sábado, 12 de abril de 2008

Direção


Mensagem de um amigo espiritual


Esta história ocorreu há muito tempo, na época em que estava encarnado o profeta bíblico Jeremias.
Conta-se que o líder de uma tribo, um homem robusto por volta de seus quarenta anos de idade, estava a ponto de explodir de tanta aflição por não saber para onde guiar os seus irmãos tutelados já que não tinham mais o que produzir naquela terra em que habitavam e que se tornara estéril devido a uma seca que já durava muito tempo.
A aflição era tanta que o peito do homem em questão parecia querer explodir de tanta angústia desenfreada.
Este homem era o quinto de uma geração de líderes daquela tribo, só que era muito inseguro e impreciso; ou seja, na forma de pensar dele ele não era um líder nato.
A escolha do líder, na tribo liderada por este homem, se dava através de um Oráculo e ele não entendia por que o Oráculo o havia indicado como líder daquela comunidade há cinco anos. O Oráculo só respondeu que ele era filho do vento e que este um dia o guiaria e a sua tribo para uma terra onde deveriam fazer morada, e como isto ocorrera há cinco anos o homem achava que o Oráculo se equivocara por que a terra em que eles moravam, na época da predição, era intensamente fértil.
Acontece que se passaram cinco e eis que este homem, de nome Jacó, era o líder de sua tribo em uma época que a mãe terra resolvera ficar ressecada e infértil.
Jacó tinha uma grande tristeza com o Oráculo por que ele também lhe advertira, na mesma época, que contraísse os laços do matrimônio somente a partir do instante em que o dia virasse noite. Pensava Jacó que o Oráculo dissera um disparate e que ele nunca viria a casar e deixar herdeiros.
Para aumentar ainda mais a angústia de Jacó fiéis homens de sua tribo comunicaram a ele que forasteiros de aspecto mau e com vestimentas estranhas estavam rondando ao derredor deles; o que fizera com que estes seus dois conselheiros lhe dessem o parecer de que havia chegado a hora de se cumprir a profecia e dele, assim, procurar uma nova terra para o seu povo antes que eles, uma tribo de agricultores, fossem transformados em escravos.
E é assim que vamos encontrar Jacó, num dia de intenso calor sufocante, extremamente duvidoso e revoltado com a sua sina predita pelo Oráculo porque, ele não revelara a ninguém, mas neste instante estava há pouco mais de cem metros de uma falésia de onde pretendia se atirar.
Andou um tanto mais e antes que chegasse ao limite da falésia eis que uma intensa ventania formou-se a frente dele. Devo dizer que não era uma simples ventania, mas um redemoinho de três metros de altura que ficava a girar e girar na frente de Jacó.
Sem entender bem o porquê Jacó prostrou-se ao solo em reverência aquele redemoinho e neste instante, inexplicavelmente, a sua face parecia uma corredeira de onde se podia ver grossas e pesadas lágrimas deslizando não de uma forma desenfreada, mas direcionadamente como águas cristalinas de um rio que tem o endereço certo do mar.
Ele chorava sentidamente e parecia que cada lágrima que brotava de seus olhos desentortava a fundo as emoções desequilibradas de seu coração, ao mesmo tempo em que lhe trazia grande paz.
Minutos depois, sentindo-se indefinidamente mais leve e seguro de si, Jacó ergueu a cabeça, que estava estranhamente no chão em reverência a ventania, e ao olhar a sua frente vislumbrou algo que o deixou infinitamente maravilhado: era um homem com pouco mais de dois metros de altura, com uma lança na mão e que se encontrava totalmente rodeado por um tênue redemoinho, foi então que Jacó escutou dele:
— Levante-se!
Ainda espantado Jacó obedeceu à determinação do homem.
— Difícil é para eu, entender a incredulidade que reina no coração humano!
Jacó nada respondeu, continuo observando, ainda boquiaberto, a manifestação daquele Ser.
— Responda-me, por que tantas dúvidas Jacó?
— Quem é o senhor? O Oráculo?
— Ora, pois não estás a me ver?
— Sim senhor!
— Então entenda que sou como sou. Sou como o vento e pronto.
— Sim senhor!
— Responda-me Jacó, por que tantas dúvidas?
Era difícil para Jacó dizer alguma coisa.
— A insatisfação de ter sido escolhido líder de sua tribo aliado ao seu intenso desejo de constituir família sempre fez com que você desenvolvesse a revolta dentro de si, certo?
— Não posso negar!
— Apenas devo lhe informar que sua insatisfação e incerteza não são oriundas de sua impossibilidade de manifestar o amor através da constituição de uma família.
— Não?
— Não. O motivo de sua revolta é o mesmo da grande maioria de todos os espíritos criados por Deus que é o orgulho de desejar o que não se pode ao invés de querer poder aquilo que se pode desejar.
— Como assim?
— O Oráculo disse-lhe há tempos que você só deveria se casar a partir do instante que o dia virasse noite e você por ter um grande desejo de constituir família continuou a desejar o que ainda não podia ao invés de poder desejar aquilo que deveria ser desejado. Nem tudo aquilo que vocês humanos querem, vocês podem, mas infelizmente tudo o que vocês podem não é o que vocês humanos desejam.
— E o que eu deveria desejar?
— A evolução.
— Como?
— Você deveria desejar evoluir e fazer com que sua tribo evolua junto consigo; ou não é verdade que estavas prestes a pular desta falésia por julgar que sua evolução só poderia se dar se você constituísse família?
— Sim senhor, é verdade!
— E eu bem que sei, pois acompanho os teus passos desde antes de nasceres.
— Mas também acho que não é difícil ao senhor entender que o Oráculo dizer a mim que só poderei casar-me com Narúndia quando o dia virar noite é o mesmo que dizer que nunca irei me casar e isso é para esmorecer a tenacidade de qualquer um.
— Não. Isto é para esmorecer a tenacidade de qualquer um que não crê nas tradições e legados de seu povo e, principalmente, daquele que não crê na sapiência infinita do Divino Criador.
— Mas eu creio em Deus!
— Então como achas que Ele poderia ter se equivocado quando o escolheu para líder de sua tribo? Você se esqueceu das noções que o líder espiritual de sua tribo lhe passou acerca da família? Esqueceu-se que você, junto com sua tribo, forma uma grande família e que o bem desta grande família é prioritário em relação ao bem pessoal de qualquer integrante da tribo, incluindo você?
— Entendo o que o senhor quer dizer.
— Muitos dizem que o amor impede a visão, mas na realidade o que os tornam cegos é o orgulho de cada um em não abrir mão de suas convicções em prol de um bem maior; no entanto, entendo a pureza de seus sentimentos pela bela jovem com cabelos encaracolados de nome Narúndia.
— O senhor a conhece?
— Tanto quanto conheço você. Ela é o fogo e você o ar. O fogo só expande se encontrar o ar, já este só se aquece se houver calor; mas tudo na criação divina tem a sua hora e seu lugar, até mesmo a junção do ar com o fogo.
— É verdade.
— Então pare de duvidar de si mesmo, continue a acreditar em Deus, mas jamais volte a desacreditar de si.
— Sim senhor.
—Entenda que um homem só realiza algo se ele realmente acreditar em si mesmo, você compreende?
— Sim senhor, mas...... Valei-me Deus!!!, O que está acontecendo? O sol está sumindo e está tudo escurecendo, é o fim!
— Acalme-se Jacó o que você hoje está vendo tem o nome de eclipse e para vocês ainda não tem explicação, mas haverá o dia em que nada ficará incompreendido. Na verdade, você não está vendo o fim, mas o inicio de uma nova era para você e sua tribo, pois é este ambiente noturno fora de hora que impedirá que vocês caiam como escravos nas mãos de guerreiros cruéis que estão prestes a lhes subjugarem.
— O que?
— Não se preocupe! Volte agora mesmo para sua tribo e guie a eles durante cento e oitenta e cinco dias em direção aonde o sol se deita que vocês encontrarão a terra que lhes foi prometida alguns anos atrás.
— Mas e os guerreiros cruéis?
— Não se preocupe! Neste momento eles estão muito assustados com a escuridão que se inicia para tentarem alguma coisa contra vocês; mas você tem que ir agora, sem perda de tempo!
— Sim senhor!
— Guie sua tribo com prudência e sabedoria, pois a jornada será longa e árdua.
— Sim senhor! Entendo a urgência da situação, mas só que antes do retorno para junto dos meus o senhor poderia revelar quem é você?
— Ora, o Oráculo já não lhe disse que você é filho do vento?
— Sim senhor!
— Pois então, você, de alguma forma, é um filho meu. O meu nome pouco importa; fundamental mesmo é o seu crer em Deus e em você mesmo e a manifestação de meu mistério em ti por meio de tua crença no Divino Criador.
— Sim senhor!
— Uma folha que cai de uma árvore nunca sabe para onde vai, mas quando vem o vento ele lhe mostra o caminho. Saiba então Jacó que minha Senhora é rainha dos ventos e eu, como enviado dela, só estou aqui e contigo, pela graça do divino criador, para tentar reconduzi-lo até Ele através de minha rainha e senhora. Agora vá Jacó por que tua tarefa é urgente!
— Sim senhor!
Jacó desceu a falésia e conseguiu direcionar a sua tribo, em segurança, para seu destino final. Mais do que isto a Lei não me permite revelar, assim como também não me permite vos revelar o meu nome.
Concluo esta história revelando que ela aconteceu a tanto tempo que se perde no próprio tempo o seu desenrolar no plano terreno, que ocorreu contemporaneamente à época da encarnação do profeta bíblico de nome Jeremias e também que é imensamente encantador e divino ver que tanto este quanto Jacó, personagem de nossa história, tiveram como direcionadores de suas vidas e de suas tribos a presença de um Ser filho do vento e com um harmonioso redemoinho direcionador ao seu redor; ou seja, um Ser que hoje, no ritual de Umbanda, é conhecido como Caboclo Ventania servo, por sua vez, de sua Senhora: a Divina mãe Yansã.





Saravá a mãe Yansã!!!!
Saravá ao Senhor Caboclo Ventania!!!!