segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

INESQUECÍVEL APRENDIZADO

Estava sendo guiado pelo Caboclo Sete Estrelas para alguma localidade no astral. Dissera-me ele que eu deveria aprender valorosas lições relacionadas aos psicoterapeutas do astral superior.
Entramos no que parecia ser o prédio principal daquela cidade. O Caboclo guiou-me com passos resolutos até uma sala com uma mesa redonda de mármore onde haviam nove pessoas sentadas ao redor e, pedindo licença a todos, disse àquele que se encontrava na posição central:
— Salve irmão Joaquim!!!
— Salve vossa força irmão Sete Estrelas!!! Então, este é o aprendiz de que você me falou?
— Exatamente!!!
— Obrigado por trazê-lo até aqui irmão e, se julgar melhor, sinta-se à vontade para continuar a desempenhar as vossas tarefas da noite e deixar o seu aprendiz sob os meus cuidados.
— Sendo assim, deixe-me ir para junto dos meus. Salve Deus!!!
— Salve!!!
O irmão Joaquim despediu-se dos irmãos que estavam a acompanhá-lo à mesa e retirou-se da sala levando-me junto. Já do lado de fora ele me disse:
— Tudo bem companheiro?
— Sim, irmão Joaquim!
— Está ansioso? Curioso?
— Olha, por incrível que pareça, desta vez eu estou calmo até demais!!!
— E você sabe o porquê disto?
— Não senhor!!!
— Então eu posso lhe dizer que foi solicitado a alguns amigos espirituais que lhe ministrassem passes energéticos assim que você se desprendesse parcialmente do corpo carnal através do sono físico.
— Mesmo?
— Certamente. Não duvide de que seu aprendizado esta noite será muito importante.
— Verdade?
— Sim. Esta noite você conhecerá um pouquinho do nosso trabalho: os psicoterapeutas espirituais.
— Psicoterapeutas? Então quer dizer que os senhores atuam como: psicólogos, psicanalistas e psiquiatras? É isso?
— Quase. Nós realizamos um trabalho parecido com o que estes profissionais fazem na terra. A diferença é que o nosso trabalho tem um alcance bem mais profundo no espírito dos assistidos, fazendo com que os resultados sejam mais sensíveis para eles.
— Mas, como?
—Você verá uma mínima parte do nosso trabalho com os seus próprios olhos: nesta noite terminarão os atendimentos com o Renato.
— Renato?
— Sim. Um antigo companheiro que caminhou conosco na carne há milhares de anos e que hoje se encontra encarnado.
— Mas, se ele está encarnado, por que não busca os serviços de um psicoterapeuta de vidas passadas lá na terra?
— O Renato, altruisticamente na atual encarnação, escolheu professar a fé protestante!!!
— Entendo.
— Agora vamos, porque ele já está nos aguardando em minha sala!
— O senhor me desculpe irmão Joaquim, mas será que minha presença não assustará o Renato?
— Não se preocupe, ele será incapaz de lhe ver!
— Entendi.
— Agora, o que lhe peço é que fique em permanente espírito de oração em beneficio deste nosso irmão, pois foi por isso que você também foi trazido até aqui esta noite.
— Sim senhor!
— Evite a curiosidade desenfreada na noite de hoje. Exerça-a apenas até o limite que não atrapalhe a irradiação de vossas vibrações positivas em favor do irmão Renato!
— Sim senhor!
— Então vamos!!!
E foi com esta recomendação que entrei na sala do irmão Joaquim. Renato sorriu satisfeito ao vê-lo e disse:
— Olá doutor Joaquim!!!
— Olá Renato, como tem andado?
— Olha, toda vez que eu me consulto com o senhor eu fico dias e mais dias sem sentir problema algum. Mas depois que se passam de duas a três semanas parece um tormento: as crises voltam dez vezes piores e, como você sabe, eu volto a sentir uma depressão tão profunda que chegaria a dizer que é infernal.
Meu Deus, eu pensei, que depressão tão séria seria essa? Mas imediatamente o doutor Joaquim respondeu-me mentalmente:
— Transtorno bipolar hipomaniaco depressivo, agora, por favor, continue a fazer vossas preces em favor do assistido!!!!!
Voltei a elevar os pensamentos e foi quando eu pude ouvi-lo dizer à Renato:
— Já são quase quarenta anos de sofrimento, mas não se preocupe por que hoje você será submetido a uma terapia maravilhosa!
— Verdade? Graças a Deus!!!
— Verdade! Está vendo aquela máquina à sua direita?
Devo confessar que nem uma máquina aquela estrutura parecia, de tão simples: era um tipo de divã onde existiam três fios conectores a serem acoplados na região do crânio e só!!! Percebi que Renato tivera a mesma percepção que eu, pois respondeu ao doutor Joaquim nestes termos:
— Qual máquina? Aquele divã com três pinos conectores?
— Exatamente!!!
— E o que esta máquina faz?
— Ela realiza uma varredura no cérebro do paciente e cura a área afetada.
— De que forma?
— Através de estimulação mnemônica.
— O senhor já usou esta máquina antes?
— Centenas de vezes.
— E porque o senhor nunca tentou esta terapia anteriormente comigo?
— Por que somente agora o seu cérebro esta maduro.
— Entendo.
— Vamos à terapia?
— Vamos doutor.
Renato deitou-se na máquina e fechou os olhos. Foi quando o doutor Joaquim aplicou um passe energético em sua fronte fazendo-o dormir imediatamente. Sorrindo com o resultado obtido o doutor Joaquim conectou dois pinos na região acima da orelha em cada lado do crânio de Renato; já o terceiro pino ele conectou em um fio que estava diretamente ligado a um tipo de monitor de 32 polegadas que estava fixado à parede do lado da máquina.
Entretanto, antes de ligar o monitor, o doutor Joaquim alertou-me:
— Respeite as lembranças do irmão que aparecerão em breve no monitor, não julgue e permaneça em espírito de oração!!!!!
— Sim senhor!!!
O doutor Joaquim, após a advertência, ligou o monitor e as imagens que nele se sucediam eram maravilhosamente espantosas:
Primeiramente apareceu o cérebro de Renato em posição transversal. Posteriormente eu vi que a região da memória, de fato, estava recebendo alguma espécie de estimulação e, então, a hipófise começou a brilhar como se fosse um pequeno sol dentro do cérebro dele. Instantes após a imagem do monitor fixou-se na hipófise e começou a ampliá-la até que tomasse todas as dimensões da tela. O doutor Joaquim proferiu algumas palavras estranhas e, então, uma série de imagens começou a surgir no monitor.
Não sei o porquê, mas quando apareceram às primeiras imagens eu sentia que Renato estava se vendo na longínqua Era Cristalina.
Seu nome era Silfar e ele era o mais brilhante cientista do Templo das Esmeraldas e, quiçá, de toda Era Cristalina.
Perdeu-se no sentido divino do conhecimento enquanto auxiliava outros colegas de profissão a encontrar o elixir da vida eterna.
Olvidou os cuidados com o Templo das Esmeraldas e foi assim que no dia do grande cataclismo ele viu este templo ser inundado e tragado pelas forças vigorosas do mar: centenas de milhares de vidas foram ceifadas também por imprudência dele.
Algumas outras encarnações de Renato eu vi passarem pela tela do monitor e não posso e nem devo comentar sobre nenhuma delas, a não ser o fato de que era um tipo de “corrida contra o tempo” para ele recuperar a paz na consciência através da prática da caridade.
Descobri, assim, que Renato era um espírito venturoso, pois na maioria das reencarnações ele fora bem sucedido em fazer o bem ao próximo; sendo que esta encarnação atual, inclusive, seria a última dele aqui em nosso planeta. Porém, a fim de sanar de vez toda sua culpa espírito-psicológica pretérita ele pedira para reencarnar com distúrbio bipolar hipomaniaco depressivo ( caracterizado pelo paciente não alternar períodos depressivos com períodos de uma euforia excessiva conhecida como mania: ele apresenta apenas a depressão ) e também para permanecer com este mal até a idade aproximada de 55 anos.
As imagens cessaram de passar no monitor e a imagem da hipófise voltou a tomá-lo como um todo.
Doutor Joaquim, antes de despertar Renato, disse a mim:
— O que você aprendeu com as visões no monitor?
— Aprendi?
— Sim! Você bem sabe que em toda tarefa existe um aprendizado, certo?
— Sim senhor!!!
— E então?
— Que em tudo, tudo e tudo em nossas vidas está operando a mão de Deus?
— E em que este fato implica?
— Que devemos sempre orar, vigiar e procurar fazer o bem esperando que o bem sempre venha nas nossas vidas em decorrência destas ações, entretanto...
— ... não se deve esperar que em nossas vidas surjam apenas flores, deve-se entender que nem só as flores são exemplos da misericórdia divina, pois os espinhos também nos ensinam muito sobre a misericórdia Dele.
— É verdade irmão Joaquim!!!
— Veja nosso companheiro Renato, por exemplo, ele deveria reencarnar mais duas vezes na Terra para que completasse o ciclo de suas provações; entretanto, sua ficha cármica facultou-lhe o direito de eliminar estas encarnações futuras, desde que nesta, ele viesse a desenvolver a humildade, a paciência e a tolerância através de sua convivência por cerca de quarenta anos com o distúrbio bipolar hipomaniaco depressivo.
— E ele está conseguindo cumprir sua missão?
— Perfeitamente. Não só pela convivência perfeitamente equilibrada com seu problema de saúde, mas também por ter escolhido nesta encarnação, de forma extremamente abnegada e altruísta, ser sacerdote de um templo protestante tão somente para dar uma última oportunidade ( pelo menos com ele encarnado ) de antigos companheiros seus conseguirem caminhar pelos caminhos retos da Lei Maior e da Justiça Divina.
— Verdade?
— Sim. O irmão Renato é sacerdote de um templo protestante por excelência, onde ensina ao seu rebanho que o mal não está na liturgia, teologia e rituais de outras religiões, mas dentro de cada um. Cada ser humano pode alcançar a Deus, pois Deus está dentro de cada um. É orando e vigiando a si mesmos que conseguirão evoluir em direção ao Pai Maior e não vigiando e agredindo, de tantas formas, irmãos por paternidade divina, mas praticante de outras denominações religiosas.
— Puxa, isto tudo é ótimo, mas será que o senhor poderia esclarecer uma duvida minha?
— Sim!
— É que eu pensava que o transtorno bipolar hipomaniaco depressivo era ocasionado pelos ataques de obsessores ferozes.
— Em sua quase totalidade sim, mas existem raras exceções, como o irmão Renato, capazes de programar as crises de depressão não por ataques de obsessores, mas por ativações programadas no cérebro perispiritual na área da memória no período pré-reencarnatório.
— Então quer dizer que no caso do transtorno bipolar hipomaniaco depressivo os obsessores atacam a memória do enfermo?
— Exatamente. Os obsessores atuam na memória inconsciente do espírito encarnado ( onde estão as memórias de encarnações pregressas que ele conscientemente não se recorda ) e fazem com que este se sinta fortemente depressivo por uma sensação de algo que ele não consegue explicar, mas que é a sensação de culpa inconsciente por erros do passado atiçada superlativamente por eles.
— Impressionante a explicação, mas será que o senhor poderia esclarecer pelo menos mais uma dúvida?
— Se eu lhe respondesse somente mais uma pergunta, ao invés destas duas que você pensa em me fazer, creio que você ficaria bastante frustrado ao término desta tarefa, correto?
Fiquei impressionado de como o doutor Joaquim conseguia ler minha alma de maneira tão clara e lhe respondi:
— Sim senhor, é verdade!!!
— Gostei da sinceridade e, como tenho permissão do alto, poderei esclarecer estas duas dúvidas onde me for possível.
— A primeira pergunta é: se Renato auto-programara o cérebro para sofrer desta forma de manifestação de distúrbio bipolar apenas até a idade aproximada que ele já possui ( 55 anos ) por que o senhor fez com que ele recordasse várias encarnações pretéritas na noite de hoje?
— Companheiro, ficou acertado antes de Renato reencarnar que ele ativaria o cérebro para desenvolver o distúrbio bipolar hipomaniaco e que nós, quando chegasse a hora, auxiliaríamos a desativar o problema na área da memória em seu cérebro para que ele voltasse a ter uma vida normal. Acontece que para isto ocorrer Renato deveria lembrar-se de erros de algumas encarnações pretéritas e de como trabalhou arduamente ao longo dos séculos para corrigi-los até a presente encarnação, verificando, por si só, que não é mais devedor da Lei Maior e da Justiça Divina e adquirindo a pureza da consciência.
— Entendo.
— Renato não lembrará de nada que recordou esta noite quando despertar, mas assim que abrir os olhos, por ter o “peso da sua consciência” aliviado, não sofrerá mais de transtorno bipolar hipomaniaco depressivo.
— Impressionate!!!!!
— Agora me diga qual é sua última pergunta?
— Enquanto as imagens passavam no monitor, mesmo não sendo minhas, eu sentia toda a verdade e realidade inerentes a elas, mas mesmo assim devo respeitosamente lhe perguntar: aquele templo cristalino, lindo existiu mesmo? Se existiu, onde está?
— Sim. Esta Era Cristalina, como você bem sente dentro de si próprio, de fato existiu. O Templo das Esmeraldas que você pôde ver no monitor, hoje em dia está espalhado nos fundos do oceano mais profundo da face da terra. Agora vá companheiro, pois muito já foi dito esta noite; só não esqueça e nem permita que esqueçam: a misericórdia divina não está somente nas rosas, mas também entre os espinhos!!!
— Jamais esquecerei o aprendizado desta noite, muitíssimo obrigado por tudo doutor Joaquim!!!
— Doutor???
— É! Não é assim que o Renato lhe chama?
— Perfeitamente, pois esta é a única forma que ele, enquanto protestante na atual encarnação, consegue me ver.
— Não entendi, por acaso o senhor quer dizer que pelo fato de eu ser umbandista eu não posso chamá-lo de doutor?
— Companheiro poder você pode, mas por que se você me conhece de outra forma?
Penso que foi ao verificar a acentuada expressão de estranheza presente em meu rosto que o doutor disse a mim:
— Zifio, de uma outra vez que suncê ver este nêgo véio num precisa tratar ele de doutor. Trate-me como suncê tá acostumado nos terreiros de umbanda, chama-me: Pai Joaquim.
Ainda fiquei olhando muitíssimo emocionado e impressionado para aquele ser que brilhava dourado na minha frente, já transfigurado na forma de um preto- velho. Chorava de soluçar, mas não conseguia lhe dizer nada, então foi ele, sorrindo, que se despediu de mim dizendo:
— Vá com Deus meu filho!!!! Salve Jesus!!!!
Acordei chorando na minha cama pensando até que estava enlouquecendo, pois eu não me lembrava de nada e não entendia porque chorava. Foi somente hoje, ao receber este texto, que pude recordar-me dos psicoterapeutas espirituais, do “Dr. Pai Joaquim” e do inesquecível aprendizado: “ A misericórdia divina não está somente nas rosas, mas também entre os espinhos”.





















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