quarta-feira, 30 de julho de 2008

Esclarecimentos

Mensagem do Sr. Caboclo Sete Estrelas


Em um belo e claro dia de sol senti que estava descendo, sei lá de onde, em direção a uma extensa, frondosa e incomensurável região de mata.
Sentia em meu mental, enquanto descia, como se estivesse a discutir com certo alguém no sentido de estar querendo afirmar minhas convicções como únicas e absolutas. Na realidade, eu estava irredutível em minhas opiniões.
Percebendo este meu estado mental, senti como se algo me estivesse aterrisando na região central daquela extensa floresta.
Notei então ao pisar no solo e olhar para o alto que a maior parte da vegetação daquela floresta era composta por árvores tão altas e frondosas que a luz solar parecia brigar com as folhagens para ter a oportunidade de brilhar no solo. Ao olhar ao redor a sensação que tinha é que toda a floresta estava sendo iluminada por uma luz verde, que na verdade era o reflexo da luz forte do sol refletido pelas folhagens ao redor.
Olhei para a enorme vegetação e apesar de saber de sua enorme extensibilidade e de não ter muita afinidade com a região de matas eu sentia algo bastante estranho e inconfundível como se tivesse a plena certeza de como sair dali.
Na verdade eu estava me sentindo como se estivesse sendo submetido a algum tipo de prova espiritual, onde se eu conseguisse encontrar a saída da mata conseguiria minha aprovação.
Posso dizer que não me fiz de rogado e comecei a caminhar na direção que tinha a plena certeza de que era a mais apropriada para conseguir meu objetivo. Andei, andei e andei e apesar de sentir que o tempo passava, eu percebia como se isto não estivesse ocorrendo porque a sombra das folhas no chão não mudava de posição apesar de estar fazendo pelo menos umas três horas que eu já estava caminhando.
Andei ainda mais umas duas horas e fiquei estupefato ao perceber que eu inexplicavelmente havia retornado ao meu local de partida. Já estava com muita sede ( e apesar de sentir o tempo passar o sol no céu não mudava de posição ), e com as pernas pesadas mas não dei o braço a torcer e, após um breve intervalo, pus-me a caminhar novamente a procura de uma saída e de, mais imediatamente, algum coqueiro carregado de frutos para tentar saciar a minha sede.
Só não conseguia entender o porquê de uma sensação estranha ficar rondando o meu emocional desde a primeira vez que eu me pus a caminhar para tentar achar a saída da mata, que era uma sensação como se eu sentisse que, apesar de achar que sabia o caminho que levava a saída, fosse um erro em eu assim fazer.
Eu já estava sentindo um cansaço muito grande e misturado a ele um enorme calor que se confundia com a estranha sensação emocional que descrevi anteriormente e que me deixava ainda mais cansado e provavelmente deve ter sido por tudo isso que eu, ao me deparar com vários pés de guiné, pus-me de joelhos em frente deles e comecei a fazer uma prece fervorosa a Deus pedindo, ainda sem entender muito bem o motivo, primeiramente o Seu perdão e depois que me mostrasse o caminho até um local onde pudesse matar a minha sede.
Curiosamente após esta prece eu olhei para uma determinada região da mata e senti como se alguém invisível aos olhos estivesse a me indicar que aquele era o caminho que eu deveria seguir para ter minha prece atendida. Sem mais demoras eu me levantei de um salto e passei a caminhar em passos acelerados na direção indicada; andei, andei e andei até ter uma visão que me fez sentir o homem mais rico do mundo: um extenso rio caudaloso, de correnteza forte, cheio de pedras e mediamente largo de uma margem a outra. Na verdade nem pensei duas vezes e corri com toda velocidade até começar a saciar a minha sede na maior voracidade.
Somente após acabar com minha sede ( me sentindo o mais feliz dos homens ) foi que eu percebi que se quisesse encontrar a saída daquela mata, deveria tentar atravessar o rio a minha frente e, na realidade, foi o que eu tentei fazer, mas ao lembrar a enorme quantidade de pedras dos mais variados tamanhos e a força da correnteza além de, principalmente, o fato de eu não saber nadar, cheguei a conclusão de que não conseguiria passar para a outra margem. Já estava mesmo começando a ficar desesperado quando me lembrei de fazer uma nova prece, com todo o meu coração, pedindo forças ao Criador para alcançar o meu intento.
Passado alguns instantes após o término da prece eu, já sentado e recostado a uma árvore, passei a ficar olhando toda a extensão daquele rio quando, de repente, senti como se aquele alguém invisível estivesse à beira do rio a indicar o caminho até a outra margem; e foi com certo medo e muita prudência que me pus a pisar passo a passo onde eu percebia que deveria colocar os meus pés para, não me perguntem como, de fato, alcançar a outra margem.
A adrenalina na travessia do rio foi tão intensa que a minha fome chegou a um nível praticamente insuportável; engraçado que se antes eu reclamava do sol pelo fato dele nunca sair de sua posição no meio do céu, apesar de eu sentir a passagem do tempo; agora eu agradecia a Deus por tudo estar acontecendo desta forma porque se assim não fosse, naquele exato momento, eu estaria perdido porque certamente seria tarde da noite e eu não enxergaria um palmo a frente do nariz e foi daí que eu notei, mais uma vez, o fato de que, com certeza, Deus sabe o que faz.
E vislumbrar toda essa infinita sapiência Divina e o “roncar” de meu estômago ( que insistentemente não me deixava esquecer a fome que estava sentindo ), além de observar o fato de que toda a vez que eu dirigia uma sentida e verdadeira prece a Deus, Ele de alguma forma ( e de acordo com meus merecimentos ) acabava por me atender, foi o que me deu uma enorme força para, mais uma vez, dobrar meus joelhos no chão e Lhe direcionar uma prece pedindo que me indicasse um caminho onde eu pudesse aplacar a minha fome.
Pode parecer incrível, mas novamente senti um alguém invisível a me direcionar os passos e eu, apesar de já estar com as pernas fadigadas, recomecei a caminhar até ter uma visão que, para um faminto como eu, parecia um verdadeiro manjar dos deuses: inúmeras bananeiras completamente carregadas com frutos maduros.
Ainda senti este mesmo alguém invisível a me pedir que antes de me alimentar agradecesse ao Divino criador pela graça recebida, mas a minha fome foi maior e eu comecei a andar em direção aos frutos de meu desejo até visualizar, a poucos centímetros da bananeira mais próxima, algo que fez o meu sangue gelar por completo: era a materialização de meu medo de cobras representada na figura de uma temível cascavel. Fiquei imóvel e boquiaberto olhando para sua língua colocada para fora e observando o som do seu chocalho já extremamente arrependido por não ter ouvido a determinação da espiritualidade me pedindo para agradecer a Deus por ter encontrado as bananeiras antes de procurar me alimentar.
Sabia que se fosse picado ali seria certamente o meu fim e percebi finalmente que para mim não haveria outra solução a não ser pedir perdão a Deus pela minha intolerância e assim eu fiz com toda a fé de minha alma para, ao descerrar os olhos, notar que a cobra ainda estava a minha frente a me fitar; mas foi nesse instante que, de repente, escutei um estranho e arrepiante assovio para assustadoramente observar ( como se ela também tivesse escutado ) a cascavel sair de minha frente e mover-se em direção ignorada como se nada tivesse acontecido.
Muito provavelmente sensibilizado por este fato e por tudo que já acontecera até ali eu, antes de agradecer a Deus pelo banquete que estava prestes a degustar, primeiramente agradeci (com a face completamente banhada por lágrimas de alívio), pelo livramento recebido.
Após alimentar-me eu, com um medo extremamente terrível de encontrar algumas outras cobras pelo caminho, coloquei-me novamente de joelhos e fiz ardorosa prece a Deus dizendo a Ele que eu não sabia o caminho que me fizesse sair da mata e que justamente por isso, de onde eu estava não teria condições nem físicas, nem racionais e nem emocionais de me mover em direção alguma se não fosse com o Seu divino auxílio.
Alguns instantes após a prece ouvi em minha mente uma voz a responder o meu apelo:
— Que sem o auxílio divino você não consegue achar o rumo de sua vida e a saída de seus problemas nós já sabíamos e tentamos lhe explicar quando fomos buscá-lo esta noite durante o seu sono físico, mas infelizmente você não nos escutou. Pelo fato de estar acostumado com nossas companhias nos rituais de umbanda você nos desrespeitou ao desprezar nossas determinações e nos tratar como espiritualmente e moralmente iguais a você. Agora você quer sair da mata e nós vamos auxiliá-lo como sempre estivemos a fazer a cada vez que você, com extrema humildade, fazia uma prece ao Divino criador; acontece que você terá que sair de onde está com suas próprias pernas.
— Sim senhor.
— Entenda que nada disso teria acontecido se você não tivesse sido intransigente, prepotente e até mesmo arrogante.
— Sim senhor.
— Comece a caminhar e você encontrará o caminho da saída e, no final deste, nós estaremos a te esperar.
— Sim senhor.
E assim eu comecei a caminhar com toda a fé do meu ser e, estranhamente, após instantes que me pareceram breves, eu consegui vislumbrar a saída da mata e acelerei os meus passos até deixar a última das árvores para trás.
Olhei então para minha frente e vi que estava diante de um campo revestido inteiramente por gramas como se fosse um estádio de futebol em perfeita qualidade de preservação; coloquei, então, a destra por cima de minhas vistas para eliminar a interferência dos raios do sol e pude perceber que logo adiante de mim, sentados debaixo da sombra de vários pés de carvalhos que estavam muito próximos entre si, havia vários espíritos que eu, de alguma forma, sabia que eram as entidades que trabalham comigo na religião de umbanda.
Estes espíritos estavam a sorrir como se estivessem a me esperar, mas à medida que eu deles me aproximava isto estranhamente fazia com que os seus semblantes ficassem cada vez mais sérios.
Quando eu me aproximei efetivamente deles o espírito que aparentava ter mais idade falou para mim:
— Conseguiu né fio?!?! Não foi fácil, mas fio conseguiu.
Pelo timbre de voz eu percebi que era o mesmo espírito que havia se comunicado comigo mentalmente quando estava na mata, mas havia dentro de mim uma dúvida tão grande sobre tudo aquilo que eu acabara de vivenciar que, apesar de todo o respeito que eu devoto a estes irmãos do plano maior eu sentia que tinha o dever de buscar algum esclarecimento antes que enlouquecesse, e foi o que fiz:
— É meu irmão, graças ao bom Deus eu consegui sair, só que na verdade eu estou com algumas dúvidas que eu gostaria de esclarecer, o senhor me permitiria?
— Pode falar fio.
— É que quando eu ainda estava na mata o senhor me disse que veio me buscar no momento do sono para me trazer a uma região de mata que, por sinal, é o ponto de forças da natureza com o qual eu tenho menos afinidade, e eu ainda não consegui entender o que o senhor gostaria de alcançar com tudo isso.
— Eu posso te explicar fio. Foi assim: eu junto com alguns companheiros espirituais afins fui buscá-lo em espírito esta noite e lhe explicamos que o que queríamos com a nossa visita é ensiná-lo como deve ser o procedimento mental, emocional e espiritual de todo médium enquanto uma entidade estiver se utilizando de seu corpo físico durante a incorporação; só que ao invés de tentar realizar o nosso intento em algum tipo de sala de aula, nós julgamos por melhor ensina-lo através de um ponto de forças da natureza que, no caso, é a região de mata, entendeu?
— Sim senhor, mas porque eu fui deixado sozinho em um ponto de forças da natureza com o qual eu não tenho afinidades?
— Engano seu companheiro, a região de mata pela qual você passou lhe é intimamente afim e particular; e lhe digo mais: você é a única pessoa no mundo que já viu e que poderá ver a região de mata pela qual atravessou.
— Verdade???
— Verdade e sabe por quê?
— Não senhor.
— Pois então eu lhe explico: é porque esta região de mata não existe no plano físico, ela é, antes, uma representação da essência vegetal que existe dentro de todo ser humano, e esta noite eu achei por melhor tentar faze-lo conhecer qual é o estado mental, físico e espiritual que todo médium deve ter enquanto está incorporado através da essência vegetal que lhe é particular. Acontece que no momento que você ouviu de nós que a lição da noite de hoje seria “Comportamento ideal de um médium durante a incorporação” e que para realizá-la nós plasmaríamos uma região de matas que representasse sua essência vegetal você, pela excessiva empolgação e por achar que já está bastante acostumado com o processo de incorporação, não quis escutar nossas orientações e passou a dizer que, se a região de matas seria plasmada a partir de sua essência vegetal, você então seria capaz de sair da região de matas de olhos fechados. Nós não lhe fechamos os olhos, mas devido ao seu terrível ato de intolerância e até mesmo de vaidade, nós lhe deixamos na região de mata por conta de suas próprias forças. Quando você, aos poucos, começou a recobrar a divina virtude da humildade ao longo de sua jornada, pôde, assim, sentir nossa presença e encontrar a saída da mata que, na realidade, como já dissemos, lhe é infinitamente particular.
— Meu Deus isto é inacreditável. Chegaria a dizer que é até mesmo impossível ou loucura se não tivesse vivenciado por mim mesmo.
— Nunca se esqueça de se lembrar fio e nem de falar a seus irmãos de religião que mesmo que vocês tenham décadas e mais décadas de contato com o mundo espiritual através da incorporação, na hora deste divino momento, o mais importante é vocês esquecerem toda impetuosidade desmedida, toda vaidade descabida e toda interferência indevida nos trabalhos e falas que as entidades incorporadas tenham a realizar. Toda vez que uma entidade incorpora é como se vocês e ela estivessem entrando em uma região de matas onde, se vocês quiserem extrair dela todos os sumos, sucos, ungüentos, benefícios e ensinamentos possíveis e saírem de seu território bem tanto fisicamente, quanto emocionalmente e mentalmente ao final de cada incorporação, devem seguir o humilde conselho que este caboclo como porta-voz de uma coletividade de espíritos com quem você tem afinidades, está a lhe comunicar: a incorporação é um momento divino que exige dos médiuns humildade, tolerância, sabedoria, disciplina e paciência. Sigam este singelo conselho e vocês terão todos os instrumentos para serem bons médiuns.
E como se já houvesse falado tudo que havia para ser dito o amigo espiritual bateu as mãos duas vezes e eu, na mesma hora, acordei espantado em cima da minha cama.


Postado por Pedro Rangel T. Sá

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A Pomba-gira da vida

Mensagem de uma guardiã



Certa vez eu estava andando pelas ruas, a altas horas da madrugada, pensando na vida e nas coisas pertinentes a ela quando, perto de uma encruzilhada, uma imagem chamou sensivelmente minha atenção: era uma mulher extremamente bela, dessas de corpo perfeito, olhos esverdeados e cabelos negros, sedosos, ondulados e que chegavam à altura da cintura.
Confesso que com estes nossos tempos de violência desenfreada fiquei, primeiramente, muito preocupado com a segurança da moça que era mesmo extremamente linda, mas depois fiquei mesmo preocupado é com a minha segurança porque, afinal, e se a bela moça, poucos metros a minha frente, fosse a isca para uma armadilha de assalto? E se a moça fosse a própria assaltante? E se nós fôssemos vítimas de alguma violência? E se......
— ....Moço, por favor, não tenha medo pode se aproximar.
Eu estava realmente receoso de aceitar o convite e confesso que cheguei até mesmo a pensar em dar meia volta e sair correndo com todas as forças de meu ser, mas o seu olhar ao fazer o convite fora tão enfeitiçador que não pude resistir e acabei me aproximando.
Ao chegar mais perto ela me fez um convite minimamente inusitado pedindo que eu ficasse ao seu lado e aguardasse alguns instantes, porque em pouco tempo ela começaria a receber algumas pessoas.
“ Tô lascado meu Deus do céu”, foi o que pensei já imaginando que aquela mulher era dessas de vida fácil. Mas só foi eu pensar nisso que ela virou-se para mim e deu um sorriso tão maravilhoso com seus dentes alvos e sua boca perfeita que meu corpo, assim, começou a aquecer-se e a ficar todo arrepiado!!! Pode parecer até loucura, mas eu tinha a nítida sensação que ela podia ler os meus pensamentos.
Pensei em perguntar o seu nome não no intuito de paquerá-la já que sua imagem provocava em mim um tremendo respeito, mas sim com o intuito de iniciar algum tipo de entendimento, só que eu não conseguia por que qualquer olhar, sorriso, gesto ou fala que ela me direcionava despertava em meu emocional emoções tão reais, intensas e indescritíveis que, temendo explodir meu coração eu preferi silenciar.
— Está vendo moço, disse a bela mulher expulsando meus pensamentos, está chegando meu primeiro convidado; não se preocupe que todos aqueles que aqui vierem a ter comigo serão incapazes de lhe enxergar.
Eu balancei a cabeça assentindo que estava tudo bem, apesar de estar achando tudo muito estranho, e procurei ficar bem atento com a conversação que estava para se iniciar.
— Boa noite, moço!
— Boa noite dona....
— Você está fazendo um curso pré-vestibular, mas de algumas semanas pra cá você não tem conseguido se concentrar nos estudos, certo?
— É, é isso mesmo!
— É só você ameaçar pegar os seus livros para estudar que você começa a sentir um sono terrível, não é?
— Sim, disse o jovem rapaz que não deveria ter mais do que dezessete anos.
— Olha moço eu estou autorizada a te dizer que você está com problemas nos campos do conhecimento e necessitado de estimulação nesta área, mas também que se você quiser melhorar eu tenho permissão pra te ajudar, tudo bem?
— Sim, tudo bem!
Neste momento a bela mulher fechou os olhos como se estivesse a fazer algum tipo de oração e entrelaçou os dedos das duas mãos posicionando as palmas voltadas para o solo; então uma espécie de luz azul-claro bastante irradiante surgiu em suas mãos e ela as depositou em cima dos joelhos do jovem; este deu um suspiro profundo e, como se fosse feito de fumaça, desapareceu da minha frente.
A linda moça, então, colocou as duas mãos nos quadris e soltou uma gargalhada que arrepiou todo o meu corpo. Em breves instantes uma outra pessoa já se encontrava em frente da bela mulher, desta vez era uma pessoa do sexo feminino por volta de seus quarenta e cinco anos.
— Boa noite, moça !
— Boa noite dona.....
— Hoje você está aqui comigo em busca de um equilíbrio na sua vida por que seu ex-marido está judicialmente tentando tirar de você a guarda de seu único filho, ou seja, um problema nos campos da justiça, certo?
— É isso mesmo!
— Tenho permissão para te ajudar, peço que feche os seus olhos e se concentre, tudo bem ?
E dizendo isto a bela mulher novamente fechou os olhos e entrelaçou os dedos das duas mãos posicionando as palmas voltadas para o solo; e outra vez, após estas terem tomado uma coloração azulada, ela as colocou em cima do joelho da simpática dama. Esta também deu um suspiro e desapareceu diante de minhas vistas. Então a bela mulher soltou mais uma gargalhada e me pediu que prestasse bastante atenção porque naquela noite, por parte dela, eu só escutaria mais cinco gargalhadas. Eu assenti com a cabeça dizendo que sim e pude perceber que estava chegando mais uma pessoa, desta vez um homem com aproximadamente trinta anos.
— Boa noite, moço!
— Boa noite dona.....
— Hoje você está aqui por que está se sentindo perdido na vida, sem senso de direção, ou seja, depois de tanto bater cabeça querendo que o Divino Criador fizesse a sua vontade você percebeu que tudo foi inútil e agora deseja submeter-se à vontade Dele, assim como também deseja que Este dê um rumo à sua vida resolvendo este problema nos campos da lei, certo?
— Sim, é isso!
— Bem moço, para sua felicidade eu tenho a permissão de te ajudar, feche os olhos, tudo bem?
Dizendo isso, novamente a bela mulher concentrou suas mãos tomadas de uma coloração azulada e as depositou em cima do joelho do rapaz; depois ela deu mais uma gargalhada e se ajeitou para conversar com a próxima pessoa que, por sua vez, era uma senhora com uns cinqüenta anos de idade.
— Boa noite, moça!
— Boa noite dona.....
— Apesar dos insistentes esforços em estar lhe esclarecendo você está aqui mais uma vez para reclamar sobre os membros da congregação religiosa a qual pertence e para, mais uma vez, dizer que a fofoca está demais e que está perdendo a fé porque não consegue entender como o Divino Criador pode permitir tanto ti-ti-ti dentro de uma Casa de Oração, certo?
— Sim!
— Este já é o décimo-primeiro templo religioso que você procurou para freqüentar em menos de doze meses, certo ?
— Certo.
— Bem moça, a ajuda que eu posso te oferecer é no sentido de estar desiludindo o seu sentido de religiosidade, de estar lhe esclarecendo o fato de que não existe a instituição religiosa perfeita porque perfeito só o é o Criador, tentando, assim,resolver este problema nos campos da fé, você aceita minha ajuda?
— Sim!!!
E a bela mulher depositou suas mãos coloridas de uma belo azul em cima do joelho da senhora com quem conversava para, logo depois de realizado este trabalho, soltar mais uma gargalhada.
Instante depois já estava à frente da bela mulher um senhor por volta de seus cinqüenta anos de idade, ela o cumprimentou:
— Boa noite, moço!
— Boa noite dona....
— Você tem tudo para estar feliz, não é moço? Dez anos de casamento, um belo filho, uma esposa dedicada, um ótimo emprego e dois belos carros. Contudo, já faz mais de dois anos que você tem a nítida impressão que sua vida está parada, não é? O que antes você fazia com prazer hoje você parece que faz obrigado. Mesmo não tendo deixado de gostar das coisas que você sempre gostou você tem a percepção de ter perdido por elas todo o apreço, não é?
— Sim!
— Olha moço, isto acontece com você porque você está apatizado nos campos da caridade. É necessário perceber que dar o conforto àqueles que amamos é importante, mas cuidar daqueles que são nossos irmãos por paternidade Divina é essencial para se alcançar o caminho da evolução que leva ao Divino Criador, você não acha?
— Sim!
— Deseja seguir o caminho da caridade?
— Sim!
— Então feche os olhos!
E dizendo isto a bela mulher colocou suas mãos encantadoramente coloridas de azul em cima do joelho do senhor com que acabara de conversar e, logo após, soltou mais uma gargalhada.
Imediatamente apareceu à frente da bela mulher uma mocinha por volta de seus vinte e três anos de idade e que se encontrava com os olhos inchados e molhados de lágrimas.
— Boa noite, moça!
— Boa noite, dona.....
— Anime-se moça, depois de três longos anos parece que você recebeu a benção de ser mãe, não alimente a dúvida e a incredulidade, pois em pouco tempo você será agraciada com a oportunidade de estar gerando dentro de si a vida de um belo rebento. Estou aqui para dar início à preparação de seu corpo físico e espiritual, nas atribuições que me competem, para que você possa praticar o divino sacerdócio da maternidade, finalizando, assim, este problema nos campos da geração da vida, tudo bem?
— Sim!
— Então feche os olhos.
E dizendo isto a bela mulher colocou suas mãos qualificadas com azul anil em cima do joelho da jovem; esta deu um suspiro profundo e, da mesma forma imediata que chegou ela foi-se. A bela mulher, então, colocou as duas mãos na cintura e deu mais uma gargalhada.
A seguir, a frente da bela mulher, surgiu uma pessoa do sexo feminino por volta de seus trinta e cinco anos.
— Boa noite, moça!
— Boa noite, dona.....
— Pois é moça, quanto sofrimento por um sujeito que, como homem, não mereceria nem o seu respeito quiçá um de seus maiores tesouros e de todas as mulheres que é o seu sentimento de amor. Não adianta você ficar insistindo em querer ficar voltando pra ele, ele está em sintonia com outras coisas, procure você sintonizar-se com o Criador. Insistir não vai adiantar nada, chorar também não; você precisa é agregar novos valores e conceitos em sua vida, principalmente em seu emocional, e será a partir deste acontecimento que você retomará seu equilíbrio emocional e evoluirá nos campos do amor, certo?
— Sim!
— O Divino Criador hoje lhe concedeu a oportunidade de estar readquirindo a paz em seu coração por meio de meus atributos e atribuições, e de assim ser resolvido este seu problema nos campos do amor, você assim deseja?
— Sim!
— Então feche os seus olhos.
Então, dizendo isto, a bela mulher depositou as suas mãos tomadas por uma tonalidade azul em cima do joelho da pessoa com quem conversava e esta, assim como todas as outras anteriores soltou um profundo suspiro e desapareceu. A bela mulher, assim, colocou suas mãos sobre a cintura e, pela sétima vez, pôs-se a gargalhar.
Então, instantaneamente, apesar de saber que ainda estava na encruzilhada, eu tive a sensação de que estava em um outro lugar. Tudo isto eu estava a pensar sem tirar os olhos dos belos olhos da bela mulher. Ela, então perguntou pra mim:
— Então moço, já descobriu quem eu sou?
— Sim, creio que a senhora é uma entidade da umbanda conhecida como Pomba-gira.
— Exatamente! E você sabe o que veio fazer aqui?
— Observar a senhora atender várias pessoas?
— Com que finalidade?
— Ah, isto eu não sei. Eu só sei que via a senhora esclarecendo as pessoas para depois oferecer a sua ajuda, digo, aquela que está no campo de suas atribuições e atributos. Daí então a senhora fechava os olhos, cruzava os dedos das mãos voltando-as para o solo e após elas ficarem azuis a senhora as depositava nos joelhos das pessoas. Agora a finalidade eu não sei por que não entendi o “lance” da cor azul.
— Bem moço, noto que você é curioso, mas vamos por partes: Primeiro, ao fechar os meus olhos, como você bem observou, eu evoco o mistério da linha de umbanda a qual eu estou fatorada; desta forma parte do meu mistério você percebeu como uma coloração azul opalina que viu em minhas mãos ao qual eu procuro honrar e trabalhar depositando-as em cima dos joelhos dos assistidos para que este meu mistério possa alcançar os chacras e sentidos que estiverem problemáticos.
— Mas por que a senhora trabalha na irradiação energética de parte de seus mistérios as pessoas através dos joelhos delas?
— Moço, não sou apenas eu, mas toda pomba-gira trabalha desta forma e isto se dá pelo fato dos joelhos serem a melhor porta de acesso para realizarmos nosso trabalho.
— Como assim?
— Bem moço, toda pomba-gira trabalha através do chacra básico das pessoas, porque ele é a porta de acesso mais direta para estarmos estimulando os chacras que estiverem mais necessitados, é por meio dele que podemos trabalhar os demais e os joelhos são a forma de contato mais prática de estarmos acessando o chacra básico, entendeu?
— Mais ou menos.
— Bem moço, vou te dar um exemplo. Você notou que uma das pessoas que eu assisti esta noite encontrava-se “com a vida ganha”, mas desmotivada de estar realizando as tarefas mais básicas de sua vida, certo?
— Sim.
— No caso desta pessoa a desmotivação era proveniente de sua apatia nos campos da caridade; ou seja, ela pouco realizava em benefício do próximo estando, assim, apatizado nos campos da evolução porque é a caridade a maior responsável pela evolução do espírito, certo?
— Sim.
— Pois bem, detectado o problema e tendo permissão do Criador para resolvê-lo eu poderia até evocar o meu mistério e impor diretamente minhas mãos em cima do chacra que é regido pela linha de umbanda responsável pela evolução, mas sendo eu uma Pomba-gira, ou seja, um espírito estimulador dos desejos e, de certa forma, até mesmo da vida, tendo em vista que sem desejos um ser humano não vive, nada mais pertinente para eu realizar o meu trabalho do que irradiar as minhas energias pelos joelhos do assistido, que é onde se reflete a energia do chacra responsável pelo sétimo sentido da criação Divina ou, se você quiser, o chacra da vida que é o chacra básico. Entende?
— Sim senhora.
— Após o chacra básico do assistido em questão ter absorvido a energia doada por mim este chacra conduz esta energia naturalmente para o chacra umbilical afim de que este irradie a energia de transmutação que foi por mim estimulada. Enfim, entenda que nós, as pomba-giras, temos a nossa forma de trabalho e devemos segui-la a risca se quisermos trabalhar pelo Criador junto à religião de umbanda, entendeu?
— Sim senhora!
— Bem, isto entendido deixe eu lhe explicar sobre a coloração de minhas mãos que, aliás, reside no fato de meu mistério estar fatorado na linha de umbanda que é responsável pela geração da vida então, quando eu evoco o mistério, junto com ele vem uma coloração que representa este mistério que, no caso, é a azul-claro, entendeu?
— Sim senhora. Isto quer dizer que as Pomba-giras irradiam uma energia estimuladora, é isso?
— Exatamente. Cada uma de nós irradia uma energia que estimulará aquilo que estiver dentro de nossos atributos e atribuições.
— Como assim?
— Isto varia bastante.
— Perdão? Não entendi!
— Você é curioso, não é moço?
— Sim senhora.
— Tentarei lhe esclarecer até onde você tenha condições de entender. Eu, por exemplo, sou uma Sete Ondas, ou seja, uma Pomba-gira que atua nas sete linhas regida pelo mistério Yemanjá logo, uma de minhas atribuições é estimular a geração nos sete sentidos da Criação Divina
Após responder esta ultima pergunta ela ficou fixamente olhando em meus olhos sem dizer absolutamente nada. Somente após um breve período foi que ela retomou o assunto:
— Moço está quase na minha hora e desejo ouvir de ti uma última pergunta antes de ir embora.
Fiz então a pergunta derradeira:
— Eu gostaria de saber por que até o momento que a senhora atendia a sétima pessoa eu via claramente que estava em uma encruzilhada ao passo que após o instante que você deu a sétima gargalhada eu, apesar de ver fisicamente que estou na encruzilhada, de alguma forma sinto como se não estivesse, por quê?
— Bem moço, eu só posso lhe dizer que antes do fim do atendimento da sétima pessoa nós estávamos na encruzilhada, que é meu ponto de atuação aí na terra, sem que eu precisasse sair de meu campo de atuação aqui no astral; após o término deste atendimento eu te trouxe no meu campo de atuação aqui no astral sem você precisar sair de meu campo de atuação no lado material.
Eu ia dizer a ela que não havia entendido a resposta, mas ela, parecendo estar novamente lendo meus pensamentos, ainda pôde me dizer.
— Sei que você não captou de forma global o que eu lhe respondi, moço. Mas não se preocupe com isso por que não vou ter nem mesmo a oportunidade de lhe responder. Só te peço um último favor: diga a quantos forem preciso que eu sou uma Pomba-gira da vida. Sim, diga a todos que eu existo! Existo para estimular, de acordo com a vontade do Divino Criador, em todos os seres necessitados a geração de energias que beneficiem os sete sentidos da criação divina. Diga a todos que quando de mim precisarem é só me evocarem que eu , de acordo com a permissão do Divino Criador, estarei em Seu santo nome e em nome da divina mãe Yemanjá a estimular a geração de conhecimento,justiça,lei,amor,fé,vida e evolução na vida e no lar de todos quantos a mim clamarem.Você pode fazer isso ?
— Sim!
— Boa noite, moço.
— Boa noite dona.....



Mensagem recebida por Pedro Rangel T. de Sá