Ditado pelo Sr. Caboclo Sete Estrelas
Certo dia ao me deitar, e já era tarde da noite, senti alguém a me pedir que fizesse uma prece: agradecendo primeiramente pelo dia que tivera e, posteriormente, pelas bênçãos que eu queria em minha vida e por uma ótima noite de sono.
Assim eu fiz e tomei um enorme susto ao acordar e perceber que me encontrava em algum terreiro de umbanda. Quando digo susto eu quero dizer susto mesmo: Eu estava apavorado por perceber que me encontrava sozinho e em um terreiro que eu nunca estivera na vida.
Mas o que mais me apavorava era o fato de que eu estava em um terreiro, onde uma gira estava prestes a se iniciar, sem ter sido ao menos convidado e, para piorar, NENHUM MÉDIUM CONSEGUIA ME VER!!!!. Eu não sabia se estava morto ou vivo e já estava começando a me descontrolar quando uma voz em minha mente pediu que eu me acalmasse.
Na verdade era uma voz bastante familiar para mim e, devido a este fato, eu fiz uma prece a Deus e pedi que acalmasse os meus nervos. Instantes depois escutei a mesma voz a dizer em minha mente:
— Gostei de ver companheiro, a fé é a mãe de todas as virtudes, mas ela só pode se manifestar plenamente se houver equilíbrio.
— Obrigado meu irmão, mas a sua voz não me é estranha, por acaso o Senhor não é o preto velho.....
— .... Desculpe lhe interromper companheiro, mas é que, na verdade, o meu nome é o que menos importa. Prioritário mesmo é a tarefa que você tem a desempenhar esta noite.
— Eu !?!?!?
— E por que não? Sente-se indigno ou não crê na magnitude de Deus?
— Não é isso não; é que estou em um templo desconhecido e não posso nem mesmo Lhe ver.
— Bem companheiro, esta é uma casa de oração composta por cinqüenta médiuns, todos hoje aqui presentes, contando com o auxílio de Jesus para a prática da caridade, pois foi ele mesmo quem disse que onde houvesse duas ou mais pessoas reunidas em seu nome ele estaria presente, certo?
— Sim senhor.
— Então, neste templo, neste exato momento, há a presença de Jesus, certo?
— Sim senhor.
— Sendo assim você não está sozinho e por isso a nada deve temer. Quanto a me ver eu posso lhe dizer que os olhos às vezes podem pregar muitas peças e lhe peço, portanto, que possa me enxergar através de seu coração tudo bem?
— Tudo bem, acho que entendo o que o senhor quer dizer. Mas você poderia me informar que tarefa eu poderia realizar aqui neste terreiro se nenhum médium pode me ver?
— Perfeitamente. Sua tarefa é observar o desenrolar desta gira desde o seu início até o seu término.
— ??????????
— Pode dar inicio a sua tarefa companheiro!
— Olha o senhor queira me desculpar até a ousadia, pois se me disse que aqui neste terreiro os médiuns vivenciam as lições de Jesus, com certeza deve ser porque aqui é um terreiro exemplar; mas é que eu já visitei outros templos que também são bastante valorosos e não consigo entender o que este possui de diferente dos outros aos quais me referi.
— De diferente? Nada.
— Mas então por que....
— ....Acalme-se companheiro, emudeça a sua curiosidade e você observará nesta noite situações claras onde falar é prata e calar-se é ouro.
— Sim senhor.
Disse isso ainda um tanto sem entender nada e comecei a observar a abertura da gira que já estava para começar. Os médiuns começaram a cantar os pontos de abertura e só por esse inicio já dava para perceber que havia uma sinergia muito grande naquela casa de caridade; entretanto, excetuando-se este fato, não observei nada de inédito no inicio da gira; a maioria dos pontos, inclusive, eu conhecia. Mas, lembrando do recado do amigo espiritual eu procurei calar a minha curiosidade e minha impaciência e pus-me a observar a gira com todo respeito que merece toda casa de oração.
Tudo ocorria naturalmente em minhas observações quando de repente eu vi algo mágico: um cordão dourado de mais ou menos cinco centímetros de espessura foi conectado nas costas do sacerdote da casa, na região do coração, e imediatamente após a ocorrência deste fato ele incorporou a entidade responsável pelos trabalhos espirituais.
Instantes depois eu pude observar esta Entidade bater três vezes as duas mãos e todos os médiuns de incorporação também terem seus corpos conectados por um cordão de mesma espessura que, de uma forma incrível, fez com que todas as entidades que os acompanham incorporassem.
Já não agüentava mais de tanta curiosidade quando a voz amiga veio em minha mente para me esclarecer:
— Por que este espanto companheiro? Você não acreditava que na incorporação o espírito, literalmente, entrava no corpo do médium, certo?
— Não senhor, eu sabia que não era assim, só não sabia que o processo da incorporação poderia se dar desta forma que eu acabei de ver. Agora o Senhor poderia me dizer o porquê de cada um dos médiuns de incorporação ter os cordões conectados em partes diferentes de seus corpos e nas mais diversas cores?
— Sim companheiro. Isto é algo que eu posso lhe informar, veja bem, cada cor representa o orixá a qual cada uma destas Entidades serve no plano espiritual, ou seja, aos quais ela esta fatorada; assim o cordão conectado ao sacerdote deste templo é dourado porque a Entidade que o acompanha pertence à falange de Oxalá e assim por diante, entende?
— Sim senhor.
— Já no que diz respeito ao local de conexão do cordão eu só estou autorizado a lhe dizer que as Entidades só acessam no corpo do médium os chacras em que estão autorizadas a trabalhar para realizarem sua ligação mental, emocional, energética e até mesmo física com os mesmos; assim, no sacerdote desta casa, o cordão está conectado em suas costas por que o chacra cardíaco é aquele que a entidade que lhe acompanha está autorizado a trabalhar, entendeu?
— Meu Deus, isto é impressionante!!! Entendi sim senhor!!!
— Muito bem, continue a observar.
E foi assim que eu me aproximei de uma roda de descarrego para observar, com todo o respeito, o trabalho das Entidades e o que eu vi me deixou muito, mas muito, assombrado por que o que eu pude ver era tão incrível que talvez eu não consiga nem mesmo descrever: havia cinco Senhores caboclos participando desta roda de descarga a qual me refiro e na região exata acima de onde se encontrava a roda de descarga havia um portal aberto do tamanho exato da mesma.
A dinâmica do trabalho dos Senhores Caboclos na roda se dava da seguinte maneira: os passes cada um Deles dava da sua forma, mas o que era invariável é o fato de que com o estalar dos dedos da mão direita Eles jogavam sobre os assistidos várias formas de energias que provocavam naqueles um enorme bem-estar; já com a mão esquerda Eles absorviam destes uma espécie de gosma que desaparecia por encanto quando Eles estalavam os dedos desta mão.
Procurei saber do amigo espiritual que estava fazendo companhia para mim o porquê daquela gosma terrível desaparecer quando os Senhores Caboclos estalavam os dedos, mas dele só ouvi a resposta de que aquela gosma retirada das pessoas eram energias negativas que os elementais cuidavam de eliminar.
Perguntei, então, a ele por que eu não conseguia ver os elementais, foi quando ouvi sua resposta:
— Você não consegue ver porque isto não lhe é permitido e antes que me pergunte o porquê eu lhe peço encarecidamente que não se prenda a detalhes e continue a observar o desenrolar desta gira.
Entendi o recado velado do amigo espiritual e procurei continuar a observar o trabalho das entidades na roda de descarga e considero importante ressaltar que no preciso instante que as Entidades fechavam o trabalho na roda, do alto do portal localizado acima desta, um enorme feixe de luz banhava a todos dentro dela ( tanto consulentes quanto Entidades) e logo após este portal se fechava para só se abrir novamente quando também era aberta uma nova roda de descarga.
Após observar estes fatos eu me pus a analisar como Deus pode ser tão perfeito e ao mesmo tempo manifestar esta Sua perfeição de forma tão simples e foi então que eu ouvi novamente em minha mente a voz do amigo espiritual que estava a me acompanhar:
— Realmente companheiro a simplicidade é uma virtude inerente ao Divino Criador, ou você acha que Jesus mentia ao dizer que o reino dos céus é dos simples e humildes? Agora cabe a vocês desenvolverem esta divina virtude cada vez mais em suas existências. No dia em que você perceber que está perdendo esta preciosa virtude procure sempre lembrar da Divina simplicidade dos Senhores Caboclos ao ministrarem seus passes energéticos: fazem-no por meio do ato simples e discreto de estalar os dedos e, no entanto, quantas maravilhas este ato gera na vida de seus assistidos não é mesmo?
— É verdade!
—Companheiro, estou notando que você está observando por aqui fatos realmente proveitosos, mas agora eu gostaria que você os escutasse, você me permite?
— Claro,digo, sim Senhor.
Dito isto eu fechei meus olhos por breves instantes e senti um leve formigamento em minha cabeça, foi ai que eu abri meus olhos e o que vi e escutei me fez sentir que estava ficando louco: os médiuns que não estavam incorporados cantavam pontos da linha de Xangô e as Entidades incorporadas estavam cantando o mesmo ponto só que, no caso destas, eu não estava escutando em nosso idioma que é o português, explico: estes médiuns incorporados estavam cantando em português, só que as entidades “ligadas” a estes médiuns cantavam os pontos em uma língua desconhecida e que só posso denominar de mágica porque os pêlos de todo o meu “corpo” estavam eriçados e não voltavam a seu estado normal de forma alguma; além disto, meu chacra umbilical começou a irradiar uma forte e fosforescente coloração alaranjada. Antes que eu perdesse o equilíbrio por tanta curiosidade clamei a Entidade amiga que me explicasse alguma coisa e, graças a Deus, ela veio em meu socorro.
— Está se sentindo confuso companheiro?
— É, o senhor sabe não é?
— Da sua curiosidade? Sei sim e posso tentar lhe esclarecer em algumas coisas. Primeiramente eu posso lhe dizer que você não está louco e sim com sua capacidade auditiva momentaneamente potencializada, entende?
— Sim senhor.
— O som que você está ouvindo as entidades firmarem e que não é da sua língua, na realidade, são mantras, entende?
— Agora que o senhor me explicou eu até entendo, mas por que Elas não firmam em português.
— Companheiro, os Senhores Caboclos firmam o ponto cantado em português, mas entenda que a linguagem original de pontos como estes, conhecidos como pontos de raiz, na verdade, é a linguagem mântrica; vocês aqui na terra podem até cantar em suas linguagens de origem, mas entenda que no plano espiritual estes pontos evocam mantras ancestrais que ativam as energias das linhas de umbanda a qual se refere o dito ponto e trazem estas energias para o terreiro em favor dos assistidos. Você só pôde ouvir os Caboclos entoando estes mantras a fim de que pudesse perceber auditivamente, mesmo que de forma ainda bastante imprecisa, que eles existem e que os efeitos das ações destes mantras são reais. Na realidade eu só dilatei sua capacidade auditiva para que aprendesse de verdade uma das formas como as entidades se utilizam da energia e poder de concentração de vocês quando estão a firmar os pontos cantados umbandistas com discrição, dedicação e desejo de ao próximo fazer o bem, e os pêlos eriçados do seu corpo e esta forte coloração alaranjada em seu chacra umbilical refletem isto, entendeu?
— Sim, agora eu entendi. Mas será que o senhor poderia me esclarecer uma outra coisa?
— Pergunte primeiro companheiro.
— É que depois que eu senti o formigamento na cabeça eu também comecei a perceber que a maioria dos médiuns que estão cantando os pontos estão irradiando em torno de si cores que são divinamente maravilhosas e eu gostaria de saber, se possível, o porquê disto.
— Isto eu posso lhe responder companheiro, mas eu devo lhe dizer que ainda estou esperando uma determinada pergunta de sua parte. Quanto a esta que você acaba de me fazer eu volto à pergunta anterior que era relacionada à questão dos mantras, lembra?
— Sim senhor.
— Eu havia lhe dito que o cantar dos pontos ativa energias da linha de umbanda evocada no ponto que está sendo cantado, certo?
— Sim senhor.
— Pois entenda companheiro que os sons destes pontos geram cores porque sete são as cores do arco-íris e sete são as notas musicais, está acompanhando?
— Sim senhor.
— Pois então, o divino Criador permite que as cores geradas através das notas musicais dos pontos cantados, que na realidade são bênçãos divinas ativadas para a caridade na forma de cores, também possam colorir, ou seja abençoar, aqueles que estão cantando os pontos e é por isso que você está vendo tantos médiuns “coloridos”, percebe?
— Sim senhor.
— Além deste motivo ainda existem outros que justificam a “coloração” dos médiuns e eu posso te revelar mais um destes que consiste no fato das entidades do templo também banharem os médiuns da casa com as cores das linhas de umbanda a que estão fatoradas, percebe?
— Sim senhor, agora o senhor poderia me dizer se eu devo justificar a ausência de irradiação de cores em certos médiuns que estou a observar pelo fato deles não estarem firmando os pontos?
— Graças ao Criador você fez a pergunta que eu passei esta gira toda querendo escutar de ti antes que ela chegasse ao seu fim, como está prestes a acontecer. E na verdade eu lhe respondo companheiro que a ausência de irradiação de cores por partes destes médiuns que você citou não se deve pela ausência do canto por parte deles; Entenda que cantar é meramente um ato externo, entenda que em uma gira o que faz o templo e a vida de vocês ficar “colorida” é a concentração no que está sendo cantado e o desejo que este canto possa fazer o bem ao próximo. Entenda que as entidades no plano astral,quando é fundamental, também estão a firmar os pontos cantados e você, na noite de hoje, está sendo testemunha disto, não é verdade?
— É sim Senhor.
— Agora o que jamais deve ser esquecido é o fato de que, por serem seres desencarnados, o canto das entidades tem efeito mínimo em uma gira de umbanda: vocês médiuns é que são a parte fundamental em uma gira de umbanda por que são vocês que estão no plano onde fisicamente acontecem as giras que é o plano material. Então vocês médiuns devem fazer a parte de vocês com perfeição para que nós possamos fazer a nossa. Entenda a maior e mais profunda verdade: em uma gira de umbanda, sem a firmeza e vibração de vocês, nós pouco podemos realizar em favor do próximo, entendeu?
— Sim senhor.
— Eu disse que estava ansiosamente esperando esta sua pergunta por que este é o recado que eu desejo que você, por obséquio, passe aos seus irmãos de fé, afinal de contas você não acha que foi trazido até aqui esta noite apenas para realizar “turismo espiritual”, não é?
— Não senhor. O senhor pode deixar que eu passarei agora mesmo este Vosso recado.
— Agora mesmo não companheiro, a gira vai se encerrar agora e eu, como disse anteriormente, gostaria que você ficasse até o seu término, tudo bem?
— Sim senhor.
E dito isto eu pude observar que enquanto no plano material os médiuns estavam todos de mãos dadas em volta do gongá a fazer as orações de agradecimento a Deus; no plano espiritual as entidades também estavam todas de mãos dadas só que cantando uma canção que, desde o momento que começara a ser entoada, serviu como um dispositivo para que um enorme feixe de luz com singela coloração rósea jorrasse do alto e banhasse a médiuns e entidades ao mesmo tempo que uma verdadeira cascata de pétalas de rosas vermelhas também banhasse a ambos. Sei que a gira já estava terminando e que eu deveria prezar pelo silêncio, mas a curiosidade e o desejo de saber foram maiores que a prudência e eu, respeitoso, perguntei:
— Irmão sei que não é a hora mais apropriada, mas o Senhor poderia me dizer que canção é aquela que as Entidades estão cantando?
— Companheiro, não se acanhe. Na verdade eu também estava esperando por esta pergunta; eu só gostaria que você, após a dúvida ter esclarecido, também passasse esta mensagem para todos os seus irmãos de umbanda, tudo bem?
— Sim senhor.
— Então companheiro, diga a seus irmãos de fé que em todo templo de umbanda onde a única meta é a caridade, ao término de cada gira, quando os médiuns dão-se as mãos e põe-se a orar em agradecimento a Deus pela oportunidade do trabalho a favor do próximo; nós, as entidades espirituais de cada uma destas casas de caridade também damo-nos as mãos e nos pomos a orar, através de uma canção, e a agradecer ao Criador, por meio desta, pelo fato Dele nos ter dado a benção de contarmos com a presença de vocês médiuns, apesar das dificuldades de cada um, para todos juntos realizarmos a caridade em favor do próximo em mais uma gira de umbanda. E o nome desta canção que todas as entidades de todos estes terreiros põem-se a cantar no final de cada gira para agradecer a Deus a presença, dedicação, amor e firmeza de todo filho de fé tem um nome que se representa em três palavras: CANÇÃO DE AMOR.
Salve Deus pai todo poderoso!!!!
Saravá as sete linhas de umbanda!!!!
Saravá a todas as linhas de trabalho da umbanda!!!!
Saravá a canção de amor!!!!
Assim eu fiz e tomei um enorme susto ao acordar e perceber que me encontrava em algum terreiro de umbanda. Quando digo susto eu quero dizer susto mesmo: Eu estava apavorado por perceber que me encontrava sozinho e em um terreiro que eu nunca estivera na vida.
Mas o que mais me apavorava era o fato de que eu estava em um terreiro, onde uma gira estava prestes a se iniciar, sem ter sido ao menos convidado e, para piorar, NENHUM MÉDIUM CONSEGUIA ME VER!!!!. Eu não sabia se estava morto ou vivo e já estava começando a me descontrolar quando uma voz em minha mente pediu que eu me acalmasse.
Na verdade era uma voz bastante familiar para mim e, devido a este fato, eu fiz uma prece a Deus e pedi que acalmasse os meus nervos. Instantes depois escutei a mesma voz a dizer em minha mente:
— Gostei de ver companheiro, a fé é a mãe de todas as virtudes, mas ela só pode se manifestar plenamente se houver equilíbrio.
— Obrigado meu irmão, mas a sua voz não me é estranha, por acaso o Senhor não é o preto velho.....
— .... Desculpe lhe interromper companheiro, mas é que, na verdade, o meu nome é o que menos importa. Prioritário mesmo é a tarefa que você tem a desempenhar esta noite.
— Eu !?!?!?
— E por que não? Sente-se indigno ou não crê na magnitude de Deus?
— Não é isso não; é que estou em um templo desconhecido e não posso nem mesmo Lhe ver.
— Bem companheiro, esta é uma casa de oração composta por cinqüenta médiuns, todos hoje aqui presentes, contando com o auxílio de Jesus para a prática da caridade, pois foi ele mesmo quem disse que onde houvesse duas ou mais pessoas reunidas em seu nome ele estaria presente, certo?
— Sim senhor.
— Então, neste templo, neste exato momento, há a presença de Jesus, certo?
— Sim senhor.
— Sendo assim você não está sozinho e por isso a nada deve temer. Quanto a me ver eu posso lhe dizer que os olhos às vezes podem pregar muitas peças e lhe peço, portanto, que possa me enxergar através de seu coração tudo bem?
— Tudo bem, acho que entendo o que o senhor quer dizer. Mas você poderia me informar que tarefa eu poderia realizar aqui neste terreiro se nenhum médium pode me ver?
— Perfeitamente. Sua tarefa é observar o desenrolar desta gira desde o seu início até o seu término.
— ??????????
— Pode dar inicio a sua tarefa companheiro!
— Olha o senhor queira me desculpar até a ousadia, pois se me disse que aqui neste terreiro os médiuns vivenciam as lições de Jesus, com certeza deve ser porque aqui é um terreiro exemplar; mas é que eu já visitei outros templos que também são bastante valorosos e não consigo entender o que este possui de diferente dos outros aos quais me referi.
— De diferente? Nada.
— Mas então por que....
— ....Acalme-se companheiro, emudeça a sua curiosidade e você observará nesta noite situações claras onde falar é prata e calar-se é ouro.
— Sim senhor.
Disse isso ainda um tanto sem entender nada e comecei a observar a abertura da gira que já estava para começar. Os médiuns começaram a cantar os pontos de abertura e só por esse inicio já dava para perceber que havia uma sinergia muito grande naquela casa de caridade; entretanto, excetuando-se este fato, não observei nada de inédito no inicio da gira; a maioria dos pontos, inclusive, eu conhecia. Mas, lembrando do recado do amigo espiritual eu procurei calar a minha curiosidade e minha impaciência e pus-me a observar a gira com todo respeito que merece toda casa de oração.
Tudo ocorria naturalmente em minhas observações quando de repente eu vi algo mágico: um cordão dourado de mais ou menos cinco centímetros de espessura foi conectado nas costas do sacerdote da casa, na região do coração, e imediatamente após a ocorrência deste fato ele incorporou a entidade responsável pelos trabalhos espirituais.
Instantes depois eu pude observar esta Entidade bater três vezes as duas mãos e todos os médiuns de incorporação também terem seus corpos conectados por um cordão de mesma espessura que, de uma forma incrível, fez com que todas as entidades que os acompanham incorporassem.
Já não agüentava mais de tanta curiosidade quando a voz amiga veio em minha mente para me esclarecer:
— Por que este espanto companheiro? Você não acreditava que na incorporação o espírito, literalmente, entrava no corpo do médium, certo?
— Não senhor, eu sabia que não era assim, só não sabia que o processo da incorporação poderia se dar desta forma que eu acabei de ver. Agora o Senhor poderia me dizer o porquê de cada um dos médiuns de incorporação ter os cordões conectados em partes diferentes de seus corpos e nas mais diversas cores?
— Sim companheiro. Isto é algo que eu posso lhe informar, veja bem, cada cor representa o orixá a qual cada uma destas Entidades serve no plano espiritual, ou seja, aos quais ela esta fatorada; assim o cordão conectado ao sacerdote deste templo é dourado porque a Entidade que o acompanha pertence à falange de Oxalá e assim por diante, entende?
— Sim senhor.
— Já no que diz respeito ao local de conexão do cordão eu só estou autorizado a lhe dizer que as Entidades só acessam no corpo do médium os chacras em que estão autorizadas a trabalhar para realizarem sua ligação mental, emocional, energética e até mesmo física com os mesmos; assim, no sacerdote desta casa, o cordão está conectado em suas costas por que o chacra cardíaco é aquele que a entidade que lhe acompanha está autorizado a trabalhar, entendeu?
— Meu Deus, isto é impressionante!!! Entendi sim senhor!!!
— Muito bem, continue a observar.
E foi assim que eu me aproximei de uma roda de descarrego para observar, com todo o respeito, o trabalho das Entidades e o que eu vi me deixou muito, mas muito, assombrado por que o que eu pude ver era tão incrível que talvez eu não consiga nem mesmo descrever: havia cinco Senhores caboclos participando desta roda de descarga a qual me refiro e na região exata acima de onde se encontrava a roda de descarga havia um portal aberto do tamanho exato da mesma.
A dinâmica do trabalho dos Senhores Caboclos na roda se dava da seguinte maneira: os passes cada um Deles dava da sua forma, mas o que era invariável é o fato de que com o estalar dos dedos da mão direita Eles jogavam sobre os assistidos várias formas de energias que provocavam naqueles um enorme bem-estar; já com a mão esquerda Eles absorviam destes uma espécie de gosma que desaparecia por encanto quando Eles estalavam os dedos desta mão.
Procurei saber do amigo espiritual que estava fazendo companhia para mim o porquê daquela gosma terrível desaparecer quando os Senhores Caboclos estalavam os dedos, mas dele só ouvi a resposta de que aquela gosma retirada das pessoas eram energias negativas que os elementais cuidavam de eliminar.
Perguntei, então, a ele por que eu não conseguia ver os elementais, foi quando ouvi sua resposta:
— Você não consegue ver porque isto não lhe é permitido e antes que me pergunte o porquê eu lhe peço encarecidamente que não se prenda a detalhes e continue a observar o desenrolar desta gira.
Entendi o recado velado do amigo espiritual e procurei continuar a observar o trabalho das entidades na roda de descarga e considero importante ressaltar que no preciso instante que as Entidades fechavam o trabalho na roda, do alto do portal localizado acima desta, um enorme feixe de luz banhava a todos dentro dela ( tanto consulentes quanto Entidades) e logo após este portal se fechava para só se abrir novamente quando também era aberta uma nova roda de descarga.
Após observar estes fatos eu me pus a analisar como Deus pode ser tão perfeito e ao mesmo tempo manifestar esta Sua perfeição de forma tão simples e foi então que eu ouvi novamente em minha mente a voz do amigo espiritual que estava a me acompanhar:
— Realmente companheiro a simplicidade é uma virtude inerente ao Divino Criador, ou você acha que Jesus mentia ao dizer que o reino dos céus é dos simples e humildes? Agora cabe a vocês desenvolverem esta divina virtude cada vez mais em suas existências. No dia em que você perceber que está perdendo esta preciosa virtude procure sempre lembrar da Divina simplicidade dos Senhores Caboclos ao ministrarem seus passes energéticos: fazem-no por meio do ato simples e discreto de estalar os dedos e, no entanto, quantas maravilhas este ato gera na vida de seus assistidos não é mesmo?
— É verdade!
—Companheiro, estou notando que você está observando por aqui fatos realmente proveitosos, mas agora eu gostaria que você os escutasse, você me permite?
— Claro,digo, sim Senhor.
Dito isto eu fechei meus olhos por breves instantes e senti um leve formigamento em minha cabeça, foi ai que eu abri meus olhos e o que vi e escutei me fez sentir que estava ficando louco: os médiuns que não estavam incorporados cantavam pontos da linha de Xangô e as Entidades incorporadas estavam cantando o mesmo ponto só que, no caso destas, eu não estava escutando em nosso idioma que é o português, explico: estes médiuns incorporados estavam cantando em português, só que as entidades “ligadas” a estes médiuns cantavam os pontos em uma língua desconhecida e que só posso denominar de mágica porque os pêlos de todo o meu “corpo” estavam eriçados e não voltavam a seu estado normal de forma alguma; além disto, meu chacra umbilical começou a irradiar uma forte e fosforescente coloração alaranjada. Antes que eu perdesse o equilíbrio por tanta curiosidade clamei a Entidade amiga que me explicasse alguma coisa e, graças a Deus, ela veio em meu socorro.
— Está se sentindo confuso companheiro?
— É, o senhor sabe não é?
— Da sua curiosidade? Sei sim e posso tentar lhe esclarecer em algumas coisas. Primeiramente eu posso lhe dizer que você não está louco e sim com sua capacidade auditiva momentaneamente potencializada, entende?
— Sim senhor.
— O som que você está ouvindo as entidades firmarem e que não é da sua língua, na realidade, são mantras, entende?
— Agora que o senhor me explicou eu até entendo, mas por que Elas não firmam em português.
— Companheiro, os Senhores Caboclos firmam o ponto cantado em português, mas entenda que a linguagem original de pontos como estes, conhecidos como pontos de raiz, na verdade, é a linguagem mântrica; vocês aqui na terra podem até cantar em suas linguagens de origem, mas entenda que no plano espiritual estes pontos evocam mantras ancestrais que ativam as energias das linhas de umbanda a qual se refere o dito ponto e trazem estas energias para o terreiro em favor dos assistidos. Você só pôde ouvir os Caboclos entoando estes mantras a fim de que pudesse perceber auditivamente, mesmo que de forma ainda bastante imprecisa, que eles existem e que os efeitos das ações destes mantras são reais. Na realidade eu só dilatei sua capacidade auditiva para que aprendesse de verdade uma das formas como as entidades se utilizam da energia e poder de concentração de vocês quando estão a firmar os pontos cantados umbandistas com discrição, dedicação e desejo de ao próximo fazer o bem, e os pêlos eriçados do seu corpo e esta forte coloração alaranjada em seu chacra umbilical refletem isto, entendeu?
— Sim, agora eu entendi. Mas será que o senhor poderia me esclarecer uma outra coisa?
— Pergunte primeiro companheiro.
— É que depois que eu senti o formigamento na cabeça eu também comecei a perceber que a maioria dos médiuns que estão cantando os pontos estão irradiando em torno de si cores que são divinamente maravilhosas e eu gostaria de saber, se possível, o porquê disto.
— Isto eu posso lhe responder companheiro, mas eu devo lhe dizer que ainda estou esperando uma determinada pergunta de sua parte. Quanto a esta que você acaba de me fazer eu volto à pergunta anterior que era relacionada à questão dos mantras, lembra?
— Sim senhor.
— Eu havia lhe dito que o cantar dos pontos ativa energias da linha de umbanda evocada no ponto que está sendo cantado, certo?
— Sim senhor.
— Pois entenda companheiro que os sons destes pontos geram cores porque sete são as cores do arco-íris e sete são as notas musicais, está acompanhando?
— Sim senhor.
— Pois então, o divino Criador permite que as cores geradas através das notas musicais dos pontos cantados, que na realidade são bênçãos divinas ativadas para a caridade na forma de cores, também possam colorir, ou seja abençoar, aqueles que estão cantando os pontos e é por isso que você está vendo tantos médiuns “coloridos”, percebe?
— Sim senhor.
— Além deste motivo ainda existem outros que justificam a “coloração” dos médiuns e eu posso te revelar mais um destes que consiste no fato das entidades do templo também banharem os médiuns da casa com as cores das linhas de umbanda a que estão fatoradas, percebe?
— Sim senhor, agora o senhor poderia me dizer se eu devo justificar a ausência de irradiação de cores em certos médiuns que estou a observar pelo fato deles não estarem firmando os pontos?
— Graças ao Criador você fez a pergunta que eu passei esta gira toda querendo escutar de ti antes que ela chegasse ao seu fim, como está prestes a acontecer. E na verdade eu lhe respondo companheiro que a ausência de irradiação de cores por partes destes médiuns que você citou não se deve pela ausência do canto por parte deles; Entenda que cantar é meramente um ato externo, entenda que em uma gira o que faz o templo e a vida de vocês ficar “colorida” é a concentração no que está sendo cantado e o desejo que este canto possa fazer o bem ao próximo. Entenda que as entidades no plano astral,quando é fundamental, também estão a firmar os pontos cantados e você, na noite de hoje, está sendo testemunha disto, não é verdade?
— É sim Senhor.
— Agora o que jamais deve ser esquecido é o fato de que, por serem seres desencarnados, o canto das entidades tem efeito mínimo em uma gira de umbanda: vocês médiuns é que são a parte fundamental em uma gira de umbanda por que são vocês que estão no plano onde fisicamente acontecem as giras que é o plano material. Então vocês médiuns devem fazer a parte de vocês com perfeição para que nós possamos fazer a nossa. Entenda a maior e mais profunda verdade: em uma gira de umbanda, sem a firmeza e vibração de vocês, nós pouco podemos realizar em favor do próximo, entendeu?
— Sim senhor.
— Eu disse que estava ansiosamente esperando esta sua pergunta por que este é o recado que eu desejo que você, por obséquio, passe aos seus irmãos de fé, afinal de contas você não acha que foi trazido até aqui esta noite apenas para realizar “turismo espiritual”, não é?
— Não senhor. O senhor pode deixar que eu passarei agora mesmo este Vosso recado.
— Agora mesmo não companheiro, a gira vai se encerrar agora e eu, como disse anteriormente, gostaria que você ficasse até o seu término, tudo bem?
— Sim senhor.
E dito isto eu pude observar que enquanto no plano material os médiuns estavam todos de mãos dadas em volta do gongá a fazer as orações de agradecimento a Deus; no plano espiritual as entidades também estavam todas de mãos dadas só que cantando uma canção que, desde o momento que começara a ser entoada, serviu como um dispositivo para que um enorme feixe de luz com singela coloração rósea jorrasse do alto e banhasse a médiuns e entidades ao mesmo tempo que uma verdadeira cascata de pétalas de rosas vermelhas também banhasse a ambos. Sei que a gira já estava terminando e que eu deveria prezar pelo silêncio, mas a curiosidade e o desejo de saber foram maiores que a prudência e eu, respeitoso, perguntei:
— Irmão sei que não é a hora mais apropriada, mas o Senhor poderia me dizer que canção é aquela que as Entidades estão cantando?
— Companheiro, não se acanhe. Na verdade eu também estava esperando por esta pergunta; eu só gostaria que você, após a dúvida ter esclarecido, também passasse esta mensagem para todos os seus irmãos de umbanda, tudo bem?
— Sim senhor.
— Então companheiro, diga a seus irmãos de fé que em todo templo de umbanda onde a única meta é a caridade, ao término de cada gira, quando os médiuns dão-se as mãos e põe-se a orar em agradecimento a Deus pela oportunidade do trabalho a favor do próximo; nós, as entidades espirituais de cada uma destas casas de caridade também damo-nos as mãos e nos pomos a orar, através de uma canção, e a agradecer ao Criador, por meio desta, pelo fato Dele nos ter dado a benção de contarmos com a presença de vocês médiuns, apesar das dificuldades de cada um, para todos juntos realizarmos a caridade em favor do próximo em mais uma gira de umbanda. E o nome desta canção que todas as entidades de todos estes terreiros põem-se a cantar no final de cada gira para agradecer a Deus a presença, dedicação, amor e firmeza de todo filho de fé tem um nome que se representa em três palavras: CANÇÃO DE AMOR.
Salve Deus pai todo poderoso!!!!
Saravá as sete linhas de umbanda!!!!
Saravá a todas as linhas de trabalho da umbanda!!!!
Saravá a canção de amor!!!!