terça-feira, 18 de março de 2008

Lições sinceras de um Caboclo

Ditado pelo sr. caboclo sete estrelas


Em um determinado dia que não sei precisar fui convidado por um amigo espiritual a visitar, em três ocasiões, um templo de umbanda que me é intensamente particular.
Fui então volitando com a entidade amiga até descermos em direção ao portão de entrada do terreiro; o amigo espiritual olhou assim para mim e disse:
— Companheiro, antes de entrarmos neste templo religioso é muito importante que eu lhe explique algumas coisas, tudo bem?
— Sim senhor.
— Primeiramente acho que é desnecessário informar o fato de que a identidade deste templo deve ficar sob sigilo.
— Sim senhor.
— Peço-te anonimato apenas pelo fato deste templo religioso não ser o melhor ou o pior terreiro de umbanda existente no solo brasileiro, mas tão somente por situações extremadas que acontecem dentro dele não serem exclusivamente específicas a ele, está entendendo?
— Sim senhor
— O outro fato que desejo lhe comunicar é que esta será a primeira de uma série de três visitas que nós faremos a esta instituição religiosa.
— Verdade?
— Certamente. Penso que ao fim de nossa terceira visitação você estará preparado para deixar em escrito para seus irmãos de fé uma preciosa advertência para que possam alcançar verdadeiramente a evolução moral e espiritual nos respectivos terreiros que estes freqüentam regularmente. Peço-te respeito, fé e bastante equilíbrio tanto emocional quanto mental.
— Sim senhor, procurarei fazer o meu melhor.
— Então entremos.
E dizendo isto a entidade espiritual foi adentrando o templo, mas não sem antes fazer a saudação que todos os Srs. Caboclos fazem ao avistarem os guardiões das tronqueiras de um terreiro de umbanda. Eu também os saudei à minha forma pedindo proteção e força para os trabalhos que aconteceriam naquela noite. Na realidade eu estava achando estranho o fato de não haver uma única luz acesa no terreiro bem como a total ausência de médiuns encarnados, olhei, então, assustado para a entidade amiga e foi quando ela esclareceu-me:
— Hoje, neste terreiro, não haverá gira companheiro.
— Como?
— Se não vai haver gira você, então, quer saber por que foi trazido até aqui, não é verdade?
— Se tivesse como eu gostaria sim senhor!
— Mas eu gostaria que, primeiramente, você pudesse ver.
E dizendo isto o Sr. Caboclo depositou por alguns segundos a sua destra em minha fronte. Ao retirá-la espantei-me imediatamente porque as lâmpadas físicas do templo estavam apagadas, mas mesmo assim com a claridade que eu via no terreiro era como se elas estivessem acesas.
— Não se espante com isto companheiro, na cópia etérea deste templo as luzes realmente estão acesas.
Eu fiz uma careta de interrogação e já ia me pronunciar a respeito quando escutei, respeitosamente, sua voz a dizer-me:
— Não se preocupe com isto companheiro procure, antes, concentrar-se para enxergar aquilo que realmente importa ser visto esta noite, pois, afinal, foi para isto que coloquei minha destra em sua fronte: para clarear sua visão espiritual.
— Sim senhor. Vou seguir agora mesmo Vossa determinação.
E passado alguns segundos eu pude ver e, o que eu vi, me fez pensar que estava participando de algum filme de terror: as paredes do terreiro estavam todas recobertas por uma espécie de gosma marrom-enegrecida por onde rastejavam alguns tipos de larvas e vermes, flutuando por todo o terreiro havia uma fumaça preta e tênue e eu, já bastante assustado, exclamei:
— Meu Deus que coisa nojenta e horrível!!!
— Calma companheiro, existem coisas piores.
— Impossível, nada pode ser pior que ver isto.
— Não? Então me deixe dilatar sua percepção olfativa!
Olhei para ele com os olhos assustados e foi ai que ele mostrou o esboço de um sorriso na face e esclareceu-me prestimoso:
— Não se assuste, não há necessidade de fazê-lo sentir o cheiro terrivel de enxofre eu apenas aventei a possibilidade para que vocês, encarnados, nunca se desesperem e digam, no desespero, que uma determinada situação jamais poderá ficar pior ou melhor. Tudo e qualquer coisa sempre pode ficar pior ou melhor, só depende das escolhas que vocês façam na vida, entende?
— Sim senhor!!!
— Você está assustado com o que está vendo, não é verdade?
— Totalmente.
— Felizmente eu não posso lhe ajudar.
— Felizmente??????
— Isto. Sabe por quê?
— Não senhor.
— Você sabe que a luz afasta as trevas, certo?
— Certo.
— Mas você já viu isto alguma vez?
— Não.
— Então apenas observe.
Quando a entidade disse isto eu comecei a ver e o que eu vi e ouvi é quase indescritível: passei a escutar intensos e incontáveis assobios e bater de palmas ritmadas como se houvessem dezenas de pares de mãos invisíveis aos meus olhos, instantes depois eu comecei a sentir um forte odor de terra como se estivesse dentro de uma mata, notei então que na região central do terreiro eu passei a ver um tipo de portal na coloração laranja com a forma de um circulo abrindo lentamente e de maneira centrifuga, do interior deste portal saiam pequenos e incontáveis seres de fogo que retiraram toda a gosma da parede e que atraíram toda a fumaça para dentro do portal, após tudo isto, da mesma forma que vieram, estes seres se foram e portal fechou-se imediatamente. Não consegui segurar o assombro e disse:
— Meu Deus do céu!!!!
— O que foi companheiro?
— O senhor poderia me dizer o que foi que acabou de acontecer por aqui?
— Simples companheiro: o terreiro estava sujo e agora não está mais e é só o que devo lhe informar.
— Eu poderia saber quais foram os “lixeiros” que o auxiliaram a limpar a sujeira? Digo isto porque eu pude escutar vários bater de palmas e assobios instantes antes da limpeza, mas não pude enxergar quem estava a fazê-los.
— Olhe companheiro, agradeça a Deus por tudo que você pôde ver, pois foi tudo aquilo que o seu merecimento lhe facultou a enxergar.
Entendi o recado velado da entidade espiritual e respondi:
— Sim senhor, sempre hei de agradecê-lo, perdão pela curiosidade.
— Não há nada que perdoar companheiro a curiosidade , quando bem administrada, sempre há de ser um bem. Não se entristeça, sei da sua intensa curiosidade e lhe digo que posso esclarecer-lhe em coisas que você precisa saber em relação à noite de hoje.
— Preciso?
— Exatamente.
— Então, fique a vontade para esclarecer-me, prometo calar minha curiosidade e focar toda minha atenção para escutá-lo.
— O que vem antes do esclarecimento?
— A dúvida.
— E qual é a sua dúvida?
— Mas eu não sei o que o senhor pode responder para mim!
— Fácil, pergunte sobre a primeira dúvida que lhe ocorreu assim que entramos neste templo sagrado.
— Ah tá!!! A primeira dúvida que surgiu a minha mente foi: que gosma nojenta é esta pelas paredes?
— Esta é uma questão que posso lhe responder, mas também não seria interessante saber como ela veio parar por aqui?
— É verdade!!!
— Mas vamos por partes: primeiramente gostaria de fazer-lhe uma pergunta, posso?
— Sim senhor!!! Fique a vontade!!!
— Então companheiro diga-me qual seria a melhor forma de você prevenir-se contra uma gripe?
— Uma gripe?
— Exatamente. Por acaso a melhor forma seria afastar-se das pessoas que se encontram gripadas?
— Penso que não porque vivemos em sociedade nos relacionando constantemente com outros seres humanos com que, muitas vezes, somos forçados a conviver como vizinhos, amigos, colegas de trabalho, irmãos de fé, etc.
— Sendo assim, qual a melhor forma profilática contra a gripe?
— Penso que seria a prática regular de atividades físicas e a ingestão constante de vitamina C.
— E eu lhe digo que a resposta está correta companheiro e penso que esta sua resposta responde tua pergunta relativa à gosma negra.
— Como assim?
— Todo terreiro de umbanda é um hospital certo?
— Certo.
— E o que acontece com um hospital se ele começar a receber pacientes com moléstias altamente contagiosas e relaxar com a profilaxia em relação a estas?
— Contaminação geral.
— Perfeitamente. Então, neste terreiro onde estamos, que sei lhe é particular, estão relaxando com a profilaxia contra algumas doenças da alma.
— Doenças da alma?
— É companheiro, enfermidades morais.
— Como assim? O senhor está querendo me dizer que o corpo mediúnico desta casa de caridade não está junto para trabalhar com sinergia e evitar que as enfermidades morais da assistência causem malefícios aos médiuns?
— E quem disse a você que o vetor destas enfermidades morais é a assistência deste templo sagrado?
— Então o senhor está querendo dizer para mim que os médiuns da casa, ou seja, aqueles que deveriam auxiliar as entidades espirituais na prática da caridade contra doenças morais, são os mesmos que as estão transmitindo?
— Exatamente.
— Deus do céu, o que é isso Jesus?
— Isto não é Jesus companheiro, isto é o ser humano. Entenda que Jesus está nesta casa de caridade que faz o bem, que auxilia o próximo de forma gratuita e consistente, mas Jesus promove a luz e são a grande maioria dos médiuns deste terreiro que praticam a caridade, os mesmos que chegam a ofuscar esta luz contaminando seus irmãos de fé com a mais severa das moléstias da alma.
— E qual seria ela: o orgulho, o egoísmo, a avareza?
— Não companheiro, a mais terrível destas moléstias é aquela que se propaga mais facilmente e, assim, adoece aos médiuns com mais rapidez e profundidade: a fofoca.
— O que? Aquela gosma nojenta e aquela fumaça negra que estava presente neste terreiro quando aqui chegamos foram causadas por fofocas?
— A fofoca, a maledicência, as formas-pensamento presentes na psicosfera dos médiuns, entre outros, podem enlamear e derrubar todo e qualquer terreiro.
— Mas a fofoca me parece pouco para derrubar uma casa de caridade que promove o bem.
— Responda-me uma coisa: meia dúzia de cupins pode parecer pouco para derrubar uma casa de madeira, mas se estes seis não forem exterminados proliferarão e farão com que a bela casa um dia venha a pique, não é verdade?
— O senhor tem razão, entendi aonde quer chegar, mas porque o sacerdote deste templo não toma alguma medida de urgência para acabar com este mal de forma consistente?
— Por quê? Esta pergunta está ligada ao objetivo principal da sua segunda visitação a este terreiro. Espero o seu retorno em dois dias.
Queria ainda perguntar uma coisa ou outra, mas não teve jeito, somente dois dias depois, e era uma quarta-feira, foi que eu retornei a mesma casa de caridade e encontrei a entidade espiritual que tanta coisa me esclarecera na visitação anterior. Ele estava na porta do templo a me receber.
— Salve Tupã, nosso pai maior!!! Que bom que você pôde retornar para esta visitação, mas antes de adentrarmos o templo responda-me: qual foi mesmo o motivo de sua primeira visitação?
Pensei bastante antes de responder e me pronunciei:
— Penso que foi observar até que ponto uma terrível doença moral como a fofoca pode trazer tantos malefícios a uma casa de caridade, seja ela de qual religião for, acrescentei.
— Muito bem companheiro!!! Vejo que a primeira visitação foi bastante proveitosa para você, mas antes de observar, com fins de estudo, os acontecimentos desta noite, acho importante lhe esclarecer um motivo oculto de sua primeira visitação que está intrinsecamente ligado à visita da noite de hoje.
— Motivo oculto?
— Sim. Você sabe por que houve todo aquele ritual de limpeza energética, e etérica deste terreiro na sua primeira visitação?
— Não senhor.
— Para preparar esta casa de caridade para a reunião desta noite.
— Mas esta noite haverá reunião na casa? Por que então eu só estou vendo menos de uma dezena de médiuns dentro dela?
— Por que hoje acontecerá uma espécie de reunião especifica e fechada para certos médiuns.
— Certos médiuns?
— Sim, médiuns responsáveis pelo controle, pela administração, pelo bom andamento na parte física das reuniões religiosas deste templo.
— Na parte física?
— Sim, pois em toda reunião em qualquer casa umbandista há sempre uma parte da reunião que acontece na parte física do templo, enquanto outra acontece no plano espiritual.
— Entendo. Eu poderia saber o motivo desta reunião?
— Sim. O dirigente espiritual da casa, “incorporado” em seu médium, está juntamente com outros seis médiuns não “incorporados”, tanto para deliberar diretrizes a respeito do novo ano religioso do terreiro que está para se iniciar daqui a três dias, quanto para escutar deles informações relativas ao comportamento do corpo mediúnico dentro do terreiro no ano que se passou.Entendido?
— Sim senhor!
— Então venha que os trabalhos estão prestes a começar!!!
Atendi a determinação da entidade instantaneamente e pude observar que a reunião, de fato, iria começar naquele momento.
A entidade colocou a destra em minha fronte e, à medida que a reunião prosseguia, eu comecei a ver situações que beiram o surreal e com um fator comum em todas elas: é que em determinadas situações aparecia um tipo de névoa preta na região acima da cabeça do médium que conversava com o Sr. Preto-velho que é o dirigente espiritual daquele terreiro. Assustado, olhei ao lado e perguntei a entidade que estava a me acompanhar que névoa enegrecida era aquela e sua resposta assustou-me ainda mais:
— Fofoca.
— Como?
— Fofoca companheiro, firme sua visão na névoa negra da médium que está a conversar neste instante com o dirigente espiritual da casa e você compreenderá o que digo.
Passei a fazer o que me foi determinado e, após alguns minutos, tudo se esclareceu: a névoa negra que estava um pouco acima da cabeça da médium que estava conversando com o Sr. preto-velho em questão começou a transmitir imagens como se fosse uma espécie de televisão de dez polegadas.
Nestas imagens eu via uma outra médium contando para esta em questão uma determinada situação inverídica a respeito de um médium daquela casa.
Assustei-me novamente com o que vi e perguntei a entidade que estava a acompanhar-me:
— Mas e o Sr. Preto-velho dirigente desta casa? Por acaso ele não sabe que estão lhe passando informações que são um monte de calúnias e fofocas, sejam elas propositais ou não?
— Acontece que os médiuns não estão contando só calunias para a entidade-chefe.
— O senhor está correto, mas a cada vez que a calúnia acontece esta névoa negra surge acima da cabeça deles, será que a entidade-chefe não pode ver as calúnias e fofocas que estão lhe contando?
— A maioria delas sim, mas muitas outras não.
— Mas porque não?
— Os motivos são variados e variáveis, mas eu posso lhe falar apenas dois entre estes. O primeiro motivo reside no fato de toda entidade espiritual ser uma parte de Deus e não o próprio Deus.
— Como assim?
— Somente Deus é onisciente e, portanto, somente Ele sabe de todas as coisas.
— Entendo o que o Sr quer dizer, mas qual é o segundo motivo?
— Uma grave enfermidade moral que o sacerdote deste templo possui e que, muitas vezes, embaça o seu bom-senso. Uma enfermidade filha do ódio conhecida como rancor.
— O sacerdote é rancoroso, é isso?
— Exatamente e extremamente!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
— Mas se a fofoca faz com que esta casa de caridade fique com um aspecto espiritual tão asqueroso como presenciei há dois dias e se o sacerdote dela, além de ter o extremo rancor como conselheiro, tem como fiéis “escudeiros” médiuns com a enfermidade moral da fofoca em estágio avançado isto só pode significar que esta casa de caridade está em vias de entrar em extinção, infelizmente eu estou certo?
— De forma alguma!!!
— Não?
— Não!!!
— Mas não foi o Sr. Quem disse que meia dúzia de cupins, com o tempo, podem acabar com uma casa feita totalmente de madeira?
— Isto eu realmente disse, acontece que este terreiro não é formado apenas por “médiuns-cupins”, aqui também existem “médiuns-formigas”.
— “Médiuns-formigas”?
— Sim. Aqueles médiuns simples, humildes que quase não são notados, médiuns pequeninos em vaidade e que procuram trabalhar em conjunto com vistas ao bem maior que é a caridade.
E eu, sensivelmente emocionado, respondi:
— Acho que entendo o que o senhor quer dizer.
— “Médiuns-formigas”, enfim, são aqueles que, como disse um mano meu em uma certa prece, “ estão na umbanda pela umbanda, na confiança pela razão, são também trabalhadores silenciosos cujas ferramentas chamam-se DOM e FÈ, e cujos ‘salários’ de cada noite são pagos com uma só moeda, que traduz o seu valor numa única palavra a INGRATIDÃO”.
— Estou entendendo.
— Enquanto aqui nesta casa de religião houver “médiuns-formigas” esta casa jamais cairá.
— Eu até entendo isto que o Sr. me diz, mas a enfermidade moral da fofoca está contaminando a muitos aqui neste terreiro, o Sr. não acha?
— Acho e é justamente por isso que você retornará aqui em espírito pela terceira e ultima vez daqui a três dias às dezesseis horas para participar da gira inaugural deste ano que acabou de começar, estamos entendidos?
— Sim senhor.
— Então vá na força e na luz de Tupã Todo-poderoso.
Três dias depois, em uma tarde ensolarada, lá estava eu naquela casa de caridade com a entidade amiga que me acompanhou nas duas visitações anteriores a esperar-me na porta de entrada do templo.
— É muito bom vê-lo tão disposto para desempenhar a tarefa de hoje!!!
Eu olhei um tanto receoso para ele e foi nisso que eu o ouvi dizer:
— Não precisa se preocupar companheiro, hoje você não verá gosma nojenta e nem telas mentais assustadoras.
— Não?
Perguntei eu num misto de alegria e alivio para ouvi-lo responder novamente com o esboço de um sorriso no rosto:
— Não. Sua tarefa nesta tarde também está ligada intrinsecamente com as das duas visitações anteriores e consiste em anotar textualmente, para depois deixar de amostra para seus irmãos de fé, a palestra que o Sr. Caboclo que chefia os trabalhos deste templo ministrará para todos os aqui presentes no dia de hoje.
— Sim senhor.
— Perpetue esta palestra de hoje porque ela sempre haverá de ser, na força de Tupã iluminado, um ótimo antídoto contra o veneno moral da fofoca.
— Sim senhor
— Ao término da palestra você despertará instantaneamente em cima de seu leito.
— Sim senhor.
— Que Tupã iluminado e sagrado sempre abençoe e ilumine o seu caminho!!!
— Que assim seja!!!
Foi só o que eu, intensamente agradecido, pude responder a entidade amiga antes de começar a registrar a palestra que o Sr Caboclo que chefia os trabalhos da casa estava prestes a iniciar:



“ Saravá a todos os filhos aqui presente no dia de hoje, que Tupã iluminado abençoe a presença de todos vocês nesta casa de caridade.
Este Caboclo sabe que o sol lá fora está forte, mas também sabe que O Todo Poderoso Tupã faz iluminar no coração de vocês um calor que é ainda mais forte que o do sol que é o calor da fé. Foi esta fé que trouxe vocês aqui e que esta fé possa fazê-los alcançar o que vieram buscar aqui, nesta casa de caridade, que é casa de vocês mesmos.
A palavra deste Caboclo hoje é muito curta e está relacionada com a fé de cada um.
Este Caboclo começa com uma pergunta: qual é a arma que traz mais malefícios à humanidade?”
Devo confessar que achei um tanto quanto chocante a pergunta do Sr. Caboclo, mas a assistência encarou de forma natural e a grande maioria até mesmo respondeu que era a bomba, o Sr. Caboclo,então, continuou a palestra:
“ A grande maioria de vocês respondeu que é a bomba e este Caboclo realmente fala que a bomba é uma grande ceifadora de vidas em massa. A natureza evolui, os conhecimentos de vocês evoluem e infelizmente o desejo do homem de fazer o mal parece que evolui da mesma forma por que se antes só existiam bombas atômicas hoje já existem as químicas e, pasmem, o homem brincando de Deus criou uma bomba que usa uma forma de vida para tirar outras milhões de vidas que é a bomba biológica, entretanto companheiros qualquer bomba é tão somente aquilo que já disse antes: uma grande ceifadora de vidas em massa, mas não é a arma que traz mais malefícios a humanidade porque esta arma de que falo é anterior a criação da primeira bomba e eu gostaria que vocês dissessem para mim qual é esta arma”.
Muitas pessoas na assistência deram respostas variadas, mas uma dentre elas chamou a atenção do Sr. Caboclo: o fogo. Foi ai que Ele retomou a palestra:
“ Companheiros, existem muitos alimentos que se não fossem o fogo vocês não poderiam ingerir tanto por que é ele que os amolece, quanto por que é ele que elimina formas de vida microscópicas nocivas a saúde do ser humano e só por isso que vos falo vocês já podem perceber que o fogo, em si, é um bem, uma das formas de manifestação da misericórdia de Deus que os homens tanto podem usar para fazer o bem ou fazer o mal, mas que, justamente por isto, não é a arma que traz mais malefícios a humanidade. Gostaria muito que vocês me ajudassem a descobrir qual é esta arma, entretanto devo informar que vocês só tem mais uma chance.”
A entidade palestrante esperou alguns instantes até que uma pequena maioria respondeu que são as armas de fogo, e foi a partir deste ponto que ele retomou a palestra:
“ Arma de fogo infelizmente não é a resposta correta, mas fará deduzi-los que resposta seria esta, por que este Caboclo deseja que vocês pensem nos fatores que podem fazer um ser humano apertar o gatilho de uma arma e antes que vocês comecem a imaginar que este Caboclo não está falando coisa com coisa, ele revela que a arma que traz mais malefícios ao ser humano é a própria língua dele.
O dedo do homem pode apertar o gatilho, mas só se a mente dele desejar e o que pode fazer com que a mente de um ser humano venha a querer tirar a vida de outro?
Este Caboclo fala que é a língua por que se um filho de uma raça cresce escutando falar que um outro, de outra raça, também é filho de Deus este, quando crescer, não terá motivos para tirar a vida daquele e vice-versa; se um filho cresce escutando que povos de outros paises são irmãos seus, então ele não terá motivos para querer tirar a vida de outro ser humano pelo fato dele pertencer a outro país; um homem pode ter extremo ódio de outro, mas se ele não tiver nenhuma maneira de comunicar isto a outros este ódio morre com ele, entretanto, se ele conseguir passar todo este ódio para pelo menos uma pessoa, então milhões de vidas poderão ser ceifadas como aconteceu de forma análoga no genocídio de judeus na segunda grande guerra.
A língua do homem pode ser uma arma tão terrível e perigosa que Nosso Senhor Jesus Cristo disse certa vez que o que mata o homem não é o que entra em sua boca, mas sim o que sai dela, ou seja, as palavras.
Podendo a língua de o homem ser tão maléfica por que Tupã iluminado o dotou com esta? Este Caboclo fala que foi para que o homem soubesse e aprendesse desde cedo que para tudo na vida ele tem escolhas e que estas ou levam-no para o melhor caminho, que é o da evolução junto a Tupã, ou para um outro caminho que possa atrasar sua evolução e é assim que os filhos na terra ou vão aprendendo a usar a língua para congratular-se com seus irmãos ou para ofendê-los com impropérios.
Queridos companheiros a mente humana pode criar as mais perfeitas maldades, mas só a sua língua pode coletivizá-la e o que vocês que estão tanto na frente deste Caboclo, aí na assistência, quanto os cavalinhos que estão aqui com ele estão coletivizando com seus filhos, seus irmãos, seus pais, seus parentes, seus vizinhos, seus colegas de escola, seus colegas de trabalho, seus parceiros em atividades coletivas de lazer, sua cidade, seu pais, seu mundo???
Sei que nenhum espírito humano é perfeito, a começar por este Caboclo que vos fala, mas este Caboclo espera em Tupã Nosso Pai que vocês só estejam coletivizando o amor, a fé, a justiça Divina, a lei de caridade, o conhecimento do bem, a vida e o desejo de evolução junto a Tupã iluminado, por que da mesma forma que é fácil iniciar um incêndio e difícil extingui-lo, também é bastante fácil criar uma maledicência e espalhar uma fofoca e é extremamente difícil, em uma só encarnação, apagar os efeitos nefastos que estes verdadeiros incêndios verbais causam na vida das pessoas que foram caluniadas e ofendidas.
Reflitam sobre isto companheiros e que Tupã Iluminado abençoe a todos vocês.”