humildade, é só clamar a Deus que Ele ensina direitinho.
− Agora estou entendendo vovô!
− Quanto mais amor ao próximo, mais suncês vão tendo condição de receber a ingratidão deste como uma preciosa moeda que pode levar suncês a adquirir os tesouros espirituais, e à medida que suncês vão adquirindo tais tesouros estas moedas vão sumindo das suas existências e suncês vão enriquecendo em espírito e verdade. Tendo humildade e amor suficientes, suncês podem chegar ao fim da encarnação até mesmo sem nenhuma destas moedas.
− Incrivel vovô!
− A moeda da ingratidão é mágica também por que é a mais valiosa para se adquirir humildade e sabedoria, tornando-os pobres de suncês mesmos e mais ricos da presença de Deus-Nosso-Pai. É aprendendo e exercitando o amor ao próximo que suncês diminuem a cotação da moeda da ingratidão; quando uma só moeda perde seu valor ela deixa de existir e suncês adquirem um tesouro espiritual. Quanto maior o valor da ingratidão, perante a Lei Maior e à Justiça Divina, maior deve ser o esforço no aprendizado do perdão a esta; uma vez alcançado esta condição o valor de tal moeda é anulado e um tesouro mais valoroso aos olhos do Divino Criador é acrescentado no patrimônio espiritual de suncês.
− Incrível vovô, mas a sensação que tive quando vi os dois episódios na tela era que as moedas estavam sendo trocadas pelos tesouros.
− Não foi sensação zifio,ao longo de uma encarnação a possibilidade de aquisições de tesouros espirituais são imensas, entretanto o que suncê viu representa simbolicamente a troca inicial e a derradeira de toda uma encarnação!
− A hora do reencarne e a do desencarne?
− Exatamente meu filho! A primeira imagem que suncê viu retrata a quantidade de moedas de ingratidão adquiridas por este nêgo véio em encarnações pretéritas e o parco tesouro espiritual recebido por mim no reencarne devido ao grande valor que dava a elas. Já na segunda imagem, o que suncê observou é o símbolo final do quanto conseguimos desvalorizar de ingratidão ao longo de uma existência no plano físico e do tesouro espiritual final que adquirimos por conta desta desvalorização. Como suncê viu, apesar do esforço deste preto-velho, ele não consegui desvalorizar uma última moeda ao longo daquela referida encarnação, na época que o Império Assírio era o mais poderoso na face da terra. Na atualidade tal moeda, graças a Zambi, não é mais propriedade minha!
− Que linda foi tua luta, tua perseverança, tua história vovô!
− Lindo é Deus zifio! Linda é toda a oportunidade que Zambi tem lhe dado de enriquecer dos tesouros do espírito. Se suncê diz pra Nêgo que sua atual existência é só ingratidão, imagine o quanto que Deus-Nosso-Pai considera que suncê é capaz e merecedor de enriquecer numa única encarnação!
− Olhando desta forma, Pai Josué, eu me sinto até mesmo um felizardo!
− Até mesmo não zifio: suncê é um felizardo, assim como os seus irmãos de sangue e aqueles por paternidade divina também o são. Quanto menos suncês sentirem ingratidão, mais condições terão de adquirir os mais belos tesouros do espírito. Perdoe seus irmãos e todos aqueles que suncê julgou haverem sido ingratos com suncê.
− Assim farei vovô, muito obrigado por tudo!
− Agradece a Nêgo véio não zifio, agradece a Zambi-Nosso-Pai!
− Que assim seja!
− O assistido da entidade amiga desaparecera da mesma forma que chegara até ali e ela, assim, virou a cabeça para onde eu estava posicionado, em prece, e perguntou-me:
− Aprendeu filho?
Eu chorava muito de gratidão a Deus e aquela entidade tão, simples, tão humilde, mas tão rica em sabedoria pelo aprendizado daquela noite, mas respondi-lhe:
− Sim senhor!
  E ela, com semblante amável,mas também sério disse-me:
− Então faça! Faça acontecer, seja realmente rico, você é capaz e Zambi julga-lhe merecedor que enriqueça espiritualmente pela mesma moeda evolutiva que ofertou ao assistido que até pouco se encontrava sentado neste banquinho; é a mesma moeda que serviu de evolução espiritual para todos os preto-velhos que militam nesta Umbanda Sagrada e de Todos Nós, a mesma que está presente nas Sete lágrimas de Pai Preto: a ingratidão!







Mensagem de Pai Josué, recebida por Pedro Rangel.